CRÍTICA - DESOBEDIÊNCIA
- Luís Henrique Franco
- Jun 18, 2018
- 2 min read

Depois que seu pai, o Rav de uma comunidade judaica da Inglaterra, vem a falecer devido a um caso grave de pneumonia, Ronit Krushka (Rachel Weisz) retorna para o mesmo local do qual ela se afastara durante tantos anos, enfrentando a agressividade dos moradores que ainda a julgam por tê-los abandonado. Afastada desse mundo, ela reencontra seus dois amigos de infância, Dovid (Alessandro Nivola) e Esti (Rachel McAdams), agora casados. O reencontro revive uma paixão antiga entre Ronit e Esti, que são forçadas a se encontrarem em segredo para não serem vistas pelos membros da comunidade, para os quais esse amor seria abominável.

Em uma época onde filmes sobre a homossexualidade e as dificuldades que esse tipo de relação encontra na nossa sociedade, com muros sendo erguidos por nações e comunidades inteiras caçando os membros da comunidade LGBT, vem ganhando força considerável e apreço do público, Desobediência apresenta uma história firme e bem construída, mas que se arrisca muito a se tornar apenas "mais uma desse gênero". Existe um grande triunfo em mostrar a vida de uma comunidade judaica, seus costumes, suas tradições e, ao mesmo tempo, lançar uma crítica severa sobre a maneira como essas comunidades se fecham totalmente ao que lhes é diferente ou não se encaixa perfeitamente nos seus ideais. Contudo, a abordagem do tema da homossexualidade proibida não apresenta muitas novidades, de forma que o desenrolar da narrativa chega a ser previsível a beirar a um drama comum que já encontra muitos expoentes no cinema.
Um ponto forte do filme é o seu uso de câmeras fechadas no rosto dos personagens. preferindo planos mais fechados, o diretor consegue dar profundidade aos sentimentos dos personagens: o medo de Esti de ser descoberta por seu marido; a teimosia e insegurança de Ronit em continuar sendo quem ela, mesmo diante do desapreço dos membros da comunidade; a paixão das duas que luta por um espaço entre as proibições da comunidade; o dilema que permeia Dovid diante da situação de se preparar para ser o novo rav e ter de lidar com a presença inesperada de Ronit. Tudo isso é captado pelas câmeras que focam nos olhos, nas expressões dos personagens, nos seus momentos de silêncio e nas suas falas mais íntimas.

O visual é talvez o ponto mais forte do filme, tornando-nos próximos aos personagens e criando um contato com suas sensações e seus problemas, que nos leva a refletir sobre nossas próprias vidas e a maneira como julgamos a vida dos outros. Isso, porém, não disfarça por muito tempo um roteiro que segue regras muito bem determinadas e já conhecidas, que deixam o público ao final com um ar de "já esperava por isso" e "queria um pouco mais".
Para os interessados, o novo filme da Sony Pictures estréia no dia 21 de junho. Confira!
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