HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO: ORIGINAL E NOSTÁLGICO NAS MEDIDAS CERTAS

Miles Morales tem seu mundo virado de cabeça para baixo quando é picado por uma aranha geneticamente modificada e ganha poderes semelhantes aos de seu herói favorito, o Homem-Aranha. Mas quando o Rei do Crime abre uma fenda no espaço-tempo e traz diversas versões do aranha de universos paralelos, o garoto precisa encarar o icônico dilema “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades” e lutar para manter o equilibro de todo o Aranhaverso.

De um Tobey Maguire sem sal ao promissor Tom Holland, a base da história do herói já estava saturada após 3 sagas no cinema. Mas o roteiro consegue balancear tão bem uma linguagem repaginada com referências pontuais, que o longa traz frescor não só para a narrativa batida de Peter Parker, mas para todo o gênero de filmes de herói.

O roteiro faz homenagens aos quadrinhos ao mesmo tempo em que ironiza a sua típica inconsistência narrativa. Entre piadas sobre clichês heroicos e até uma participação de Stan Lee, o filme consegue deixar qualquer fã extasiado, mas pode ser confuso para os que não estão minimamente familiarizados com o aranhaverso.

Cada frame é milimetricamente planejado para proporcionar uma estética imersiva. Diversas cenas fazem o espectador se sentir dentro de um gibi e resultam em um ritmo alucinante ao enredo.

São apresentados diversos personagens sem que a quantidade comprometa a qualidade, já que todos são desenvolvidos de uma forma dinâmica e se mostram cheios de personalidade. A começar do protagonista Miles, que traduz muito bem sua geração conectada e traz uma ótima representatividade para as crianças negras e latinas que raramente conseguem se enxergar em super-heróis.

O contraste entre os aranhas funciona com uma sintonia surpreendente, já que são misturados personagens de traços que vão do mangá da Peni Parker a atmosfera “Looney Tunes” do divertidíssimo Porco-Aranha. Com destaque para as soluções geniais nas cenas em que o controverso Homem-Aranha Noir é inserido (e satirizado).

Uma grande celebração que consegue entreter muito além do fan service e entregar uma narrativa promissora ao público. Uma aposta extremamente bem sucedida que, segundo os produtores Phil Lord e Chris Miller, é apenas a “ponta do iceberg” para outros projetos seguindo o mesmo conceito.

“Homem-Aranha no Aranhaverso” chega aos cinemas em 10 de Janeiro, com distribuição da Sony Pictures Brasil.

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