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OS MONSTROS DE GUILLERMO DEL TORO

  • Writer: Luís Henrique Franco
    Luís Henrique Franco
  • Feb 3, 2018
  • 13 min read

Updated: May 7, 2019


Monstros são parte do folclore de todas as nações. Toda lenda possui uma criatura mágica não-humana que ou auxilia ou é a inimiga do grande herói. Povoando nossa imaginação desde os tempos imemoriais, os monstros possuem diferentes formas: podem ser seres mágicos, com aspectos de animal, vagantes de outra dimensão, enviados do céu ou do inferno, alienígenas de galáxias distantes ou mesmo, dependendo da lenda, deuses.

Como uma indústria especializada em contar histórias e que não tem medo de ingressar nas entranhas do sobrenatural, do impossível e do fantástico, o cinema tem explorado os monstros desde seus primórdios, criando contos e novas histórias onde essas criaturas sobre-humanas são os heróis, causam medo, nos levam à admiração ou ao repúdio, nos chocam com suas habilidades ou simplesmente nos fazem imaginar algo novo. E dentro desse universo fantástico do cinema, Guillermo Del Toro é um dos principais diretores que, como ele mesmo afirma, “sempre foi leal aos monstros”.


Nascido em Guadalajara Jalisco, no México, em 3 de outubro de 1964, Del Toro desenvolveu um interesse por filmes e direção em sua adolescência. Tendo aprendido sobre maquiagem e efeitos especiais com Dick Smith, que esteve por trás dos efeitos do clássico O Exorcista (1973), o diretor mexicano começou a trabalhar em seus próprios curtas e em programas de televisão mexicanos, além de ter se engajado por quase 10 anos como supervisor de maquiagem, tendo fundado sua própria companhia no início dos anos 80.

Em 1986, produziu seu primeiro filme, Dona Herlinda and Her Son. Mas foi só em 1993 que ele fez sua grande entrada no mundo do cinema com seu filme Cronos, que ganhou nove prêmios no México e depois venceu, em Cannes, o prêmio da International Critics Week. Essa estreia chamou a atenção de Hollywood, e Del Toro logo foi chamado para produzir seu primeiro filme nos Estados Unidos, Mutação. A experiência do diretor com um estúdio hollywoodiano, porém, não foi muito boa, e o filme acabou não alcançando o prestígio de seu antecessor. Por causa disso, del Toro retornou ao México e para sua própria produtora, a Tequila Gang.

Em 2001, veio A Espinha do Diabo, uma história de fantasmas que se passa durante a Guerra Civil Espanhola e que segue a vida de um garoto de 12 anos cujo pai é morto na guerra, o que o faz ser levado a um orfanato assombrado por segredos sombrios. O filme foi extremamente bem-recebido por críticos e audiência, o que levou ao retorno do diretor a Hollywood para filmar a sequência Blade II – O Caçador de Vampiros, com Wesley Snipes no papel principal. Depois desse, del Toro produziu uma segunda adaptação de histórias em quadrinhos em Hellboy, que foi muito bem recebido pela crítica.

Depois de sua passagem pelas histórias em quadrinhos, del Toro produziu uma outra fábula de monstros em O Labirinto do Fauno, que conta as aventuras de uma menina em um mundo fantástico enquanto sua família é forçada a viver em uma base militar durante a Guerra Civil Espanhola. O filme foi um grande sucesso e ganhou os Oscars de Melhor Maquiagem, Melhor Fotografia e Melhor Design de Arte.

Depois de O Labirinto do Fauno, del Toro voltou para as adaptações, produzindo Hellboy II – O Exército Dourado e Círculo de Fogo em anos mais recentes. Ele também auxiliou no roteiro para a trilogia O Hobbit, de Peter Jackson, e foi o criador da série The Strain, lançada em 2014. Em anos mais recentes, del Toro produziu o filme de terror A Colina Escarlate e o seu novo filme, A Forma da Água, pelo qual ganhou o Globo de Ouro de Melhor Diretor.

Um devoto dos monstros, del Toro sempre procurou explorar o fantástico em seus filmes, trazendo para o cinema criaturas assustadoras e surpreendentes, adicionando o suspense a suas obras que tornam seus seres místicos e ainda mais surpreendentes. Confira agora algumas das principais criaturas trazidas à vida pelos roteiros, direção e mente imaginativa do diretor mexicano.


