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ESPECIAL OSCAR - MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Writer: Luís Henrique Franco
    Luís Henrique Franco
  • Feb 27, 2018
  • 6 min read


Uma grande atriz em um papel coadjuvante muitas vezes é capaz de desviar toda a ação para si e rivalizar com os personagens principais pelo protagonismo da trama. Esse ano, as atrizes coadjuvantes novamente brilharam tanto quanto as protagonistas. Octavia Spencer, Allison Janney, Mary J. Blige, Lesley Manville e Laurie Metcalf surpreenderam demais em seus papéis, sendo por isso indicadas ao Oscar.

OCTAVIA SPENCER - A FORMA DA ÁGUA


Em sua terceira indicação ao Oscar, Octavia Spencer nos apresenta uma atuação que, possivelmente, é a melhor das três pela qual já foi indicada. Vivendo a faxineira Zelda, amiga de Elisa em A Forma da Água, a atriz apresenta uma personagem que é o completo oposto da protagonista: fala muito, é extremamente expressiva para tudo na sua vida, reclama, saúda, conta histórias e ri o tempo todo. Mesmo com a ameaça de sua personagem cair para um lado mais estereotipado, Octavia sabe lidar bem com a situação e nos apresenta uma mulher que não é apenas uma falastrona, mas também é inteligente e cuidadosa com sua amiga, sempre a acompanha e nunca a deixa na mão. Outro grande risco de um papel como esse são os alívios cômicos que a personagem traz, que levam cenas mais cômicas da personagem a parecerem um pouco mais forçadas, mas a atriz traz a maioria dos risos com naturalidade. Sua natureza de sempre falar bastante e, principalmente, as reclamações sobre o marido e as reações à paixão de Elisa pelo Anfíbio são situações facilmente identificadas pelos espectadores, o que as torna ainda mais engraçadas. Mas o ponto principal da atuação de Octavia é o contraste com a protagonista de Sally Hawkins: enquanto essa é muda, mais reservada, romântica e, em certos pontos, impulsiva, Zelda fala muito, expõe à sua amiga seus pensamentos sobre o seu marido e seu serviço, é mais prática e realista e vê os perigos das ações da amiga durante o filme. Essas diferenças, longe de afastar as duas personagens, unem as duas ainda mais e reforça a lealdade de uma com a outra, e esse papel Octavia consegue nos apresentar com magnanimidade.

ALLISON JANNEY - EU, TONYA


Assumindo o papel de Lavonna Harding, mãe da polêmica patinadora Tonya Harding, a atriz Allison Janney presenteia o público com uma performance que assume completamente a realidade de sua personagem, nua e crua. O melhor de sua atuação, o ponto mais crucial, é que ela torna o personagem insuportável e odiável, mas faz isso pelo fato de essa ser uma característica esperada do personagem. Sendo a responsável por levar a protagonista ao mundo da patinação no gelo, quando Tonya ainda tinha apenas três anos, a mãe é uma megera que implica com a filha por cada falha que esta apresenta, xingando, exigindo e mesmo batendo nela em busca de um resultado melhor. Allison Janney transmite ao personagem uma raiva gigantesca e desequilibrada e mostra uma pessoa que aparenta não gostar de sua própria família. Mesmo que ela se dedique à filha a princípio, não há praticamente nenhuma demonstração de carinho, afeição ou mesmo amor entre as duas, e chegamos mesmo a perguntar se Lavonna é, realmente, mãe de Tonya. Pelo ódio que consegue despertar no espectador, por encantar justamente por causar raiva, Allison Janney se destaca imensamente dentro do filme, mesmo que sua participação acabe por diminuir intensamente com o passar da trama. Com aparições muitas vezes reduzidas a cenas de poucos segundos, Allison prende o espectador mesmo nessas pequenas ocasiões, tornando a sua personagem uma presença marcante durante todo o filme.

