ESPECIAL OSCAR - OS GRANDES FILMES DO ANO
- Luís Henrique Franco e Ulisses Mrf
- Mar 4, 2018
- 8 min read

A premiação mais esperada de todo o Oscar. O momento em que será revelado aquele que foi, aos olhos da Academia de Hollywood, o melhor filme do ano. Para isso, os indicados juntam seus roteiros e a execução de seus diretores às atuações do elenco, à montagem de cenários, à fotografia e os efeitos. Enfim, tudo o que foi necessário para fazer o filme é levado em conta na hora dessa grande decisão. Mais uma vez, nove produções estão indicadas: Três Anúncios para um Crime, The Post, Me Chame pelo seu Nome, Corra!, O Destino de uma Nação, A Forma da Água, Dunkirk, Lady Bird e Trama Fantasma. Apenas um sairá o vencedor. Confira o que achamos!
THE POST - A GUERRA SECRETA

O novo longa do aclamado Steven Spielberg remete à época onde o jornal The Washington Post travou uma acirrada batalha para poder divulgar nas mídias os documentos do Pentágono que expunham a real situação da Guerra do Vietnã. Drama histórico e jornalístico, o filme possui uma narrativa quase heroica e mantém o suspense no ar à medida em que o presidente Nixon tenta fechar o cerco contra os jornalistas e impedir a veiculação dos documentos. Com um trabalho marcante dos atores Meryl Streep e Tom Hanks, o filme acompanha os acontecimentos e a luta tanto dos jornalistas de fazerem a matéria ser publicada quanto da personagem de Streep em ser ouvida e respeitada como a chefe do jornal. Também mostra a relação entre os grandes jornais da época, a busca desesperada por um furo e os dilemas éticos, morais e profissionais envolvendo a cobertura de notícias polêmicas. Saltando da época retratada, o filme acaba se espelhando também nas relações atuais entre mídia e governo e o caso moderno das fake News. Em alguns pontos, é um filme que exagera em criar dramaticidade para os eventos como forma de reforçar o lado heroico do feito e é um tipo de filme bem tradicional em Hollywood, histórico e que busca encenar e dramatizar eventos reais.
LADY BIRD: É HORA DE VOAR

Lady Bird apresenta ótimas atuações e um roteiro bem trabalhado, porém a mensagem e o gênero do filme já são um pouco repetidos nos últimos anos dentro do Oscar. Mesmo assim o filme é feito para emocionar e a diretora Greta Gerwig tem bons jogos de câmera e trabalha na construção de sequências que aprofundam as relações entre as personagens e delas com o ambiente que as cerca. Merece destaque para a história semi-autobiográfica da diretora e de como ela representa de maneira coerente um momento recente da história americana. A atriz principal (Saoirse Ronan) merece seu destaque em seus ataques de fúria, sua insegurança e sua fofura que tornam a personagem mais próxima do público e mais crível.
TRAMA FANTASMA

Com um estilo e roteiro mais tranquilos e com menos ações explosivas, além de uma trilha sonora que confere um ar de elegância e nobreza à história, Trama Fantasma é um dos filmes indicados que mais trabalha para o lado estético, muito embora sua temática seja questionável. Com uma história calma que se desenrola devagar, ao som de sua trilha sonora e com a elegância atribuída às costuras e vestidos que permeiam o filme, a nova produção de Paul Thomas Anderson possui lados de drama, romance e suspense bem equilibrados. Com praticamente toda a sua ação centrada em três personagens, há ganhos vindos da atuação dos protagonistas Daniel Day Lewis e Vicky Krieps, enquanto Lesley Manville constitui um grande reforço como uma personagem coadjuvante importante na trama. O filme acaba parecendo monótono e lento, mas pode-se ver um trabalho cuidadoso na construção dos elementos gerais que levam a um desfecho surpreendente e, até certo ponto, desconcertante. Concorrendo nas categorias de Diretor e Ator, Anderson e Day Lewis conseguem impulsionar a trama e gerar uma curiosidade no espectador de saber o que vai acontecer no final, ao mesmo tempo que exploram a beleza dos cenários e das cenas de maneira a criar um ambiente esteticamente maravilhoso.
O DESTINO DE UMA NAÇÃO

