CHRISTOPHER ROBIN - UM REENCONTRO EMOCIONANTE COM A NOSSA CRIANÇA INTERIOR

Quem de nós nunca teve um amigo imaginário? Aquele que entendia seus medos e aflições, e que te entendia quando seus pais te davam bronca e você ficava com vontade de gritar todas as palavras feias que você sabia? “Você continua sendo o Christopher Robin”. É com essa frase, dita pelo Ursinho Pooh, que eu começo meu texto. Afinal, essa é a maior mensagem que o filme traz: Não importa a sua idade, você continua sendo você. Quando divulgado, o trailer de “Christopher Robin- Um Reencontro Inesquecível” emocionou e despertou uma curiosidade tremenda em muitos fãs da Disney e principalmente em pessoas que cresceram assistindo as aventuras do pequeno Christopher e seus amigos no Bosque dos Cem Acres. Afinal, quem nunca sonhou em sair pulando por ai com o Tigrão? Esse seria mais um da séries de filmes live-action que a Disney está produzindo e, assim como os outros, "traria pra realidade” personagens queridos por muitos.

Mas o filme vai muito além de “mais um live-action”, ele traz uma linda reflexão sobre a importância de ser criança e respeitar sua essência. Em um mundo onde nossas crianças estão sendo, cada vez mais, forçadas a se tornarem adultas antes do tempo, precisamos refletir sobre o quão importante é o simples ato de brincar e principalmente imaginar. Vivemos hoje em uma sociedade que exige desde muito cedo que as pessoas estejam preparadas para serem bem-sucedidas. Aos 17 você tem que escolher uma profissão, aos 24 precisa estar formado, aos 30 precisa ter dinheiro e conseguir sustentar sua família. Percebe como é cruel? O longa propõe reflexões sobre a felicidade, a importância da família e entre outras coisas, sobre o quanto nosso psicológico pode ser afetado por situações difíceis que passamos diariamente. Morte, guerras, a pressão no trabalho são todas coisas que criam uma barreira que tira a espontaneidade que tínhamos na infância, quando - como muitos dizem- tudo era mais fácil. Outra reflexão que o filme traz é sobre isso, por que não pode ser tudo simples agora também? Você já parou pra pensar que, as vezes, “Nada é a melhor coisa a se fazer”? Vivemos tentando achar solução pra tudo, na infância as coisas eram mais simples por que sabíamos “dançar na chuva” e aprender com o que não conseguimos resolver. Além disso, um fator importante abordado pelas psicólogas Débora T. Rodrigues e Ana Cristina Prieto é sobre o simbolismo presente no filme. Cada um dos personagens representa uma característica da vida, se assim pudermos dizer. “Pooh, o urso, é o rastreador da cura (…) Ió, o burrinho, representa tudo o que carregamos sem que de fato nos pertença e acaba perdendo sempre seu rabo, por ser a parte do corpo que contém toda sua força e virilidade, mostrando que ao deixarmos de lado quem realmente somos, nos enfraquecemos. O Leitão é a busca por sair do confinamento e o Tigrão a parte responsável por aprender com os nossos erros” Ao embarcar na aventura de Christopher Robin em busca da sua essência, da sua verdade, o espectador acaba entrando em uma busca pela sua própria essência. Saímos da sala com uma pergunta na cabeça “quando foi que eu deixei de ser eu?” e assim como acontece com o nosso herói, essa pergunta é essencial para nos reencontrarmos com o nosso passado e entendermos com mais clareza onde erramos e pra onde realmente queremos ir. Fica o questionamento “quando foi que você deixou a sua criança interior partir?”. Através de uma fotografia extremamente lúdica e encantadora, com gráficos muito bem feitos e personagens que você tem vontade de levar pra casa, Christopher Robin te faz refletir sobre a crueldade que é deixar pra trás tudo que o faz ser você.

Destaco a atuação incrível de Ewan McGregor (Robin), que constrói perfeitamente o arco dramático, nos mostrando em seu olhar uma pessoa que foi obrigada a “endurecer”. E claro, trazendo leveza e emoção às cenas em que aparece com Pooh, Leitão, Ió e Tigrão, nos levando junto consigo para o Bosque dos Cem Acres.

A narrativa é pouco voltada para o publico infantil, apesar de ter como personagens principais personagens infantis. O filme tem o ritmo lento e chega a se arrastar por algumas cenas, mas a mistura perfeita de cenas leves, dramáticas e emocionantes, prende a atenção e cria uma sensação de aconchego ao final. Como resultado de tudo isso, temos um filme digno de Walt Disney. Emocionante e mágico do começo ao fim, e com uma mensagem que muda o seu modo de ver o mundo. “Christopher Robin- Um Reencontro Inesquecível” estréia dia 16 de Agosto nos cinemas de todo o país e precisa ser sentido. Assista ao trailer:

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