DWAYNE JOHNSON: LUTADOR DAS ARENAS E DAS TELAS

Não é incomum que personalidades de outros ramos do entretenimento acabem indo para Hollywood. Com uma indústria cinematográfica tão avassaladora, os Estados Unidos são um palco para o sucesso para aqueles que se arriscarem a aparecer nas telas. Esse universo já chamou inúmeras estrelas, desde jogadores de basquete, estrelas da música, comediantes, apresentadores de TV e, para os filmes de ação, inúmeros lutadores profissionais. Entre esses atletas, um dos nomes que faz mais sucesso atualmente no cinema é o de Dwayne “The Rock” Johnson.

Desde o começo dos anos 2000, o lutador começou a aparecer em seus primeiros filmes, em aparições especiais, fazendo filmes menores, spin-offs e comédias, até realmente começar a protagonizar filmes maiores e a aparecer cada vez mais no universo cinematográfico, tornando-se um nome tão conhecido no ramo do cinema quanto era no ramo da luta.

O PESO DA CARREIRA FAMILIAR

Nascido em maio de 1972, em Hayward, California, Dwayne Douglas Johnson é filho do lutador profissional canadense Wayde Douglas Bowles, profissionalmente conhecido como Rocky Johnson. Durante sua juventude, Dwayne viajou muito com sua família. Rocky Johnson, em sua carreira, foi parte do primeiro time de lutadores negros a vencer o World Tag Team Championship do WWF.

Pelo lado da mãe, também havia o peso para a carreira de lutador. Seu avô materno, Peter Maivia, também era um lutador, e sua avó, Lia Maivia, foi uma das poucas promotoras mulheres da luta na época. Por esse lado familiar, ele foi considerado como um parente sem laços sanguíneos da família Anoa’i, comprometida com a luta profissional há anos. Por causa de sua herança, Johnson começou a explorar seu lado esportivo muito cedo, integrando o time de futebol americano no colégio, além de fazer parte das equipes de luta e de atletismo.

Buscando inicialmente uma carreira no futebol, adquiriu uma bolsa para a Universidade de Miami, jogando na linha defensiva. Em 1991, ele fazia parte do time do Miami Hurricanes que disputaria o campeonato nacional, tendo alcançado muita fama como um jogador promissor. Contudo, uma lesão nas costas em 1995 o afastou do time e de sua chance de entrar para a NFL. Depois disso, Johnson tentou continuar na carreira pela Liga Canadense, mas saiu de lá após um ano jogando.

OS ANOS NO RINGUE

Nos primeiros anos, Dwayne Johnson foi treinado pelo seu próprio pai e participou de diversas lutas de teste organizadas pelo veterano Pat Patterson. Ele derrotou o lutador conhecido como The Brooklyn Brawler e perdeu para Owen Hart e Chris Candido. Em 1996, após vencer o USWA World Tag Team Championship duas vezes, Johnson assinou um contrato com a WWF e recebeu treinamento adicional de Tom Prichard. Primeiramente reconhecido como Rocky Maivia, Johnson fez sua estreia em lutas em 17 de novembro de 1996, em uma luta de eliminação entre oito homens, dos quais ele foi o único “sobrevivente”. Logo, começaram a criar expectativas sobre ele, dito como o primeiro lutador da terceira geração do WWF.

Em fevereiro de 1997, ele venceu o Intercontinental Championship contra Hunter Hearst Helmsley e foi capaz de defender seu título contra vários oponentes até perde-lo para Owen Hart em 28 de abril. Naquela época, o público não era muito simpatizante do novo lutador, e gritos como “Morra, Rocky, morra” eram ouvidos em suas lutas.

Recuperado de uma lesão no joelho, Johnson retornou aos ringues em agosto de 97, onde passou a ser reconhecido como um “vilão” nos ringues por ter se aliado a Faarooq, D’Lo Brown e Kama em um grupo de lutadores conhecidos como Nation of Domination. Foi nessa época também que ele assumiu o nome de “The Rock” e, em suas promos, começou a insultar o público e os entrevistadores como uma forma de provocação. Após algum tempo, ele substituiria Faarooq como o líder da Nation. Foi em seus tempos nesse grupo de lutadores que The Rock conquistou seu segundo título de Intercontinental Championship, em uma luta contra Steve Austin. Desde esse dia, um “feudo” entre os dois lutadores teve início.

Após criar feudo com Mark Henry, outro membro da Nation, The Rock deixou o grupo. Na época, sua popularidade no ringue cresceu absurdamente, o que o levou a ser chamado de “o campeão do povo”. Ele então se uniu a um novo grupo de lutadores, conhecidos como The Corporation. Nesse período, dois feudos com ele fizeram fama: Stone Cold Steve Austin e Mankind, contra quem The Rock teve inúmeras lutas pelo título de Campeão da WWF. Por várias vezes, Mankind e The Rock se enfrentaram, até que o feudo dos dois veio a acabar em 15 de fevereiro de 1999, quando The Rock ganhou seu terceiro Campeonato da WWF, título que ele depois perderia para Steve Austin no evento Wrestlemania XV. Como um lutador carismático, Dwayne Johnson conseguia atrair a torcida para si, mesmo sendo o antagonista, o “vilão”, nas lutas de que participava.

