CRÍTICA - MARVIN E A APOTEOSE DE SE PERTENCER
- Artur Nicoceli
- Aug 31, 2018
- 2 min read
Updated: May 21, 2019
A nova produção da A2 Filmes, com direção de Anne Fontaine, conta a história de Marvin, um garoto que necessita encontrar o seu lugar no mundo, perante as inseguranças afetivas e a constante perseguição de ser um ator.
A construção cinematográfica se desenvolve nas mudanças que o personagem principal, Marvin (Finnegar Oldfield), sofre por meio das situações vividas com núcleos da trama, como: a relação familiar conturbada, o entendimento da sexualidade com os amigos e a relação teatral com os professores da escola de artes cênicas.
Assim sendo, o filme aposta em um estética não linear, transpassando entre o presente e o passado, o Marvin nascido no interior da França (Jules Porier) e o ator que representa sua realidade no teatro com a peça: "Quem matou o Marvin Bijou?”.

(Imagem de divulgação)
O enredo aposta no conceito da apoteose, que consiste em conseguir chegar à uma elevação que se procura. Assim sendo, como Marvin encontra os caminhos necessários para se fazer como pessoa e encontrar um lugar para pertencer, como o teatro, enfrentando os dramas familiares, já que nenhum ente apoia suas decisões como artista.
É realçado com muito êxito os preconceitos e estereótipos que um artista sofre, como o não apoio familiar quando o pai diz que fazer teatro é "coisa de gay" e como ele encontra a homossexualidade na vida.
O filme consegue segurar por aproximadamente 115 minuto
s o público principalmente pela trilha sonora e a forma como a edição foi feita. Como diz o personagem Roland (Charles Berling): "não há tempo de pensar, é como um equilibrista, se ele pensa, ele cai". O filme não conta com pausas constantes então é necessário prestar atenção em todas as cenas, pois muitas justificam a peça final.

(Imagem de divulgação)
Alguns pontos que deixam a desejar é uma explicação mais detalhada da relação homoafetiva de Marvin com Roland, que não explica se ele está com o parceiro por dinheiro e o mesmo para mostrar como ele consegue ter homens jovens com ele, ou se existe uma sensação emocional de ambas as partes.
Duas partes que quebram a narrativa de forma negativa é quando o pai de Marvin, Dany (Grégory Gadebois) quebra uma cadeira na mão após ser golpeado na face pelo enteado porque defende Marvin de apanhar do irmão mais velho, Gerald (Yannick Morzelle). O irmão mais velho é a representação da homofobia.
Outra parte que o enredo peca é na exposição do abuso sexual que Marvin sofre na infância de alunos da escola que estudava, porque eles romantizam o ato, pelo simples fato de que o garoto é homossexual e o abuso foi o meio que Marvin descobriu sua orientação sexual.
No entanto, é um filme que deve ser visto pelo alto teor poético e uma narrativa teatral de fácil entendimento para aqueles que não conhecem o meio artístico e principalmente para entender as dificuldades de fazer arte no mundo, mostrando os paradigmas e quebrando estereótipos.
Marvin ou La Belle Éducation estreia nos cinemas dia 06 de setembro.
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