ESPECIAL OSCAR - TRILHAS SONORAS DE 2018
- Luís Henrique Franco
- Feb 28, 2018
- 4 min read

Criado em 1935, o Oscar de Melhor Trilha Sonora premia o filme cuja música e som foram capazes de criar o ritmo ideal para a trama apresentada, provocando sentimentos nos espectadores que se conectam com as cenas que passam, causando a melhor imersão possível. Em 2018, os indicados ao prêmio são Dunkirk, A Forma da Água, Três Anúncios para um Crime, Star Wars: Os Últimos Jedi e Trama Fantasma. Confira o que achamos!
DUNKIRK, POR HANS ZIMMER

A música em Dunkirk é pura fúria: poucos filmes desse Oscar levaram o som tão a sério quanto o último trabalho do diretor Christopher Nolan. Ambientado durante a segunda guerra mundial, o filme retrata o dramático evento da retirada de milhares de soldados ingleses da França, após um impressionante avanço das tropas nazistas quase dizimar as tropas inglesas e levar perigo ao território da Grã-Bretanha.
Contando a história a partir de três perspectivas – o céu, o mar e a terra – Nolan constrói seu filme de maneira a não deixar espaços para respiração; nesse sentido, a trilha sonora orquestrada pelo veterano Hans Zimmer, que levou o Oscar em 1995, por O Rei Leão, é especialmente importante para construir esse efeito. Produzida quase a mimetizar os compassos ritmados de um relógio, a música pontua bem os momentos dramáticos da trama, ao mesmo tempo que dá o tom de urgência que move os personagens.
No entanto, há ressalvas: Zimmer, por mais que seja um dos melhores compositores em atividade, geralmente acaba produzindo trilhas sonoras muito parecidas umas com as outras. Acredito que seu melhor trabalho nos últimos anos tenha sido mesmo em A Origem. No entanto, em Dunkirk compôs um trabalho muito bom que, sem dúvida, vem como um dos favoritos ao prêmio.
A FORMA DA ÁGUA, POR ALEXANDRE DESPLAT

Junto com Dunkirk, a trilha sonora de Alexandre Desplat deve ser uma das mais prováveis a ganhar o Oscar. E as duas não podiam ser mais diferentes: enquanto o trabalho de Zimmer é intenso, marcado por tons graves, e ritmo acelerado, a trilha de Desplat é delicada, remetendo as canções dos anos 60 e ao jazz.
É um trabalho suplementar à belíssima direção de arte do filme, dando os tons retrô tão importantes ao longa e compondo a delicada atmosfera de conto de fada impregnada em cada um dos fotogramas. É uma trilha mais de encantamento do que tragédia, dona de um poder hipnótico que conduz o espectador ao seio da obra logo nas primeiras cenas, de maneira tão sutil quanto o vai e vem das ondas.
TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME, POR CARTER BURWELL

Conhecido por seus trabalhos com os irmãos Coen, Carter Burwell é um excelente compositor de temas relacionados à temática de western; por mais que Três anúncios para um crime não seja um exemplar do gênero por excelência, a atmosfera de desolação e selvageria tão comum aos filmes de velho oeste acompanha os ambientes da pequena cidade de Ebbing, no Missouri, onde a personagem de Frances McDormand trava sua luta por justiça.
Com temas pontuados, sobretudo, pelos tons melódicos de uma viola, a trilha de Burwell constrói muito bem a atmosfera de desolação presente no longa. No entanto, além dos temas originais, o filme se destaca pelas músicas selecionadas para compor as cenas. Destaque para o incrível plano sequência – que não entrarei em detalhes por motivos de spoiler – em que a canção His master’s voice delicadamente contrasta com a intensa sequência de violência apresentada.
Por mais que o trabalho de Burwell tenha sido muito bom, dificilmente deve levar o prêmio. No entanto, faz jus às grandes trilhas sonoras do gênero.
STAR WARS: OS ÚLTIMOS JEDI, POR JOHN WILLIAMS

Não é preciso dizer muito sobre os trabalhos de John Willians, nem a icônica trilha sonora de Star Wars. Afinal de contas, quem nunca ouviu o tema de abertura dessa que é uma das maiores sagas já feitas no cinema?
Em os Últimos Jedi, o mais novo episódio da aclamada franquia, Willians retoma um dos trabalhos que mais o consagrou. No entanto, seu trabalho acaba ficando na nostalgia: pouco acrescenta, pelo menos no interior da saga. É uma repetição – e variação – dos temas que marcaram toda uma geração.
Sim, apenas isso.
TRAMA FANTASMA, POR JONNY GREENWOOD

Jonny Greenwood não é tão conhecido por seus trabalhos no cinema, mas tem uma extensa carreira no cenário musical: é o guitarrista e principal compositor da banda britânica Radiohead.
Em 2005, passou a atuar no cinema, compondo as músicas dos últimos filmes do cineasta Paul Thomas Anderson – incluindo a arrepiante trilha de Sangue Negro – e de Lynne Ramsey.
Por sua composição em A trama fantasma, recebeu sua primeira indicação ao Oscar no que talvez seja seu melhor trabalho para o cinema ainda.
A música é composta por um arranjo de cordas – o que remete bastante a atmosfera de Londres dos anos 50 – bebendo de influências que vão desde Beethoven a alguns tons de Jazz.
Isoladamente, é um trabalho bastante interessante e dentro do conjunto do filme, ganha uma grande relevância: com uma presença incessante ao longo das cenas, seu tema hora surge como uma extensão da psique do personagem – o misterioso e metódico Reynolds Woodcock – h ora como um personagem, tão palpável quanto as figuras que se sentam à mesa do café da manhã ou os vestidos luxuosos enfiados nos manequins.
Sem dúvida, é um belo trabalho de um dos mais talentosos – e porque não promissor? – músico e compositor dos últimos tempos.
E O OSCAR VAI PARA...
A Forma da Água, de Alexandre Desplat. Por mais que tanto o trabalho de Zimmer e de Greenwood tenha méritos suficientes para também receberem o prêmio, a trilha fantástica de Desplat é a grande favorita.
Essas foram as apostas para o prêmio de Melhor Trilha Sonora? E você, qual desses filmes mais te chamou a atenção? Deixe nos comentários!
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