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MOTIVOS PARA ODIAR OS FILMES DOS TRANSFORMERS

  • Writer: Luís Henrique Franco
    Luís Henrique Franco
  • Jul 20, 2017
  • 11 min read


Nessa semana que chega agora, o diretor americano Michael Bay traz para o público o quinto filme de sua ambiciosa franquia. Transformers: O Último Cavaleiro irá continuar a história iniciada em A Era da Extinção e promete trazer mais explosões, mais ação e mais robôs alienígenas capazes de se transformar em veículos ou aparelhos mecânicos. Para os fãs de filmes de ação, é uma promessa alucinante que os fará ir ao cinema para ver toda a pancadaria pela qual Optimus Prime e sua turma ficaram famosos. Mas para muitas pessoas, o anúncio do novo filme é uma notícia triste que as faz desabafarem: “de novo isso? Já não está bom?”

Essa reação por parte das pessoas é compreensível. Embora tenha feito sucesso com seus primeiros filmes, que permitiram que as novas continuações acontecessem, a saga dos Transformers é extremamente irritante para muitas pessoas. São alguns detalhes que se perpetuam em todos os filmes, algumas características da produção, da trama e dos personagens que a maioria do público já não consegue lidar mais. É até natural que franquias longas cheguem a esse ponto, pelo fato de sempre manterem as mesmas fórmulas ao longo de todos os seus filmes. Com isso em mente, reunimos alguns dos principais fatores que, ao longo dos anos, desgastaram a franquia dos Transformers e contribuíram para que as pessoas perdessem a paciência com os filmes dos Autobots.

ENREDO E ROTEIRO

Vamos começar com algo um pouco mais geral. Na véspera da estréia do quinto filme, as pessoas não estão exatamente à vontade de ir ao cinema para assistir à mesma história pela quinta vez. É irritante saber que, por quatro filmes consecutivos, tudo o que vimos foi a mesma história com versões diferentes e algumas pequenas alterações muito pífias para serem realmente algo chamativo.

Geralmente, A trama de todos os filmes é assim: temos o protagonista humano vivendo uma vida normal e arcando com os problemas de seu cotidiano; o protagonista, então, entra em contato com um Transformer (geralmente um Autobot, e geralmente o Optimus), que lhe informa sobre um conflito com os Decepticons pela posse de algum artefato; esse artefato é parte importante da história dos Transformers e, de alguma forma, encontra-se sob a proteção ou o conhecimento do governo ou de alguma civilização humana; ao mesmo tempo, temos os soldados e o Serviço de Defesa lutando contra uma ameaça que eles não conseguem entender direito, levando a uma enorme perda de vidas; daí, pelo contato com os Autobots, a vida do protagonista acaba mudando completamente e ele se encontra em meio a um conflito do qual ele não faz parte mas do qual ele não consegue sair; no final, eles conseguem usar o poder do dito artefato contra os Decepticons ou conseguem impedir a liberação do seu poder, salvando o dia. Acrescente a esse meio umas cenas de conflitos bem longas e umas piadas, e temos a receita de quatro filmes de uma franquia.


O Allspark foi o primeiro de muitos artefatos que os transformers procuraram

O problema disso é que os filmes não conseguem se sustentar pelo enredo, principalmente porque nunca há nada de novo nele. Sendo assim, é necessário apelar para mais explosões, mais efeitos, mais batalhas, tornando as produções cada vez mais superficiais e sem algo realmente chamativo.

EM TODO FILME, A MESMA PIADA

Essa é outra coisa que irrita muito quem vai assistir um filme dos Transformers. Você assiste ao primeiro, você ri das piadas, apesar de muitas delas já serem parte de uma fórmula utilizada na grande maioria dos filmes para alívio cômico, mas você ri. No segundo filme, eles repetem a mesma fórmula de piada, e você ainda solta uns risos. Mas quando eles voltam com o mesmo humor para o terceiro filme, você já não ri, pelo menos não naturalmente.

Para citar alguns exemplos, nos primeiros filmes sempre havia alguma piada com os cachorros (o chihuahua era viciado em analgésico) ou algum comentário dos pais de Sam Whitwicky que o deixavam embaraçado, ou algum comentário sexual dos robôs pequenos sobre a personagem Mikaela.