No final de 1999, The Rock teve inúmeras oportunidades em lutas solo e em lutas de times, nas quais ele se aliou ao seu antigo rival The Mankind, que o ajudou quando ele desafiou o time campeão do WWF, formado por The Undertaker e Big Show. Pela parceria, os dois começaram a se envolver em sketches cômicas para promover as lutas.

Em 2000, The Rock participou de uma luta de Royal Rumble contra Big Show, na qual ele primeiramente venceu e ganhou. Contudo, Big Show conseguiu provar que ele não o havia levado ao chão primeiro, mas que o pé de The Rock havia tocado o solo antes. Isso levou a uma nova disputa pelo título, onde Big Show saiu vitorioso após uma interferência de Shane McMahon, que derrubou The Rock antes que ele conseguisse executar seu golpe final. The Rock depois venceria uma luta contra Big Show para ter direito a enfrentar o atual campeão do WWF, Triple H, pelo título. Em uma luta entre quatro lutadores, The Rock foi novamente traído, dessa vez por Vince McMahon, e Triple H permaneceu o vencedor até 30 de abril, quando The Rock venceu seu quarto Campeonato WWF, em uma luta que teve a intervenção de seu antigo rival, Steve Austin, a seu favor.

Em junho de 2000, conquistou seu quinto título, o qual defendeu contra Chris Benoit, Kurt Angle, Triple H, Benoit novamente, Kane e The Undertaker, até perde-lo em uma nova luta contra Angle. O feudo entre os dois durou até fevereiro de 2001, quando uma nova luta garantiu a The Rock o seu sexto título no WWF.

Brevemente suspenso das lutas, The Rock retornou em julho de 2001 para o evento conhecido como The Invasion, onde ele se aliou ao WWF contra The Alliance, formada por antigos lutadores de WCW e ECW. No SummerSlam, ele derrotou Booker T pelo título do WCW. Em 5 de novembro, conquistou seu segundo título de WCW contra Jericho, o atual campeão. Como membro do time WWF contra The Alliance, ele participou de uma luta de eliminação de dez lutadores, onde perdurou até o final contra Steve Austin. Com uma traição de Jericho em auxílio a Austin e uma outra de Kurt Angle beneficiando The Rock, ele foi capaz de vencer seu antigo rival e conquistando seu World Championship que ele perderia no final do ano para Chris Jericho, que depois unificou os títulos do WWF e do WCW.

Em 2002, criou um novo feudo contra a New World Order ao participar do evento WrestleMania X8, no qual enfrentou o lendário “Hollywood” Hulk Hogan. A luta foi marcante por representar o encontro entre os melhores de duas gerações da luta profissional, e terminou com a vitória de The Rock. Um tempo depois, Johnson e Hogan se tornariam aliados por um breve período.

Após um breve período longe das lutas, The Rock retornou para conquistar seu sétimo título do WWF/WWE, estabelecendo um recorde gigantesco na época, título que defendeu até 25 de agosto, quando perdeu a luta para Brock Lesnar. Nesse dia, The Rock também perdeu seu recorde de lutador mais jovem a conquistar o campeonato de WWE, estabelecido por ele em 1998.

Depois de um novo intervalo, venceu Hulk Hogan novamente após criticá-lo publicamente ao dizer que, por sua carreira em Hollywood, o lutador não mais dava importância ao WWE. Depois disso, retomou seu feudo com Steve Austin, desafiando-o para uma luta no evento WrestleMania XIX. Nos dois encontros anteriores entre os dois na WrestleMania, Austin havia vencido, mas a vitória de The Rock no terceiro encontro terminou o feudo dos dois, além de marcar a última luta na carreira de Austin.

Após ser derrotado por Goldberg, The Rock deixou o WWE como lutador ativo para focar em sua carreira de ator. Ele então começou a fazer aparições esporádicas, às vezes como não lutador, às vezes participando de lutas como convidado especial, e durante vários anos se manteve longe dos ringues. Um breve retorno aconteceu em 2011, quando um novo feudo se iniciou entre ele e o lutador John Cena após The Rock, como anfitrião do WrestleMania XXVII, provocou o lutador. Após uma troca de insultos e dois episódios de violência, um no qual The Rock interveio em uma luta de Cena, os dois concordaram em uma luta no WrestleMania XXVIII no ano seguinte. A luta aconteceu em 1 de abril e foi chamado de um evento imperdível, “o único de uma vida inteira”. Após Cena tentar atacar The Rock com seu próprio ataque, ele foi capaz de contra-atacar e vencer a luta.

Em 2013, ele ainda retornaria para o WWE uma última vez, no qual derrotou CM Punk e conquistou seu oitavo título, estabelecendo um reinado próprio que duraria 70 dias, até perde-lo em 7 de abril para John Cena.

