ESPECIAL OSCAR - ATORES NA RAIVA, NO AMOR E NA DETERMINAÇÃO
- Luís Henrique Franco
- Mar 1, 2018
- 5 min read

A 90ª edição do Oscar se aproxima, e com ela a Academia de Hollywood irá escolher os melhores do ano de 2017. Entre os atores, figuram nomes de veteranos e antigos familiares da premiação, mas também se encontram novos rostos que se sobressaíram e surpreenderam o mundo com atuações profundas, carismáticas e emocionantes. Os indicados a Melhor Ator desse ano são Gary Oldman, Daniel Kaluuya, Denzel Washington, Timothee Chalamet e Daniel Day-Lewis, que nos proporcionaram performances memoráveis e muito diferentes entre si. Confira!
GARY OLDMAN - O DESTINO DE UMA NAÇÃO

Gary Oldman já é um ator veterano, com grandes filmes e grandes papéis memoráveis. Sua interpretação de Winston Churchill em O Destino de uma Nação, no entanto, é a sua melhor performance de longe. Dada a chance de protagonizar o novo drama de guerra do diretor Joe Wright, Oldman mergulha no personagem e traz ao público uma atuação em extrema sintonia com as situações do enredo. Moldado por uma maquiagem extremamente poderosa que o faz lembrar muito o primeiro ministro inglês, o ator assumiu as feições e os gestos do personagem histórico, usando de pequenos detalhes que moldam o personagem e lhe dão mais veracidade. A eterna tensão no olhar e nos pensamentos do ator, muitas vezes disfarçada pelos seus discursos ferrenhos e sua teimosia raivosa, mas sempre presente em seu rosto. Contudo, a mesma devoção acaba por propiciar momentos em que a atuação de Oldman pode parecer um pouco exagerada e, por isso, dar um ar de caricata. Acima de tudo, porém, nos é apresentado um Churchill de muitos lados: o ministro dos discursos imponentes e que levantam a moral inglesa; o feroz chefe do Gabinete de Guerra, sempre em conflito com seus outros membros; o empregador carrasco que exige mil detalhes a serem cumpridos por seus funcionários; e, mais importante, o homem rondado por incertezas e que luta para resistir a elas, muitas vezes indo contra todo um Parlamento. Oldman equilibra tudo isso para dar ao público um personagem mais completo e humano.
DANIEL KALUUYA - CORRA!

Estando em um filme do gênero de horror e terror, Daniel Kaluuya nos dá uma atuação surpreendente. O ator possui uma expressividade invejável, e seu rosto consegue hora demonstrar uma infinidade de expressões e emoções diferentes, e em outro momento prender-se a uma única expressão que marca toda uma sequência de cenas com um sentimento único e complexo, que atinge o espectador em cheio. O terror do personagem, um rapaz negro que vai para um subúrbio distante conhecer a família da sua namorada e cuja primeira preocupação é com os comentários racistas da família dela, é verdadeiramente visto no ator, que consegue ficar imerso na ação durante a maior parte do filme e nos proporciona uma proximidade real com a trama a medida que essa se desenrola para algo mais tenso e obscuro. O ator inglês traz para Corra! Uma intensa profundidade que o torna o motor principal do filme, fornecendo a sensação de suspense do espectador, além de alguns bons momentos cômicos, mesmo que em outros aspectos a sua atuação não o eleve a um personagem completamente cativante a todo o momento. Sua principal conquista, no entanto, é realmente conseguir se sobressaltar em um filme que consegue cativar até seus momentos finais e nos fazer sofrer e temer junto ao personagem de Kaluuya.
DENZEL WASHINGTON - ROMAN J. ISRAEL, ESQ.