O FAUNO


A estrela de O Labirinto do Fauno é um ser muito velho em nosso mundo, que habita o centro de um labirinto mágico. Encontrado pela jovem Ofelia (Ivana Baquero), uma amante de livros que é forçada a se mudar com sua mãe para a base de seu padrasto (Sergi López), um sádico general do exército, a criatura se convence de que ela é a princesa de um reino antigo, há muito tempo perdida, e a convence a passar por um conjunto de testes para provar sua ascendência real.


Com um aspecto estranho e desconcertante, a criatura, trazida à vida pela atuação de Doug Jones, parece ter plantas e musgos presos à sua pele. Seus chifres curvados são um aspecto mitológico da criatura, e seus constantes tremores, aparentemente sem motivos, são algo que causa uma enorme quantidade de arrepios. Conhecedor do mundo das fadas, o fauno guia Ofelia em suas provas, dizendo tudo o que ela deve fazer e alertando para possíveis perigos e ações que a menina não deve tomar.

Na mitologia grega, o Fauno, ou Pã, era um deus dos bosques, que vivia uma gruta e passava o dia caminhando por entre as árvores e dançando com as ninfas, e era extremamente temido por quem precisava cruzar o bosque à noite, pois as almas desses se enchiam de terrores e medos da escuridão que eram atribuídos a essa criatura. No filme, o ser também é uma criatura assustadora, que só aparece para a garota à noite e não é visto por mais ninguém, um pouco sarcástico e brincalhão, mas acima de tudo um guia místico para a pequena Ofelia em sua busca por sair de sua realidade cruel.


O ENVIADO DO INFERNO

Criado para os quadrinhos por Mike Mignola, o Hellboy é um ser gigantesco e diabólico vindo das profundezas do inferno e descoberto pelo Professor Broom e por soldados Aliados durante um ataque a uma base científica nazista. Criado pelo professor, Hellboy passa a integrar o BPRD (Bureau de Pesquisa e Defesa Paranormal) e é treinado para atuar como um combatente das trevas, enfrentando demônios, vampiros, lobisomens e outras criaturas ao lado de sua equipe.


Sarcástico, fanfarrão e agressivo, Hellboy carrega consigo o peso de ser, ele próprio, a chave para o Apocalipse e aquele que causaria a destruição do mundo que ele aprendeu a amar. Essa parte do seu destino é constantemente trazida e lembrada pelo inimigo do personagem, o imortal Rasputin, que o atormenta constantemente com seu futuro. O presságio do apocalipse também é mostrado pela manopla que o personagem tem acoplada à sua mão direita. Bem mais grossa que a esquerda, ela é praticamente invulnerável e garante ao personagem sua força descomunal. Seu maior propósito, porém, é poder libertar o Ogdru Jahad, os Sete Deuses do Caos, e causar o apocalipse na Terra.

Del Toro foi o responsável por trazer Hellboy à vida no cinema, sendo interpretado pelo ator Ron Perlman, que deu ao personagem seu ar sarcástico e arrogante e conferiu os toques certos de humor negro à trama. A maquiagem marcante do personagem, com a pele toda avermelhada e os chifres de demônio serrados, a cauda demoníaca e a barba preenchendo todo o queixo e o maxilar criaram um personagem marcante. O Hellboy de Perlman é certamente a criatura mais marcante do filme de Del Toro, e uma das mais memoráveis de sua carreira.

OS KAIJUS


Na mitologia japonesa, a palavra Kaiju significa uma “besta estranha”, um “monstro incomum”. Nos filmes do cinema japonês, eles são os monstros principais, seres gigantescos que provocam destruição irrefreável por onde passam, sendo alguns muito famosos como o Godzilla e o Rei Ghidorah. Hollywood percebeu o sucesso desse tipo de filme, e logo as gigantescas criaturas começaram a migrar para os Estados Unidos e causar destruição em massa em suas grandes cidades. Para Guillermo Del Toro, eles são os principais vilões do seu filme de suspense e ação Círculo de Fogo.

A trama se passa em 2020, quando a humanidade entra em guerra com os ditos monstros, muito maiores e mais destrutivos do que as pessoas. Para poder superar a enorme vantagem de seus adversários, os humanos criaram seus próprios monstros: robôs gigantescos e extremamente bem armados, projetados para caçar essas criaturas e mata-las de uma vez por todas. Mas essas criaturas não são fáceis de se matar e apresentam um poder imenso, o que torna os conflitos entre máquinas e monstros uma sequência de destruição total de tudo que se encontra no caminho deles, sendo os robôs muitas vezes os causadores de mais destruição do que os monstros.