Essa questão encontra-se um pouco conectada com o problema de enredo. Nada muda, nem mesmo aquilo que deveria ser engraçado, e as pessoas se pegam vendo a mesma coisa a todo momento. Isso leva o diretor e os atores a forçarem ainda mais as situações que deveriam ser engraçadas para que elas fiquem exageradas ao extremo no intuito de provocar o riso. Esse exagero tira toda a naturalidade da cena, e o público percebe isso, até que se chega ao ponto em que o que era para ser divertido torna-se entediante ou forçado a ponto de ser enfurecedor.

VAMOS FALAR SOBRE A AÇÃO

Não estou dizendo que as cenas de ação, as perseguições de carro e as batalhas não são legais. Muito pelo contrário, são elas que geralmente sustentam os filmes dessa franquia, porque é isso que o público que vai assistir ao filme quer ver: carros em alta velocidade, pancadaria, tiros, e robôs se despedaçando com espadas ou armas que mais parecem canhões.

Na ação que é mostrada em si, não há nenhum problema.na verdade, ela é a ação esperada para um filme desses. O problema está na maneira como Michael Bay tenta nos mostrar a ação. As cenas de luta e de perseguições são cheias de cortes muito rápidos, câmeras tremendo e uma correria que não permite ao espectador acompanhar o que está acontecendo e o deixam perdido em meio a explosões constantes e à contínua movimentos dos personagens.

Chega-se a um ponto em que quase não se sabe mais quem está batendo em quem, quem está vencendo, quem morreu. Tudo o que se vê é o fogo, as explosões e um monte de metal se chocando e provocando ainda mais explosões. Apesar de alucinante, entramos novamente na questão do uso excessivo. Coloque toda essa ação em todos os filmes, e as pessoas se cansam justamente por não conseguirem entender o que está acontecendo.

Tomemos como exemplo o último filme lançado, A Era da Extinção. Esse é um filme de quase três horas de duração, das quais quase metade pode ser resumida em conflitos onde prédios, carros e robôs estão explodindo a todo momento. É tanta adrenalina e tantas explosões exageradas que quem assiste chega a se perder em muitos momentos, perguntando-se o que os personagens estão fazendo ali, de onde surgiu tal personagem, como eles conseguiram fazer tal coisa? Chega um ponto em que você simplesmente desiste, entra em um estado de completa observação passiva e se pergunta se vale a pena ir até o final do filme.


EXPLOSÕES DEMAIS

Esse já é um ponto clássico, que inclusive transformou Michael Bay em um meme da internet. O ponto é que todos os seus filmes são caracterizados por uma quantidade gigantesca de explosões a todo o momento.


Sim, é um filme sobre uma guerra alienígena entre robôs que viram carros. Tudo bem. Mas isso não significa que o cenário deve explodir toda vez que um Autobot esbarrar em um carro. O diretor força demais os efeitos e acaba produzindo mais explosões do que o necessário. Tudo é destruído, não importa o real tamanho da batalha.

Mas sendo um filme de ação, qual o problema com muitas explosões? Cansaço visual e auditivo. Não dá para gostar de um filme que força sua vista com clarões repentinos e faíscas a todo o momento e que se baseia basicamente em gritos, sons de impacto pesado e canhões atirando. Além disso, o fato de que o cenário sempre explode e que as destruições são sempre gigantescas provoca um outro efeito que desagrada ao público:

NENHUM DOS PROTAGONISTAS MORREM

Ao longo dos quatro filmes, dá para se contar nos dedos o número de personagens principais que morrem e permanecem mortos. Certo, eles são os principais e aqueles que conduzem o enredo, mas isso não significa que nenhum deles pode morrer, principalmente em face das condições às quais eles são submetidos. E isso vale tanto para os robôs quanto para os humanos.

Considere o seguinte: temos um grupo de soldados no primeiro filme que é atacado três vezes pelos Decepticons e só dois deles morrem. Em O Lado Oculto da Lua, o personagem de John Turturro é arremessado com tudo por um Decepticon e acaba em uma cadeira de rodas, mas vivo. O próprio Sam é lançado de um lado para o outro feito uma bola de vôlei e sempre acaba apenas com alguns ferimentos leves. Pode-se até tentar argumentar que tanto ele quanto Optimus Prime foram “mortos” em A Vingança dos Derrotados, mas nenhum deles permaneceu assim muito tempo e ressuscitaram ao final do filme.