Outro drama histórico a figurar na corrida pelo Oscar, o filme de Joe Wright narra o primeiro mês do governo de Winston Churchill e a situação desesperada em que a Inglaterra se encontrava frente ao desenfreado avanço de Hitler. Com um forte apelo para o heroico, com jogadas de câmera que colocam Churchill como um homem acima dos outros, o filme traz a nostalgia dos clássicos filmes de guerra sem, contudo, apresentar cenas de batalhas em sua trama, voltando-se mais para as questões políticas. Com uma atuação (e uma maquiagem também) memorável de Gary Oldman, é um filme que possui altos e baixos enquanto narra as disputas do personagem contra os avanços alemães e seus rivais no Parlamento, enquanto tenta manter a moral britânica elevada com discursos que são realçados pela câmera de Wright e pela fotografia. Mas a maquiagem de Oldman é certamente um dos pontos mais destacáveis do filme, e os gestos e pequenos tiques do ator contribuem para essa proximidade com o personagem. Mesmo com seu valor em algumas categorias mais técnicas e na atuação de seu protagonista, O Destino de uma Nação é um filme de guerra bem comum e sem muita coisa de inovador. Mantendo-se fiel a uma velha fórmula já conhecida, seu final é até mesmo previsível, não pela questão histórica, mas pela glamorização que faz dos fatos. De todos os indicados, esse talvez seja um dos filmes que mais passe longe do prêmio.
TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME

Apresentando uma atuação exemplar da atriz principal (Frances McDormand), o filme carrega uma emoção baseada na raiva durante toda a sua extensão. Um filme marcante em que o diretor e também autor do roteiro (Martin McDonagh) expõe raivas, medos e frustrações de maneira tão visceral quanto a violência e o arrependimento que existe em tela. Com a trilha sonora marcada pelo estilo country, aquele do banjo do sul dos Estados Unidos da América, aliado à exposição dos preconceitos e neuroses de uma cidade pequena que sofre com um crime, mas não entende a mãe da vítima, o espectador é facilmente colocado dentro de uma roda de fatores que se conectam e muitas vezes ganham forma em personagens e ações, como o machismo, o racismo e a homofobia. A proposta de redenção está fora dos padrões e se revela mais profunda que o esperado, o filme foge aos clichês e do começo ao fim trabalha com metáforas para a emoção, o sentimento da perda e da morte.
ME CHAME PELO SEU NOME

Outra revelação do ano com ótimas atuações, uma temática e execução coerentes entre si e a exposição de uma fotografia e trilha sonora que trabalham a favor do filme, esse é mais um destaque entre os melhores filmes de 2017. Construindo o personagem principal de maneira lenta e trabalhada, o diretor Luca Guadagnino vai mostrando como deseja passar ao espectador o calor do verão italiano e das paixões momentâneas. É importante destacar também como a trilha sonora e o roteiro revelam um amor juvenil, porém não inocente e sim muito maduro e seguro de si. O filme ainda apresenta uma das melhores atuações masculinas do ano, a de Timotheé Chalamet no papel principal se desdobrando em diversas línguas, no piano e com emoção real. Me Chame pelo Seu Nome tem grandes chances de conseguir o título de melhor filme em 2018, apresenta uma história tocante e bem executada, não será por falhas próprias que poderá deixar de brilhar, mas sim pela possível grandeza de outros filmes.
A FORMA DA ÁGUA