Com as lendas para alimentar suas criaturas e os inúmeros filmes anteriores como inspiração, o diretor levou ao seu filme uma série de medonhas criaturas gigantes, os efeitos transformando os seres da lenda em pavorosas ameaças e tornando-os adversários formidáveis nas sequências de luta. Como qualquer filme desse tipo, a devastação é alarmante, mas é também um ponto interessante do filme o fato de que os robôs dos humanos, também muito bem desenhados de forma a lembrarem clássicos robôs, como o Megazord e o Ultraman, causam tanta destruição quanto os monstros que eles querem derrotar, levando ao questionamento do quão benéfico esse duelo de gigantes acaba sendo para a humanidade, mesmo quando ela é a vitoriosa.


O FANTASMA


Em seu primeiro grande filme, A Espinha do Diabo, Guillermo Del Toro explora uma abordagem mais conhecida dentro do universo do sobrenatural, ao nos apresentar um fantasma que assombra um antigo orfanato e entra em contato apenas com o novo residente do local. Uma história de assombração clássica e que explora o conceito básico de local antigo e mal-assombrado.

Na trama, Carlos, um garoto de dez anos e filho de um herói republicano da Guerra Civil Espanhola, é enviado para um orfanato de meninos, onde ele passa a viver situações terríveis, principalmente pelo contato com o terrível cuidador Jacinto, que reage muito violentamente sempre que alguém se aproxima de um quarto em particular. Depois de um tempo, Carlos conhece Santi, o fantasma de um garoto que costumava viver no lugar e que passa a atormentar Carlos, assombrando suas noites e exigindo que o garoto vingue a sua morte, além de lançar maldições dizendo que muitos dos ocupantes iriam morrer, colocando todos lá dentro em completo terror, como se a situação da guerra já não fosse pavor o suficiente.


Com um visual pálido, olhos brancos e a pele rachada como um pedaço de cerâmica, Santi possui um bom visual para um fantasma da época em que o filme foi produzido. Seu aspecto é macabro e condiz com o visual de uma assombração, sendo a própria ideia de uma criança fantasma algo que já nos coloca em estado de completo choque e medo. O primeiro monstro marcante de Del Toro, Santi concede ao A Espinha do Diabo o toque necessário de terror pra seu conto de fantasmas.

OS VAMPIROS E O CAÇADOR


O personagem Blade, cujo alter-ego é Eric Brooks, é um dos personagens mais sombrios da Marvel, cuja mãe, Vanessa Brooks, teve seu sangue sugado por um vampiro enquanto o carregava na barriga. Por causa disso, quando nasceu, Blade recebeu dons especiais em seu DNA, como a superforça e a agilidade de um vampiro, com a diferença de que ele pode caminhar à luz do dia. Tendo todas essas habilidades e não possuindo a fraqueza dos vampiros ao Sol, Blade é treinado e se torna um Caçador de Vampiros.

O primeiro filme do que se tornaria uma trilogia do personagem foi dirigido por Stephen Norrington e introduziu o ator Wesley Snipes no papel do caçador. Del Toro entraria apenas no segundo filme, onde Blade é contratado pela própria sociedade dos vampiros para caçar uma nova espécie dentro da raça: um tipo de vampiro que se alimenta do sangue de outros vampiros. Essa aliança, é claro, apresenta interesses mútuos, visto que a população dessas abominações continua a crescer, e logo não haverá presas capazes de escapar deles, sejam humanos ou vampiros.


O segundo filme fez muito mais sucesso que seu antecessor, apresentando sequências de ação muito melhores que a anterior. Mas o que Del Toro realmente traz de surpreendente a esse filme é o visual dos novos vampiros, com suas mandíbulas extremamente estendidas, seus rostos pálidos e olhos avermelhados e brancos. A boca ensanguentada é outra marca desses monstros, levando muito mais terror ao visual do filme e introduzindo um novo capítulo à franquia do legendário caçador de vampiros da Marvel.