E por falar em Optimus, esse é o campeão em escapar da morte milagrosamente. Mesmo com tiros diretos no peito, cortes de espada e mísseis contra ele, o líder dos Autobots se mantém de pé. Ele teve seu braço cortado em O Lado Oculto da Lua e conseguiu se manter lutando. Em A Era da Extinção, o robô Lockdown enfia uma espada no peito dele, e mesmo assim ele se levanta.


O problema se agrava justamente pelo fato de a ação e o número de explosões só aumentarem com o passar dos filmes. Isso significa que temos muitas situações de risco extremo a mais, mas que não significam muita coisa para os personagens, que dificilmente irão morrer por causa delas. Outro bom exemplo é a cena do prédio em O Lado Oculto da Lua: Presos em um prédio caindo, Sam e uma equipe de soldados são constantemente atacados por Decepticons em um ambiente fechado e têm de enfrentar o piso muito íngreme que os faz cair do prédio. Mas mesmo com tudo isso, a equipe perde apenas um soldado.

PERSONAGENS NÃO EVOLUEM

Existem vários problemas com os personagens de Transformers. O principal deles é que eles começam e terminam o filme exatamente da mesma maneira, ou então com pouquíssimas mudanças. E não é só isso. Eles também permanecem os mesmos ao longo de mais de um filme e não apresentam nenhuma mudança comportamental relevante, mesmo após tudo o que eles passaram durante a trama toda.

O exemplo mais claro dessa questão é certamente o protagonista dos três primeiros filmes, Sam Witwicky. No começo, ele é apresentado como um adolescente normal com problemas na escola e sonhos de consumo, principalmente no que diz respeito a ganhar o seu primeiro carro. Um pouco irritante, Sam apresenta um comportamento típico de jovens e adolescentes em geral, arrogante e imprudente. Isso é até esperado dele no começo, mas quando se aproxima do final do primeiro filme e o personagem parece não ter mudado muito de atitude, começamos a desenvolver uma certa irritação contra ele. Quando ele retorna no segundo filme sendo, basicamente, a mesma pessoa do primeiro, começamos realmente a odiá-lo, pois parece para nós que as experiências que ele teve com os Autobots não exerceram nenhuma influência na maneira dele de ver o mundo. Ele continua arrogante, teimoso e imprudente, com a exceção de agora pensar que é alguém especial.


Mesmo além do exemplo de Sam, isso é algo que acontece com todos os personagens no filme. Temos um primeiro contato com eles e, após um filme inteiro, de vez em quando até vemos algumas mudanças, mas esses personagens geralmente retornam sendo os mesmos, como se nada tivesse acontecido. Eles não amadurecem, não se desenvolvem a partir das experiências.

Para comparar com outra franquia de sucesso, podemos tomar o exemplo do que acontecem com os personagens em Harry Potter, que a cada ano amadurecem um pouco mais, tornam-se mais adultos e passam a ver os desafios à frente com outros olhos, em Transformers, muito ao contrário, o Sam Witwicky com problemas escolares no primeiro filme continua o mesmo garoto mimado que está procurando emprego no terceiro filme.

PERSONAGENS ESTEREOTIPADOS, PRECONCEITO E MACHISMO

O problema das personagens piora quando percebemos que boa parte deles segue um padrão pré-estabelecido e atendem a velhos estereótipos da sociedade.

Alguns exemplos claros: todos os soldados são bons e disciplinados, conhecedores de todas as armas e homens que “não costumam perder”; Sam é o perfeito adolescente/jovem que tem vergonha de morar com os pais e quer apenas se dar bem com as meninas, ter um carro, ter um emprego fácil e ser reconhecido; Os pais dele são um homem muito pão-duro e uma mulher extremamente sentimental que tem uma obsessão para que tudo seja perfeito e bem organizado e ambos acreditam muito no governo e em tudo que eles dizem; o personagem de Stanley Tucci no quarto filme é um empresário ganancioso que só pensa em obter dinheiro e sucesso (até perceber o mal que está fazendo e se tornar do bem).

O maior problema com estereótipos é o preconceito gerado, pois eles reforçam a ideia de que todas as pessoas com determinadas características são daquela maneira. Um bom exemplo é a tendência dos filmes de transmitir a ideia de que todos os personagens negros são instáveis e estão à beira de um ataque de nervos por qualquer coisa e só conseguem se comunicar através de gritos histéricos, ou ainda a ideia transmitida no primeiro filme, quando o Capitão Lennox tenta fazer uma ligação e acaba preso falando com um indiano entediado que trabalha na agência telefônica e é muito devagar ao falar com o capitão.