MARY J. BLIGE - MUDBOUND


Baseado no romance de Hillary Jordan, Mudbound conta a história de duas famílias: Os McAllan, senhores de uma fazenda recém-comprada no território do Mississippi, e os Jackson, produtores do mesmo território que se tornam empregados e serviçais dos primeiros. Passado no período da Segunda Guerra, o filme apresenta vários pontos de vista, denunciando o racismo vigente na região e a maneira como negros eram tratados na zona rural do sul dos Estados Unidos. Um dos pontos de vista do filme é o de Florence Jackson, interpretada por Mary J. Blige. Florence é a esposa do fazendeiro Hap, uma dona de casa que cuida da moradia, dos filhos e do marido quando esse não está bem, e compartilha com toda a família a dor de saber que seu filho está lutando na guerra. Inteligente, carinhosa e preocupada, Mary J. Blige consegue dar profundidade e emotividade a esse papel, colocando-a como uma das protagonistas da história e trazendo um lado bastante tenso e sentimental para a história. Seu papel, contudo, tende a sumir um pouco e ser ofuscado pelas outras tramas do filme. A performance da atriz sustenta bem a personagem, mas não chega a ultrapassar esse limite e ir além, o que a torna um pouco menos chamativa dentro da trama. Com aparições menores que os outros personagens, Blige confere uma atuação bem focada, mas que não surpreende muito dentro do esperado para esse tipo de personagem, pelo menos não a ponto de se tornar um aspecto extremamente chamativo da trama, algo que mereça grande destaque, mesmo diante das outras atuações do filme.

LESLEY MANVILLE - TRAMA FANTASMA


Em um filme recheado de emotividade e obsessões, a personagem de Lesley Manville se mostra como alguém mais centrada, concisa, extremamente fria e que gere seu trabalho ao lado do irmão como a coisa mais importante na sua vida. Como Cyril Woodcock, a atriz mostra um personagem que se destaca justamente por ser extremamente diferente do restante dos personagens, mais metódica e controlada, sem grandes dilemas por causa de quebras na rotina e sabendo lidar muito bem com as situações problemáticas da produção dos vestidos. Mesmo sendo dita como coadjuvante, a personagem é um dos principais pilares do filme e está longe de ser secundária. Lesley desempenha a função de uma mulher fria e que assim deve ser para sustentar o negócio que gere ao lado do irmão. Em todos os momentos que aparece, ela não é ofuscada e, mesmo que não seja o melhor desempenho do filme, seu papel dá força e impulsiona toda a trama. Cyril é um amparo para Reynolds, mas também é uma negociante feroz e uma mulher extremamente ligada à sua rotina, e Lesley realiza um excepcional trabalho ao equilibrar esses dois lados, criando uma relação de amor e ódio entre a sua personagem e a de Daniel Day Lewis que apenas aumenta a tensão e a temática de amor obsessivo presente em todo o filme.

LAURIE METCALF - LADY BIRD


Assumindo o papel da mãe da protagonista do filme, Laurie Metcalf traz consigo uma personagem amargurada, que leva uma vida difícil e que está sempre em constante conflito com sua filha rebelde, sem demonstrar nenhum ressentimento em jogar algumas verdades na cara dessa. Como uma voz da razão agressiva, a mãe de Lady Bird McPherson é uma personagem provocativa e que chega a causar uma certa raiva no espectador, mas a atriz consegue dar à sua personagem uma profundidade muito maior. Durante todo o filme, a mãe é aquela figura que cobra bastante da protagonista, e as duas estão constantemente implicando uma com a outra. A sincronia de Laurie com Saoirse Ronan, nesse caso, é perfeita, revelando uma relação de amor bruto entre as duas personagens. Apesar de provocar, a mãe nunca chega a ser uma personagem irritante, devido à maneira que a atriz consegue, ao mesmo tempo em que grita com a filha, demonstrar o amor por trás daqueles momentos de raiva. Acima de tudo, ela é a mulher que não mima seus filhos, e muito do que ela fala, inclusive as verdades que a filha não quer ouvir, são uma maneira de tentar trazê-la para a realidade em que a família vive. Laurie Metcalf nos presenteia com uma personalidade muito forte, que em muitos momentos se sobrepõe à da protagonista e ganha espaço em um filme comandado por essas duas mulheres, que constantemente alternam o protagonismo conforme seus conflitos vão se tornando mais intensos, sem que nenhuma das duas seja apagada pela outra.

E O OSCAR VAI PARA...

Com certeza, o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante será uma acirrada disputa entre Laurie Metcalf e Allison Janney. As duas foram as que mais se sobressaíram entre as cinco indicadas e conseguiram ocupar o protagonismo de seus filmes e tiveram as presenças mais relevantes dentro de suas respectivas tramas. Pela densidade e pelo sangue-frio de sua personagem, além do fato de ela ter sido a principal vencedora em quase todas as outras premiações, Janney deve levar a estatueta, embora haja chances de Metcalf surpreender.

Essas foram as nossas considerações e apostas para o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante 2018. E você? Qual foi sua favorita? Deixe nos comentários!

 

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