"ENQUANTO ELA DORMIA", A GENTE ACORDAVA
- Artur Nicoceli
- Aug 14, 2018
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“O Cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada, o Cravo ficou ferido e a Rosa despedaçada. O Cravo ficou doente, a Rosa foi visitar, o Cravo teve um desmaio e a Rosa pôs-se a chorar”. Lucienne Guedes Fahrer, integrante do grupo Teatro da Vertigem, dá novo significado ao canto infantil perante o texto de Carol Pitzer, autora do núcleo de dramaturgia SESI-British Council.
Dentro de um quadrado construído pela composição de diferentes formas de janelas e uma piscina no meio, a atriz apresenta um monólogo sobre uma professora que, ao ver um abuso sexual acontecendo dentro do ônibus, começa a relacionar a situação com momentos vividos pela mesma quando era criança.
Ao conversar com a mãe, percebe que existe algo de estranho na relação vivida com o pai, então entende ter sofrido as mesmas situações enquanto ela dormia e assim começa a empreitada de tentar trocar o sobrenome por não querer mais carregar o peso que ela continha e não percebia.

(Teatro Jornal – Bob Souza)
A peça se desenvolve diante de uma formação cênica de arena onde o público se estabelece de lados opostos e o desenvolvimento acontece no meio. Apoiado na estrutura Brechtiana (teatro alemão), Lucienne trabalha com a quebra da quarta parede, olhando para o público em determinados momentos do texto.
O recurso do audiovisual, como a declaração de uma das alunas no momento em que a professora decide parar de dar aula, ou sobre a carta do juiz quando ela tenta trocar o apelido familiar, é um dos alicerces na concepção cênica dirigida por Eliana Monteiro.

(Cacilda – Teatro – folha de São Paulo)
A obra teatral é uma necessidade dentro do século XXI, no momento político atual, pelo simples fato de 11 mulheres são estupradas por dia na região de São Paulo de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP). A obra é um entrelaçamento entre clássicos autores gregos e insights da personagem diante de situações vividas.
“Convém não esquecer ainda que somos mulheres e, como tais, não podemos lutar contra os homens e, também, que estamos submetidas a outros, mais poderemos, e que nos é forçoso obedecer as suas ordens por mais dolorosas que as sejam”. Trecho de “Antigona”, Sófocles, sobre a situação da mulher de 442. A.C.
Enquanto ela dormia fará uma oficina nos dias 24 (terça) e 25 (quarta) de Agosto com a diretora do Teatro da Vertigem no Centro Cultural Santo Amaro, e nos dias 27 (sexta) e 28 (sábado) terão as apresentações da peça, no mesmo local, às 20 horas.