O HOMEM PÁLIDO


Entre todas as criaturas dos filmes de Del Toro, poucas são tão assustadoras e tenebrosas quanto o Homem Pálido, uma entidade mística presente no filme O Labirinto do Fauno que foi motivo de inúmeros pesadelos de seus telespectadores. Embora o Fauno também seja um tanto quanto assustador, isso se dá pela sua estranheza, e à medida que nos acostumamos à sua figura, menos o sinistro ele nos parece. O Homem Pálido, entretanto, possui uma figura que é assustadora da sua primeira aparição até o seu último segundo em tela.

Em sua segunda tarefa fornecida pelo Fauno, Ofelia é levada a uma sala antiga e estranha, onde uma mesa repleta de comida se encontra. Na cabeceira, está um estranho ser de pele branca e enrugada, aparentemente sem olhos, sentado imóvel com as mãos na mesa. Apenas essa imagem já seria suficiente para provocar os maiores arrepios na espinha de qualquer pessoa. A missão de Ofelia é trazer a chave de volta ao Fauno sem tocar em nenhum dos alimentos da mesa, mas ela, obviamente, desobedece e come duas uvas (nada demais, em comparação com o banquete que estava servido). No momento em que ela arranca as frutas, o ser desperta de seu estado de “hibernação” e se levanta, revelando seus horríveis olhos presos às palmas de sua mão, que começa a perseguir a garota. Ofelia, no entanto, consegue escapar de suas garras, apesar de perder duas das fadas que a guiavam e provocar a ira do Fauno pela desobediência.

Criado pelo diretor como uma crítica à Igreja, o Homem Pálido representa, ao tentar devorar Ofelia, a instituição religiosa, que “devora” criancinhas e as impõe um regime de regras duríssimo, punindo mesmo os menores deslizes daqueles que a consideraram cega para os mesmos (da mesma forma que Ofelia acreditou que o ser, por não ter olhos, não conseguiria ver as uvas que ela comeu). Apavorante justamente por essa ideia de apenas parecer estar cego, a criatura é, sem dúvida, uma das mais aterrorizantes dos filmes do diretor.


ABE


Uma das criaturas mais exploradas por Del Toro em seus filmes é o Homem-Anfíbio, um ser humanoide com a pele escamosa de um peixe e guelras, capaz de viver tanto dentro quanto fora da água, possuindo também nadadeiras e olhos semelhantes aos de um ser aquático.

Na mitologia do diretor, um de seus Homens-Anfíbios mais famosos é Abe Sapien. Membro da espécie Ichtyo sapien, ele foi descoberto em 1978, em um porão em Washington, DC. Desde então, ele faz parte do Bureau de Pesquisa e Defesa Paranormal, ao lado de Hellboy. Além de seu talento natural de nadador, Abe é um atirador excelente e possui, no filme, habilidades psíquicas, capaz de ler emoções e pensamentos de outras pessoas pelo toque de suas mãos. Interpretado por Doug Jones (O Fauno e o Homem Pálido em O Labirinto do Fauno), Abe possui um olhar filosófico e científico sobre as coisas, sempre disposto a aprender mais sobre o mundo dos homens.

Com essa criatura, Del Toro mergulha em um novo universo fantástico, apresentando uma criatura que é, ao mesmo tempo, um ser mágico e a fonte de inúmeras pesquisas científicas. Com sua pele azul escamosa, seus óculos de mergulho e traje de nado, Abe Sapien é um pesquisador e um explorador no filme do diretor, e representa uma união entre o fantástico e o científico dentro do universo de Hellboy.

O DEMÔNIO IMORTAL

Parte de inúmeras lendas e histórias, Samael é um demônio que foi introduzido como um monstro e um dos principais vilões em Hellboy. Ele é a primeira criatura contra a qual vemos o herói demoníaco lutar, e sua aparência já demonstra o esforço de afastar o demônio de qualquer semelhança com um humano.


Um quadrúpede com garras afiadas, o demônio possui também uma grande mandíbula e tentáculos saindo de sua cabeça. Extremamente ágil, forte e feroz, a criatura prova-se um grande desafio para Hellboy, mesmo no primeiro enfrentamento entre os dois. Um cão infernal conhecido como O Destruidor, O Arauto da Perdição, Lorde das Sombras e a Semente da Destruição, Samael possui a capacidade de se multiplicar ao morrer, revivendo não como um, mas como dois inimigos. Filho de um dos Sete Deuses do Caos, sua missão ao ser ressuscitado pelo vilão Rasputin é anunciar e preparar o fim do mundo e causar a destruição no mundo humano.