Um dos favoritos em muitas categorias, incluindo Melhor Diretor, A Forma da Água é um romance fantástico que mistura tanto a realidade histórica da época retratada quanto os sonhos e o mundo fantasioso de seus protagonistas. Com situações inovadoras e alguns momentos clichês, o filme de Guillermo del Toro é uma viagem a tempos clássicos do cinema. Com uma construção de cenário maravilhosa, uma maquiagem fantástica (em especial no ser anfíbio) e uma trilha sonora marcada por músicas clássicas da época, o filme cria toda uma ambientação mística e imaginativa em torno de seus personagens, e mesmo que seu roteiro apresente alguns furos, a história ainda é uma peça maravilhosa de ser vista sobre um amor aparentemente impossível. Ao mesmo tempo, as atuações de todo o elenco se equilibram em uma transformação que mostra como todos eles tem algo a mais dentro de si. Apesar de seus elementos sozinhos não parecerem algo extremamente surpreendente, a união dos mesmos em um filme constrói uma história fascinante e emocionante, um conto de fadas que nos leva a um lado sentimental sem se desprender completamente da realidade. Por causa disso, A Forma da Água é um dos principais desafiantes pelo prêmio.
CORRA!

Mostrando uma temática marcante e inovadora, uma verdadeira surpresa entre os roteiros originais, o filme traz também algumas atuações muito boas. Destaque para o papel principal de Daniel Kaluuya que surpreende com uma coisa tão cara ao cinema: o olhar. Além de equilibrar de forma bastante firme a tensão e a comédia o filme é construído de maneira sólida e coerente. A fotografia e a trilha sonora são bem casadas com o filme e trabalham para a elaboração da tensão e de alguns momentos de susto. Destaque para a direção de Jordan Peele que consegue colocar o espectador na pele do personagem principal trabalhando de forma exemplar a empatia. Entretanto, pelo gênero do filme (algo entre suspense e horror), além de sua estréia na primeira metade de 2017, contando ainda com certo desconhecimento e poucos trabalhos do diretor, um estreante na academia, é possível que Corra! acabe ofuscado na disputa por melhor filme, ainda que tenha se colocado como surpresa e inovação.
DUNKIRK

O primeiro filme de guerra do diretor Christopher Nolan, Dunkirk retrata o desespero do exército britânico encurralado na praia francesa, sem nenhuma possibilidade de escapar e esperando apenas por um milagre. Combinando tensão e desespero com a dramaticidade heroica dos filmes de guerra, Dunkirk foi uma inovação interessante na carreira do diretor, que optou por um filme mais emocionante no lugar de suas produções mais racionais e frias de anteriormente. Com uma abordagem em três ângulos diferentes (céu, terra e água) o filme alterna constantemente entre seus protagonistas, o que a princípio pode causar uma grande confusão e que aumentam a tensão do espectador justamente por este não saber exatamente o que está acontecendo. Explorando tempos diferentes, Nolan faz com que suas histórias se unam no final da trama para o clímax e a conclusão, o momento talvez mais angustiante do filme. Juntando-se a tudo isso, a trilha sonora de Hans Zimmer mantém o espectador preso a esse sentimento de angústia que retrata a vida de todos os soldados presos na praia. Como a maioria dos dramas de guerra, Dunkirk tem uma carga emotiva muito forte e apela para o esforço heroico daqueles que lutaram. É um longa que junta muitas características boas para estar na corrida do Oscar, mas que cai em inúmeros clichês e não inova tanto quanto poderia, sendo difícil garantir o prêmio máximo. Em vários termos mais técnicos, porém, é um grande filme.
E O OSCAR VAI PARA...
Três Anúncios para um Crime provavelmente será o grande vencedor. Além de ter lavado os principais prêmios até agora, é um retrato e uma denúncia feroz da vida no interior dos Estados Unidos. A Forma da Água também desponta como um possível candidato, mas provavelmente não deve superar o primeiro.
Essas foram nossas apostas para o prêmio de Melhor Filme de 2018! Qual foi o seu favorito? Qual, para você deveria ganhar? Deixe nos comentários!
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