O pior de tudo é que, como os personagens não evoluem, eles permanecem presos a esses estereótipos e reforçam ainda mais o preconceito por eles gerado, dando a ideia de que essas pessoas não podem mudar aquilo que elas são.

E já que estamos falando de estereótipos nos filmes dos Transformers, nenhum deles é pior do que o estereótipo construído para as mulheres do filme. Desde a primeira aparição de Mikaela, interpretada por Megan Fox, Michael Bay constrói ao redor dela a ideia de uma garota sensual, desejada por todos os homens, com um lado perigoso que a faz apenas ser mais desejada. Depois dessa construção, ela se torna apenas uma acompanhante de Sam e não ganha mais nenhuma importância dentro da trama além de acompanha-lo e ser o desejo dele que é conquistado no final. A mesma coisa acontece no segundo filme, e daí o diretor mostra o quão sem importância para a trama ela é ao substituí-la no terceiro filme por outra mulher, interpretada por Rosie Huntington-Whiteley, que basicamente faz a mesma coisa que ela, com exceção de que com ela é acrescentado o fator “dama que precisa de um resgate”, reforçando ainda mais a ideia de que a companheira é apenas um objeto, um troféu a ser conquistado por Sam. E o pior é que Michael Bay empurra essas ideias machistas para todas as personagens femininas dos seus filmes, reforçando um pensamento que já não é verdadeiro e não pode mais ser empregado já há muito tempo.


OS TRANSFORMERS, NO GERAL, SÃO BEM SECUNDÁRIOS

Esse um ponto que desagrada principalmente aos fãs mais antigos dos Transformers, aqueles que assistiam às animações originais e estavam acostumados a ver Optimus e sua equipe tomarem a dianteira no enredo de suas histórias. Nos filmes, ao contrário, a maioria dos robôs é bem secundária para a trama, e a ação gira mais em torno dos personagens humanos.

Não estou dizendo que não há robôs importantes na história, mas estes se resumem, geralmente, a Optimus, Bumblebee e Megatron. Os outros são personagens completamente descartáveis que estão no filme porque o diretor disse “precisamos ter mais robôs”. Podemos até dizer que outros, como Stascream e Ironhide até têm sua importância, mas a grande maioria deles surge em um filme e desaparece no seguinte sem nenhum desenvolvimento ou importância. Geralmente, eles têm o nome dito uma vez no filme, fazem alguma coisa para mostrar suas habilidades, e depois somem.

E mesmo aqueles mais importantes acabam tendo um papel secundário na trama. Ironhide, que até teve uma participação maior no primeiro filme, torna-se apenas mais um robô lutando nos filmes seguintes, e sua morte em O Lado Oculto da Lua é bem menos chocante e trágica do que devia ser.

Isso irrita os fãs, que desejavam ver, talvez, um pouco mais dos Transformers, mas tiveram que se contentar apenas com Optimus e Megatron liderando seus respectivos lados na batalha e enfrentando um ao outro, e Bumblebee sendo o guardião dos humanos e servindo também como uma espécie de alívio cômico.

Apenas para dar um exemplo: o Autobot da imagem abaixo chama-se Dino. Ele foi introduzido no terceiro filme, onde fez uma pequena aparição no começo da trama e depois foi reduzido a mais um robô nas lutas, nem sequer aparecendo no quarto filme


Esses são alguns dos motivos porque a saga dos Transformers passou a ser tão odiada por tanta gente. Talvez o maior motivo, porém, seja justamente a sua duração. É interessante que certos filmes tenham algumas sequências, mas quando se atinge o ápice de se fazer uma quinta produção sobre o mesmo tema, toda a graça dos primeiros filmes se perde e tudo não passa mais de uma questão comercial. Esperamos que O Último Cavaleiro consiga recuperar um pouco dessa graça e da diversão que havia na época do primeiro filme.

Existe mais algum motivo que fez vocês se sentirem incomodados com os filmes dos Transformers? Pode desabafar aqui! Discorda de algum dos pontos acima ou gostaria de ressaltar um ponto positivo? deixe sua opinião também!

 

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