MOLIÈRE - UMA OBRA ATEMPORAL
- Artur Nicoceli
- Oct 13, 2018
- 2 min read
Updated: May 21, 2019
Ao lado de Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas, o homem de mil e uma facetas, Matheus Nachtergaele, vai do monólogo sobre sua falecida mãe: processo de concerto do desejo, para o personagem principal Molière, da obra de mesmo nome.
Diego Fontes, diretor e adaptador dramatúrgico, entre respiros e erotismos por parte do personagem principal, trabalha de forma excêntrica as nuances entre o clássico e a estética contemporânea. Com a trilha sonora inspirada em Caetano Veloso, Fontes consegue abordar o tradicional com atores da hodiernidade sem pecar. Uma dialética que não agrada a muitos, pela desconstrução do tradicional para o etílico cênico. Proposta do mesmo, conseguida com sucesso.
A trama gira em torno de Molière e Racine, que caminham concomitantemente nas escritas e produções teatrais em 1639, quando se desentendem, assim se separando. Racine, apoiado em suas estruturas dramáticas (tragédia), é o primeiro a conseguir dinheiro para sobreviver. No entanto, com o passar dos anos, o mesmo pelo egocentrismo e autocentrismo artístico, acaba fazendo algumas inimizades que afetarão sua vida como escritor no futuro. Já Molière é um ator, jovem, que sempre adorou satirizar a autocracia da época. Junto com sua mulher criaram a companhia teatral: Troupe de Monsieur. Acostumados a apresentar por toda a França, chegaram até o Rei Luis XVI.

(Fonte: O globo)
Viver sem amor, significa realmente não viver, diria Molière sobre suas relações amorosas. Um pervertido com a flor da puberdade sempre à tona, mesmo tendo saído da adolescência. Quando respira fundo e no último suspiro de seu espetáculo com o grupo, vem a falecer em pleno palco. Talvez um “Why the horse” que funcione. Com todo respeito à vida cênica e trabalhos feitos por Maria Alice Vergueiro.
Com comicidades e efetivas movimentações pueris durante o espetáculo, acredito que seja uma daquelas peças “teatro para atores”. A clarividência de captar circunstâncias e objetivos que o espetáculo apresenta para um não trabalhador do oficio da arte é um tanto quanto árduo, pelo simples fato de conhecer os caminhos artísticos de um ator de palco. No entanto, vale ressaltar que em São Paulo ficou em cartaz na FIESP, um antro social de classe média alta que conhece os trabalhos artísticos de grandes renomes e sabem que as trovas que irão assistir são carregadas de poesia e aliterações, como em “Os 3 mundos” ou “enquanto ela dormia”. Molière não é uma peça para todos os públicos.

(Fonte: Abc do Abc)
Um jogo atemporal com a velha guarda de atores clássicos do Teatro Oficina, um grupo que surgiu de estudantes de direito da Universidade de São Paulo para os palcos de Lina Bo Bardi como Renato Borghi, junto com atores da pós-verdade ramificados também da USP do curso de artes dramáticas, originários do Teatro da Vertigem, um grupo com a perspectiva disruptiva de desconstruir o palco italiano. De forma não paralela, Molière junta esses dois belos trabalhadores e com o trabalho de Diego Fontes, ambos casam de maneira excêntrica.
“Bora Bora Caxanga”, diria Matheus Nachtergaele.
Molière estará em cartaz dia 19 em Bauru, dia 20 em Botucatu e dia 21 em Marília, todos às 20:00 horas.
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