TODOS QUEREM FICAR VIVOS: A IMPORTÂNCIA DA IMERSÃO EM JUMANJI
- Ulisses MRF
- Jan 4, 2018
- 4 min read
Updated: May 23, 2019

Em 1995 era lançado nos Estados Unidos um filme que se tornou um clássico do programa brasileiro “Sessão da Tarde”: JUMANJI! Um filme de aventura infanto-juvenil que tem povoado a imaginação das crianças desde os anos 1990. Dirigido por Joe Johnston (Querida, Encolhi as Crianças; Capitão América: O Primeiro Vingador e Jurassic Park III) o filme conta com o eterno Robin Williams e com a jovem Kirsten Dunst como destaques do elenco. A trama se desenrola ao redor do jogo de tabuleiro com a temática de uma floresta africana, JUMANJI, que é encontrado pelo jovem Alan Parrish, filho de um empresário de New Hampshire. Alan inicia o jogo com sua amiga Sarah (Bonnie Hunt) em 1969, porém o garoto acaba desaparecido e a menina é tida como louca pouco depois. Em 1995, Judy e Peter Shepherd (Kirsten Dunst e Bradley Pierce) encontram o tabuleiro do jogo e decidem começar a jogar. É então que eles conhecem as maravilhas e terrores que o jogo mágico pode proporcionar.
O jogo tem como regra principal a necessidade de começá-lo e terminá-lo, ou MORRER TENTANDO! A cada partida, desafios mágicos são trazidos à realidade pelo jogo e os jogadores devem enfrentá-los sem medo ou trapaças. Todos esses desafios são relacionados com a temática das exóticas florestas tropicais: são plantas venenosas, mosquitos gigantes, manadas de animais, enchentes de rios, hordas de macacos bagunceiros, leões e caçadores enlouquecidos! Quando algum dos jogadores chega ao fim do tabuleiro todos os desafios mágicos desaparecem e tudo volta ao normal.
Baseado no livro infantil de Chris Van Allsburg, o filme ficou muito famoso por sua temática e pela utilização de efeitos especiais computadorizados. Porém o que mais chama a atenção hoje é como ele trata de um assunto muito caro à indústria do entretenimento atual: a imersão.

Em tempos em que a realidade aumentada e a realidade virtual são discutidas em larga escala, ou mesmo em que os celulares e a internet se apresentam como distrações frente a livros e filmes, JUMANJI demonstra em sua história como a imersão é importante para fazer a mágica do entretenimento acontecer.
Para sobreviver ao JUMANJI, os jogadores devem estar atentos às mensagens cifradas que o jogo emite e saber como escapar e sobreviver aos desafios que são transportados da África para o conforto de seus lares. Dessa forma a imersão no jogo se realiza de maneira contrária ao que ocorre normalmente, é o jogo que entra na realidade das pessoas fazendo com que aconteça com grande emoção e proporcionando grandes aprendizados. Qualquer distração ou acontecimento que acabe por interromper a sequência normal do jogo pode ser fatal para os jogadores.
É o que ocorre com Alan Parrish no filme de 1995: o garoto acaba sendo sugado pelo jogo ao cair na casa “Espere na floresta até algum jogador tirar 5 ou 8 nos dados”, porém sua amiga Sarah fica desesperada e acaba abandonando o jogo sem fazer qualquer tentativa com os dados. O menino cresce sozinho na floresta e só retorna quando Peter, 26 anos depois, consegue tirar um 5. Apelando então para a terrível ideia de crescer sozinho em uma floresta, o filme nos mostra o valor da imersão total aos jogos e filmes que assistimos.
Hoje em dia, com a realidade virtual, a imersão tem ocorrido de maneira contrária, são os jogadores que entram no jogo deixando seu mundo e sua casa de lado. E esse tem sido um dos muitos objetivos dos produtores desse tipo de entretenimento, com gráficos cada vez mais realistas, músicas aconchegantes e instigantes, interações diversas que prolongam a experiência, oportunidades de fazer modificações nas dinâmicas e explorar possibilidades de ações e finais diferentes. Tudo isso para fazer com que os consumidores desse tipo de material possam experimentar novas aventuras cada vez mais marcantes entre os diversos jogos que eles têm disponíveis.
Essa ideia fica bem aparente no subtítulo do jogo JUMANJI: “Uma aventura para aqueles que procuram deixar seu mundo para trás”. O que reforça, infelizmente, a ideia preconceituosa de muitas pessoas de que jogadores assíduos fazem isso por terem problemas em suas vidas e buscarem refúgio nesse tipo de entretenimento, quando na verdade os jogos proporcionam aprendizado com situações e processos lógicos que podem ser muito úteis na vida real. Solucionar quebras-cabeças, identificar sequências e mesmo perceber o desenvolvimento psicológico dos personagens a partir de suas escolhas, são alguns dos exemplos do que os jogos podem permitir quando a imersão acontece de maneira bem sucedida. Nos jogos cada ação e escolha resulta em determinado acontecimento para os jogadores e é preciso que eles estejam atentos a esse fato, assim como acontece com as responsabilidades da vida real.
Imagine encontrar um jogo em que você é transportado para uma realidade tão parecida com o mundo real que existe mesmo a possibilidade de morrer lá dentro! Essa é uma das propostas do novo filme: JUMANJI - Bem-vindo à Selva, de 2017, dirigido por Jake Kasdan. Mantendo a temática do primeiro filme, agora são os jogadores que entram no jogo, atualizado na forma de um vídeo-game. Eles se deparam com desafios que os fazem aprender sobre suas personalidades, sobre seus medos e desejos, coisas que os jogos, de maneira geral, fazem mais facilmente, afinal… sempre é possível começar o jogo novamente.
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