OS 3 MUNDOS - PERIGO, CUIDADO COM A TECNOLOGIA
- Artur Nicoceli
- Sep 29, 2018
- 2 min read
Updated: May 21, 2019
Nelson Baskerville, junto com a idealizadora Paula Pircarelli, apostam em uma estética inovadora para a construção cenográfica do espetáculo inspirado nos desenhistas Fábio Moon e Gabriel Sá, os mesmo de daytripper e Pixu.
O enredo se baseia em um mundo distópico, onde duas tribos competem pela sobrevivência. A família que segue o ideário da serpente (um método de sobrevivência criado pela mestra Lachesis), lutando kung fuque e vivendo em baixo do metro, e a outra parte da sociedade que vive na superfície, comandado por Acônitoque, o líder do mundo das mascaras.
Quando um membro do grupo de Lachesis é morto, o grupo subterrâneo sai do local de residência à procura de um novo membro que queira abandonar o ideário de Acônitoque e entrar para os lutadores de Kung Fuque. Assim começa o combate entre os dois lideres dos movimentos, se enfrentando e ao mesmo tempo tentando manter sua família subordinada à ideologia dos mesmos.

(Fonte: Lígia Jardim)
Se inspirar em quadrinhos para a montagem de uma peça não é inovador. No entanto, a forma como tentam manter as raízes dos quadrinistas é o que de mais disruptivo acontece no palco da FIESP.
A luta pela inovação é o que de verdade se percebe, se vir Baskerville daria a mão e parabenizarei pela tentativa, mesmo sendo precário, é algo nunca visto. Se apoiando em adereços mínimos, os atores brincam com o estigma das projeções feitas em dois telões paralelos. No entanto, falta trabalho de ator, desde o enraizamento e a criação de um personagem, acreditando que estão passando alguma informação até o trabalho mútuo da tecnologia com a interpretação. Por muitos momentos me senti fora da história porque a ação dos personagens se contradizia com o que estava acontecendo.
A tentativa de mostrar uma luta incessante pelo Kung Fuque é lastimável, uma dança coreografada, sem um estudo de batalha. Uma ofensa aos lutadores. Movimentos em coro, muitas vezes jogados, não respeitando a própria estética real da luta. Entendo que são artistas e não praticantes oficiais da luta, mas o trabalho do ator diante da circunstancia é falho.

(Fonte: Carta Campinas)
“Os fins não justificam os meios”. Apoiado na produção final, e no ser moderno, a criação deixa a desejar. Me senti assistindo uma peça de amadores. Não foi um dos melhores trabalhos de Baskerville, mesmo sendo possível ver a melancolia que já esteve presente em outras direções do mesmo como Cármen e Senta.
É melhor olhar por onde pisa e não afundar os pés. A estética ficou mais forte do que o próprio trabalho artístico (artístico chamo de: ator) e muitas vezes a sonorização não caminhava em paralelo com o resto, era atravessado e atrapalhava o entendimento. A tecnologia não favorece todos os pontos. Cuidado.
“Os 3 mundos” ficará em cartaz de quinta à domingo, com ingressos gratuitos até dezembro, na FIESP.
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