ACRIMÔNIA – MUITO ESFORÇO PARA PERMANECER NO ESTEREÓTIPO
- Luís Henrique Franco
- Jul 28, 2018
- 2 min read

O novo filme de Tyler Perry, Acrimônia é um suspense que consegue criar uma boa premissa para uma história a partir de algo simples. Acompanhando a vida de um casal comum, Melinda (Taraji P. Henson) e Robert (Lyriq Bent), o filme mostra uma relação conturbada desde o início. Tendo problemas para controlar a sua raiva, Melinda permanece ao lado de seu marido por anos enquanto ele tenta, mesmo após inúmeros fracassos, desenvolver uma ideia para uma bateria sustentável e vende-la para uma grande corporação. Dentro dessa vida de promessas que nunca se realizam, a mulher começa a se tornar muito frustrada e zangada, principalmente após suspeitar que seu marido a está traindo.

Em seu roteiro, Acrimônia é cheio de seus altos e baixos. O filme começa bastante morno e, em alguns momentos, sonolento, enquanto acompanha bem vagarosamente os primeiros momentos da relação entre Mel e Robert. A princípio, a história se desenrola como um drama de um casal, mas à medida que ambos vão envelhecendo, vamos vivendo na pele a situação tensa da vida dos dois, com Robert incapaz de conseguir se dar bem em seu sonho e arrastando Mel para um buraco cada vez mais fundo. Nesse momento, a atuação de Taraji desponta como um dos principais pilares do filme, e dá mais força a uma história que, sem a sua dedicação, não seria nem muito lembrada.
O problema maior do filme, porém, é o seu final. Além de retornar a uma fórmula americana já bem passada onde tudo tem que terminar de uma forma explosiva, o filme dá um tiro no pé ao abrir mão de seu principal valor: a desconstrução da maneira como vemos a personagem de Mel. Desde seu início, Tyler Perry parece construir um drama que, acima de tudo, combate o estereótipo da mulher negra, dona de casa e histérica, louca. Mesmo com seus acessos de raiva constantes, a maneira como a história é contada nos faz ver o lado da personagem, suas motivações e seu sofrimento e, até certo ponto, darmos razão a ela. Nesse aspecto, o filme faz um belo trabalho, apenas para ignorá-lo no final e retornar ao estereótipo que ele tanto parecia almejar destruir. Tudo para colocar um pouco mais de ação no clímax do filme.

Acrimônia não é um suspense cativante. Acaba entrando mais para a ideia de um drama com uma ponta de psicológico, mas a tensão é apenas brevemente construída em alguns momentos. O elenco, em geral, não acompanha Taraji em seu esforço, e ela acaba ficando sozinha dentro da trama. Uma pena para a atriz, que realmente merecia mais.
Acrimônia estreia no dia 9 de agosto e é distribuído pela Paris Filmes.
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