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POR QUE ELES TÊM QUE SER ENORMES?

  • Writer: Luís Henrique Franco
    Luís Henrique Franco
  • Aug 8, 2018
  • 6 min read


Já é mais do que costumeiro que os filmes de terror de Hollywood tenham como base para o horror que querem causar a presença de algum animal extremamente colossal, com um apetite insaciável e que se alimenta dos pobres humanos que invadem seu habitat. Tudo é válido como monstros: os mais tradicionais incluem leões, lobos, crocodilos, tubarões e serpentes, mas formigas, aranhas, gorilas, vermes e mesmo coelhos já foram utilizados.

Mas por que essas criaturas são utilizadas para causar medo, e porque elas precisam ser tão enormes para isso? Para a primeira pergunta, podemos afirmar que seja a própria natureza e instinto da maioria desses animais. Crocodilos e tubarões já são, naturalmente, criaturas assustadoras e que demandam um cuidado especial em seu trato, sendo que a presença humana em locais onde eles habitam é extremamente controlada. Leões também, embora em menor proporção, e mesmo cobras e aranhas podem ser perigosas, quando falamos de veneno. Com relação ao tamanho, pode-se dizer que a sua necessidade vem da necessidade do filme de criar uma situação incontrolável e catastrófica, onde os homens não possam facilmente encontrar uma saída.

É uma lógica simples: quanto maiores, mais dentes, maior a ameaça, maior o terror. Quando confrontado com algo que é incapaz de controlar, o ser humano costuma ficar em uma posição de desconforto, no mínimo. Porém, o tamanho exagerado que é criado para esses animais tem um efeito contrário ao desejável, e cria uma situação de inverossimilhança que tira todo o possível medo da cena.

O PEIXE INVISÍVEL E O GIGANTE IRREAL


Cartaz do filme Tubarão, de Steven Spielberg

Um dos maiores clássicos do horror usando um animal vem das mãos do diretor Steven Spielberg. Na década de 70, ele trouxe para as telas o terror de Tubarão, onde uma pequena ilha de veraneio é aterrorizada pela chegada de um predador marinho em plena temporada de férias. O filme, porém, traz dois grandes diferenciais dos demais do gênero. O primeiro é que, apesar de ser tratado como uma monstruosidade, o tubarão do filme tem, na realidade, um tamanho bem comum para a espécie (tubarões brancos costumam atingir entre 7 e 8 metros de comprimento). O segundo é que o peixe em si é muito pouco mostrado ao longo da trama, sua presença sendo mais marcada pela trilha sonora de John Williams.


Com essa tática. Spielberg conseguiu criar um filme realmente assustador, no qual, apesar de sabermos que a criatura existe e está lá, não sabemos como ela é, não sabemos quando atacará, nos deixando à mercê da expectativa e do suspense. Tudo o que vemos quando o ataque acontece são os corpos humanos se contorcendo, sem nunca saber exatamente o que aconteceu ou porque eles estão morrendo. Ao deixar o seu peixe invisível, o diretor permitiu nossa imaginação criar o pior cenário possível, o suficiente para nos manter afastados da água do mar por um tempo.

O mesmo, porém, não pode ser dito sobre o novo filme Megatubarão, estrelando Jason Statham. O primeiro motivo está no nome. Ao colocar o “mega” logo na chamada, o filme já denuncia o uso de um gigante assassino, um megalodonte, criatura pré-histórica que realmente assustava os mares de seu tempo. Mas isso cria uma outra questão. Um animal tão grande precisa aparecer na tela, o que implica no uso de efeitos especiais, e esses efeitos, embora possam ser muito bem-feitos, não conseguem tirar a ideia de que o monstro é irreal, ficcional, impedindo nossa imaginação de criar uma situação aterrorizadora. Procura-se concertar isso mostrando ainda mais o tubarão, em Jump-scares para tirar alguma reação do público, mas nunca se chegará ao efeito de um suspense construído por não saber o que espreita.


O REI DOS ANIMAIS GIGANTES PRECISAVA FICAR MAIOR

Em 1933, James Creelman e Ruth Rose conceberam o roteiro de um filme que se tornaria um gigantesco clássico do cinema: King Kong. Nomeado na época como “A Oitava Maravilha da Terra”, o macaco colossal foi descoberto em uma ilha remota por um grupo de exploradores, e desde então não saiu do imaginário das pessoas que o assistiram, esteja ele brigando com dinossauros, subindo na montanha com a mulher que o fascina em suas mãos ou lutando contra aviões no Empire State.