Mostrando muito do repertório cultural e religioso de Del Toro, Samael é, na mitologia hebraica, o Arcanjo da Morte e seu nome significa “punição divina”. Em Hellboy, todo o aspecto humano é retirado da criatura, que é, na realidade, uma criação do próprio Del Toro, não tendo sido um personagem pensado por Mike Mignola. Todo o seu aspecto é criado para dar um ar de uma criatura sinistra e terrível, de origem desconhecida e objetivos macabros. Afugentando-se mesmo de suas características na mitologia original, Samael é trazido para o diretor para reforçar os ideais de trevas e de mal lendário presente em todo o primeiro filme do personagem Hellboy.


O VÍRUS DO VAMPIRISMO

Mais uma vez, del Toro retorna à temática dos vampiros. Dessa vez, porém, o vampirismo surge como resultado de um vírus antigo que infecta uma cidade inteira.


Baseada na novela trilogia de mesmo nome e criada por del Toro e Chuck Hogan, The Strain recebeu críticas positivas em sua primeira temporada, que narra a investigação do doutor Goodweather (Corey Stoll) e de sua equipe a um avião que aterrissa em uma pequena cidade, com todos os seus passageiros mortos, a exceção de quatro. Quando os corpos, no entanto, desaparecem do necrotério, o doutor percebe que sua investigação acaba por se tornar uma luta pela sobrevivência.

Para os vampiros de sua nova série, Del Toro trouxe um visual semelhante aos dos monstros da saga Blade, com a pele pálida e os olhos negros, as orelhas pontudas e as veias saltando abaixo da pele. Outro aspecto também trazido pelo diretor foram os maxilares expandidos e ensanguentados. As bocas maiores dessas criaturas permitem uma mordida maior e mais letal. De certa forma, Del Toro ignora a mitologia do Drácula e do vampiro que é, como humano, um cavalheiro para atrair suas presas e que as suga vagarosamente, em benefício de uma versão animalesca e monstruosa de um Predator sedento e nem um pouco sutil. Uma outra vantagem dessas criaturas em The Strain que as coloca em vantagem contra suas presas é a língua expansiva, capaz de capturar e até matar seu alvo. Por esses aspectos, o diretor mexicano conseguiu dar inúmeros novos aspectos à mitologia do vampirismo.


O ANFÍBIO


O mais novo integrante do fantástico universo de Del Toro traz de volta a ideia do trabalho conjunto entre a fantasia e a ciência, e uma nova visita do diretor ao universo do ser anfíbio, capaz de viver tanto na terra quanto na água, podendo nadar como um peixe ou caminhar como um homem.

No mais novo longa do diretor, A Forma da Água, entramos em contato com esse estranho ser, dito como uma criatura venerada por povos da Amazônia como um deus, que é mantido em um laboratório militar na época da guerra fria para o desenvolvimento de pesquisas e armamentos para os americanos. Esse ser extraordinário é mantido prisioneiro no laboratório de pesquisa, onde ele conhece Elisa Esposito (Sally Hawkins), uma faxineira muda que trabalha no local e que desenvolve pelo ser uma grande relação de afeto e de amor, que leva ambos a tentarem fugir das garras do cruel militar que comanda o laboratório (Michael Shannon) e deseja usar a criatura apenas para fins de eventuais conflitos com a rival União Soviética.

Unindo romance a uma história de guerra e de intriga política, Del Toro mostra também a evolução dos efeitos especiais. Se comparado com Abe Sapien, seu primeiro homem-anfíbio, a nova criatura apresenta um visual muito melhorado, com uma pele escamosa e nadadeiras, além de dentes finos e afiados e olhos semelhantes aos de um peixe. Unindo esse visual um tanto exótico com a atuação de Doug Jones, o ser é fascinante de se ver nas telas, uma bela aquisição para o conjunto da obra do diretor, pois é capaz de nos tocar e nos surpreender, tanto por seu papel no filme quanto pelo romance desenvolvido com a personagem de Hawkins, algo que nos deixa consternado pela presença, ao mesmo tempo, de diferenças alarmantes e proximidades mais alarmantes ainda entre os dois personagens. Com isso, Del Toro monta sua bela história sobre amor e conflitos.

A Forma da Água já está nos cinemas. Assista ao trailer abaixo:


 

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