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CRÍTICA: NINA, OU FRAGILIDADE DAS GAIVOTAS EMPALHADAS

  • Writer: Artur Nicoceli
    Artur Nicoceli
  • Sep 14, 2018
  • 2 min read

Updated: May 21, 2019


“Mate essa gaivota novamente, você consegue. Você já fez uma vez, consegue fazer outra”, gritava Nina Mikhailovna para Konstantin Gavrilovich enquanto ele apontava uma espingarda para a gaivota empalhada na sala de estar de sua casa.

Respirar fundo e dizer o texto talvez fossem as direções que faltaram de Denise Weinberg para os atores. Momentos adversos se perdiam no fôlego na narrativa, assim deixando sempre a última palavra em tons mais baixos que o resto da fala.

Inspirado em uma obra clássica, Matéi Visniec, autor romeno contemporâneo, revisita Anton Tchekhov e recria uma história com alguns personagens clássicos do romance, reestruturando a narrativa como se o fim de Tchekhov não tivesse acontecido. Assim sendo, a tentativa de suicídio de Konstantin Gavrilovich foi um fracasso. Quinze anos se passaram e ele vive na casa onde sua mãe morava, quando é surpreendido pela visita de Nina Mikhailovna, antigo amor de Konstantin, e depois por Boris Aleksievich Trigorin, com quem Nina havia fugido quinze anos atrás.

A tentativa da trama é representar como Nina irá lidar com os dois amores antigos da vida dela, em que circunstância ela poderá ficar mais feliz, nos braços de Gavrilovich ou no dinheiro de Trigorin. Todavia, nada acontece, são 140 minutos de uma encenação sem tomada de decisão. Começa no nada e leva a lugar nenhum.


(foto de divulgação)

Além de tudo, existe um investimento financeiro na cenotécnica em cenários em tons pastéis que não são usados, fazendo você esperar atuações surpreendentes. No entanto, o que é visto é apenas pessoas adultas tentando representar crianças e jogando para o estereótipo. A construção cênica é acompanhada de música, mas é notável que a trilha sonora devesse ter o objetivo de construir o ritmo da narrativa, no entanto o compasso da música era muitas vezes não aproveitado pelos atores, deixando uma sonoplastia invasiva com o momento da cena, não fazendo sentido.

Ficou confuso o período em que se passava a cena, mesmo que a história tivesse contado que era 1917, porque houve uma confusão da indumentária que transformou a peça em uma mistura de épocas, já que as vestimentas iam desde roupas contemporâneas as clássicas do século XIX.

O acerto concreto que a produção teve foi em apresentar no segundo subsolo do CCSP, onde os atores conseguem trabalhar com jogo clownesco de comédia Dell’arte e transformar a plateia em cenário quebrando a quarta parede.

“Nina sempre foi uma sonhadora, ela vive nas ilusões do teatro e não no concreto”. Assim como o grupo que acredita estar fazendo uma inovação na construção cênica de Tchekhov, porem é perceptível à falta de direção, dando um tiro no pé. Vivendo igual Nina - sonhando.


(foto de divulgação)

É notório como a produção não acredita no próprio trabalho, pelo simples fato de que ao entramos no teatro, um homem narra os acontecimentos da verdadeira história de Tchekhov e explica o que Visniec fez, introduzindo o público à história que deveria ser apresentada.

Nina, Ou A Fragilidade Das Gaivotas Empalhadas conta com: Edu Guimarães, Dinah Feldman, Gregory Slivar e Francisco Brêtas. A obra ficará no CCSP de terça à quinta até o dia 27/09, às 21h, com ingressos a 20 reais.

 

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