DOS RINGUES AOS ESTÚDIOS: A CARREIRA DE ATOR

Os primeiros trabalhos de Dwayne Johnson no cinema ocorreram no começo dos anos 2000. Na época, o lutador foi escalado para o papel do Escorpião Rei em O Retorno da Múmia. Na trama, ele seria uma entidade mitológica de um guerreiro invencível que comandaria o exército de Anúbis. Aquele que conseguisse derrota-lo ganharia o controle do exército e poderia ou enviá-lo de volta para as trevas ou destruir o mundo. O sucesso do filme foi tanto que, no ano seguinte, The Rock retomou seu papel para o spin-off da saga da Universal, O Escorpião Rei, que contou a origem do grande guerreiro e sua ascensão ao poder.

Depois disso, Dwayne retornaria às telas em 2005, quando protagonizou a adaptação Doom: A Porta do Inferno, baseada na franquia de games de sucesso dos anos 90 e que, na época do filme, lançava também seu mais novo jogo, Doom III. Ambos não foram muito bem recebidos pelo público.

The Rock também abriria mão dos filmes de ação para atuar em outros gêneros. Depois do drama esportivo A Gangue está em Campo, de 2006, ele participou e inclusive protagonizou filmes de comédia, como Treinando o Papai, A Montanha Enfeitiçada e a adaptação da série clássica Agente 86, onde se tornou o antagonista do personagem principal, vivido por Steve Carrell. Ele também faria aparições esporádicas em séries de TV, como Uma Família da Pesada.

Em 2011, Dwayne Johnson começou a ganhar mais notoriedade no mundo do cinema, principalmente depois de ter ingressado na franquia de filmes de ação Velozes e Furiosos. Sua primeira aparição foi no quinto filme, que se passa no Rio de Janeiro. No filme, ele interpreta o agente federal Luke Hobbs, enviado para perseguir Dominic Torretto (Vin Diesel) e Brian O’Connor (Paul Walker). A perseguição contra ele se estende por todo o quinto filme e pelo sexto, quando, na esperança de derrotar um chefão do crime ainda mais perigoso que Torretto, Hobbs fornece um acordo para limpar os nomes de todos os membros do grupo se eles os ajudarem a derrotar esse cartel.

Dwayne Johnson manteve sua participação na franquia através do sexto e do sétimo filme, nesse último tendo de enfrentar novamente Torretto, que agora arma contra o seu próprio grupo com a ajuda de uma misteriosa mulher (Charlize Theron). Recentemente, foi confirmado um Spin-off da saga que será protagonizado por Luke Hobbs em parceria com o personagem Deckard Shaw, vivido por Jason Statham. Esse filme tem previsão de estreia para 2020.

Em 2014, Dwayne atuou no filme Hércules como o lendário herói grego. Em 2015, protagonizou o filme de desastres Terremoto: Falha de San Andreas, dessa vez atuando como um piloto de resgate. Em 2016, voltou para as comédias ao protagonizar, ao lado de Kevin Hart, o filme Um Espião e Meio.

Ainda em 2016, o ator e lutador foi chamado pela Disney para um papel em sua mais nova animação, Moana. Na animação musical, ele interpreta o lendário Maui, um semideus capaz de se transformar em qualquer animal e que seria o responsável por roubar um artefato precioso que estaria ameaçando toda a Polinésia. Buscando reverter a situação, a princesa Moana (Auli’i Cravalho) parte sozinha para encontra-lo e convencê-lo a ajuda-la a reverter a situação. O filme também contou com o talento de cantor de The Rock em uma das cenas.

Em 2017, Dwayne Johnson contracenou com Zac Efron no filme Baywatch: SOS Malibu, que reviveu uma antiga série de televisão dos anos 80. O filme, contudo, foi um fracasso nas bilheterias. Ainda nesse ano, o ator reviveu uma outra produção clássica ao protagonizar o filme Jumanji: Bem-vindo à Selva. Dessa vez, ao invés de um tabuleiro místico que traz animais e elementos da selva à vida, o novo jogo apresentou uma versão virtual, que transporta seus jogadores direto para a selva e os força a lutar para sobreviver sem perderem 3 vidas (Quer saber mais? Leia também o nosso texto sobre Jumanji). Em 2018, voltou para a adaptação dos jogos ao protagonizar Rampage, onde interpreta o cuidador de um gorila albino que, ao ser exposto a uma toxina estranha, torna-se gigante e começa a destruir toda a cidade.

Para agregar à sua carreira, já bem sólida, Dwayne Johnson já possui contrato com a DC Comics para interpretar o icônico anti-herói Adão Negro, inimigo do herói Shazam, que terá seu filme em 2019. Contudo, The Rock não fará parte da história do super-herói.

Atualmente, a mais nova produção do ator é Arranha-Céus: Coragem sem Limites, que já se encontra disponível nos cinemas. Na trama, The Rock é um veterano de guerra que arruma emprego como chefe de segurança no prédio mais alto do mundo, onde vai morar com sua família. Esse local é alvo de um ataque de criminosos que buscam o segredo do prédio, e que levam Johnson a lutar nas alturas para proteger sua família. Para aqueles interessados, confiram o trailer!