Longe de ser o melhor filme com uma indicação ao Oscar, Roman J. Israel, Esq. é uma história interessante sobre a relação entre advogados e clientes e a construção da justiça social na sociedade atual, com uma trama que também foca na distorção de ideais em prol de ganhos materiais. Como o protagonista Roman Israel, Denzel Washington entrega uma atuação que consegue prender o espectador, mesmo que o filme em si não o faça. Como um ativista pelos direitos dos condenados, Denzel presenteia o público com uma performance que mostra um homem a princípio resoluto de suas ideias e convicções, apesar de ter dificuldade de falar em público e ser um pouco nervoso diante de pessoas. A estranheza e a resolução de Roman veem naturalmente com a atuação de Denzel, e a tensão e o nervosismo causados pelo embate moral do personagem são vividas intensamente pelo ator. Com essa atuação, você sabe o que o personagem está pensando, o que ele quer dizer, quais suas emoções. Todos os pontos são calculadamente medidos e executados de maneira a nos parecer natural. Roman J. Israel, Esq. certamente leva uma vantagem com a grande atuação por parte de seu protagonista. Denzel Washington, mais uma vez, está incrível, e é uma das poucas coisas que segura seu filme. Ele se destaca entre todos os outros personagens e quase carrega o filme inteiro sozinho. Por esse excepcional desempenho, o ator merece a indicação ao Oscar.
TIMOTHÉE CHALAMET - ME CHAME PELO SEU NOME

O personagem Elio, de Me chame pelo seu nome, é um adolescente com uma personalidade complexa, cujas emoções se mostram bastante confusas e bagunçadas durante todo o filme, que narra sua jornada de amadurecimento sentimental e sexual. Apesar de extremamente inteligente sobre questões culturais, históricas e de conhecimentos gerais, Elio é um adolescente comum, uma pessoa normal, como qualquer outra. Despontar em atuação interpretando um papel de uma pessoa comum é um grande desafio para qualquer ator, e Timothée Chalamet não só aceitou esse desafio como o cumpriu maravilhosamente. Com alguns minutos iniciais um pouco mais mornos, a atuação brilhante do jovem ator logo desponta e se aprofunda na mentalidade, nos sentimentos e nos aspectos mais intrínsecos, revelando um ser humano com uma complexidade de sentimentos saltando de dentro de si, sem que ele possa controlar. Chalamet consegue expressar ao público uma diversidade de emoções diferentes e expõe os conflitos internos de seu personagem sem dramatiza-los ou caricaturaliza-los em excesso. Esse é, talvez, o melhor ponto do personagem no filme. A naturalidade com que Chalamet traz ao público as questões e o dia-a-dia do personagem o tornam muito mais real, e o fato de se tratar de uma pessoa comum aumenta ainda mais essa aproximação. O ator busca no cotidiano do personagem aquilo que lhe é mais especial, e cria um personagem familiar ao público que o assiste.
DANIEL DAY-LEWIS - TRAMA FANTASMA

Veterano do cinema e das premiações, Daniel Day-Lewis está de volta para sua derradeira atuação. No filme Trama Fantasma, de Paul Thomas Anderson, ele interpreta Reynolds Woodcock, estilista e costureiro famoso por seus vestidos de altíssima qualidade e que são usados por mulheres da altíssima nobreza. Mas uma vez, a atuação e os detalhes criados nela pelo ator mostram uma dedicação e um estudo minucioso feito por este, uma preparação sem igual. Pode-se ver no filme que o ator realmente estudou a arte da costura, e sua interpretação de Reynolds é recheada de pequenos detalhes sucintos que reforçam ainda mais a dedicação intensa ao papel. Mais do que apenas o conhecimento da profissão do personagem, Lewis se dedica ao extremo às profundezas da mente de seu personagem, mostrando suas obsessões, sua angústia em sair da rotina, sua constante irritação com qualquer coisa que não tivesse sido planejada, sua falta de tato para lidar com o inesperado. O resultado é um personagem completamente fechado, conservador, exigente e perfeccionista, um homem provocativo que causa desconforto nos espectadores, o que, dentro da proposta do filme, é algo extremamente desejado. Lewis entrega com louvor esse personagem problemático, que certamente se destaca em uma trama na qual todos os detalhes servem para deixar o espectador chocado.
E O OSCAR VAI PARA...
Mesmo com atuações surpreendentes de Daniel Kaluuya e Timothee Chalamet, a atuação de Gary Oldman provavelmente sairá vencedora. Além de ser uma representação de uma personalidade histórica, algo que sempre chama a atenção da academia, o ator entrega um bom desempenho e traz toda a intensidade de Winston Churchill consigo, sendo por isso merecedor da estatueta.
Essas foram nossas apostas para o prêmio de Melhor Ator. E você? Qual foi o seu favorito? deixe nos comentários!
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