Cena épica de King Kong, onde o gorila luta contra aviões no topo do Empire State

Em sua época, King Kong cativou a todos, mas a evolução de tamanho personagem no cinema não pode ser dita como algo muito bom. Durante anos, ele foi apresentado em diversos outros filmes, tendo inclusive já brigado com Godzilla, seu rival. Dois remakes foram realizados ao longo dos anos, um em 76 e outro em 2005, esse último sob a direção de Peter Jackson e que se tornou um filme marcante, mas que apenas viveu às custas da fama trazida pelo primeiro filme sobre o monstro. Ainda assim, é uma fama que já dura mais de 80 anos e vem se sustentando relativamente bem no universo dos monstros gigantes.


Cartaz do filme de 2005, remetendo à luta clássica entre Kong e o terrível tiranossauro

Mas como para Hollywood tamanho é documento, o que já era enorme poderia ficar ainda maior. Como resultado, e se situando em uma nova saga de monstros gigantes, foi lançado, em 2017, o filme Kong: Ilha da Caveira, que reintroduziu o macaco colossal no imaginário do cinema, com uma grande diferença: em vez de ser grande o bastante para escalar o Empire State, Kong se tornou tão grande a ponto de ser maior do que um prédio ele mesmo. A ideia é torná-lo um adversário à altura para o novo confronto entre ele e Godzilla, que deve acontecer em 2020. Sendo Godzilla grande o suficiente para destruir uma cidade enquanto anda, nada mais justo do que o seu adversário ser igualmente grande.


QUANDO O PEQUENO SE TORNA AMEAÇADORAMENTE GRANDE

Insetos são criaturas que, embora pequenas, já nos provocam arrepios gigantescos. seu aspecto articulado, seus olhos facetados, suas antenas e pernas espinhosas são o suficiente para causar enorme desconforto, mesmo sendo criaturas pequenas. Imaginem, então, se existissem insetos gigantes.


Cena do filme Malditas Aranhas

Hollywood se aproveitou muito de nosso medo natural por essas pequenas criaturas para criar diversos filmes de terror que, hoje em dia, não são muito bem lembrados (quando são lembrados). Ainda assim, a ideia de criaturas como aranhas, formigas e abelhas assumindo proporções grandiosas provoca um certo receio, uma angústia naqueles que temem essas criaturas. Os anos 90 foram o auge dessas produções, com filmes como Mosquitos, Malditas Aranhas e O Ataque dos Vermes Malditos se tornando clássicos cult da época. Aracnídeos, em especial, renderam um grande número de filmes, como Tarântula, de 1955, A Invasão das Aranhas Gigantes, de 1975 e O Escorpião Negro, de 1957.


Cartaz do filme Os Mosquitos


Verme de O Ataque dos Vermes Malditos

Além desses, O Império das Formigas também explorou muito a ideia de uma colônia de insetos gigantescos que lançam seu ataque nos seres humanos. Outro grande clássico, vindo diretamente dos anos 50, é Fúria de uma Região Perdida (The Deadly Mantis), que explorou um animal raramente visto nesse tipo de filme: o louva-a-deus.


Cena do filme O Império das Formigas


CONCLUSÃO: TAMANHO NÃO É DOCUMENTO

Parece que o cinema não conseguiu se afastar ainda de que é preciso ser um monstro enorme em tamanho para ser assustador. Parte dessa proposta vem do fato de que coisas grandes causam maiores destruições, que é exatamente o que Hollywood quer vender com esse tipo de filme. Os animais podem, sim, ser assustadores, visto que evocam uma ideia de incapacidade de controle por parte do ser humano, e mostram uma natureza ainda pouco conhecida e, por isso, imprevisível. Mas pegar um determinado animal e aumentá-lo em proporções exageradas não contribui para causar mais terror, ou para nos dar a ideia de que um titã imprevisível está rondando pelo mundo, causando destruição sem que possamos impedir. Na realidade, o que se cria é uma fera irreal que pode nos surpreender pelos efeitos nela aplicado, mas que nem de longe conseguirá proporcionar um terror genuíno.

Para encerrar, deixo vocês com essa pérola do cinema americano, mais uma vez provando que o crível não é limite para nada. Com vocês, Noite dos Coelhos


 

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