AQUAMAN: DE COADJUVANTE AMIGO DOS MARES A PODEROSO REI DE ATLÂNTIDA
- Luís Henrique Franco
- Dec 13, 2018
- 6 min read

Criado em 1941 por Paul Norris e Mort Weisinger, o Aquaman é um personagem clássico da DC Comics e, na Era de Prata dos Quadrinhos (anos 50 e 60), figurou como um membro fundador da Liga da Justiça da América. Nos seus primeiros anos, porém, o herói era muito visto como um personagem secundário dentro do panteão de heróis da DC, que já incluía o Superman e o Batman (ainda em 1941, seria incluída também a Mulher-Maravilha.
Diversas mídias ao longo das décadas sempre retrataram o Rei de Atlântida como alguém menos poderoso entre os grandes heróis. Mesmo quando de fato assumiu seu protagonismo, o personagem não foi devidamente explorado logo de imediato, e durante anos figurou uma imagem, inclusive, de um personagem inútil em comparação aos demais. Uma imagem muito diferente da que temos atualmente, construída a partir dos anos 90 para o personagem. E cada vez mais, Arthur Curry se torna um personagem de extrema relevância e fama em um universo fictício cada vez mais sério.
AS PRIMEIRAS AVENTURAS
Como a maioria dos heróis de sua época, as primeiras aventuras do Aquaman tinham relação com a situação da Segunda Guerra Mundial. No caso específico, o herói protegia os mares e combatia submarinos alemães. A primeira versão do herói não era necessariamente o rei de Atlântida, mas o filho do explorador que a descobriu e nela viveu estudando, treinando o filho com aquilo que descobria da tecnologia avançada do local com o intuito de transformá-lo em um híbrido, capaz de viver tanto na terra como no mar.
O Aquaman original respirava com o auxílio de brânquias, possuía força sobre-humana, era capaz de nadar em altas velocidades e conseguia se comunicar com os seres das profundezas e ordená-los para fazerem o que ele desejasse. Por não ser, a princípio, o soberano oficial dos mares, Aquaman não comandava os exércitos de Atlântida, e mantinha um trono solitário em um templo submarino.
Com o fim da guerra, o herói continuou a enfrentar inimigos marítimos, trocando os submarinos do Eixo pelos piratas modernos, entre os quais se destacou seu arqui-inimigo, Jack Black. No final da década de 50, o herói passou por diversas mudanças, com a introdução de novos elementos em sua origem, características e história, além da introdução de novos personagens coadjuvantes, entre eles Topo, o fiel polvo companheiro do herói. Além do animal, o jovem Aqualad, de quem o herói se tornaria mentor, e Mera, sua futura esposa e ranha de Atlântida, também seriam adicionados às histórias como ajudantes do Aquaman.

A IDENTIDADE REVELADA

Foi só na década de 60, em meio à Era de Prata dos Quadrinhos, que o Aquaman foi revelado como sendo Arthur Curry, filho do faroleiro Tom Curry e da Rainha Atlanna de Atlântida. Essa revelação marcou definitivamente a herança atlântica do herói e a origem de suas habilidades sobre-humanas vindas de seus traços atlantes.
Foi durante essa fase também que surgiu Orm Curry, meio-irmão de Arthur e filho de Tom com uma outra humana normal, com quem o faroleiro se casara após a morte de Atlanna. Problemático e sempre metido em confusão, Orm sempre odiou seu meio-irmão, o que mais tarde o impulsionaria a se tornar o vilão Mestre dos Oceanos.

A herança atlante, porém, trouxe um grande problema para o herói no fim da década de 60. Nessa época, lhe foi atribuída uma grande fraqueza, na qual, por causa de seu sangue atlante, ele não poderia teria que entrar em contato com a água uma vez por hora, ou então morreria. Esse foi um dos principais fatores que levaram o Aquaman a adquirir uma má reputação para si, visto que o público logo o considerava muito fraco para resolver crimes e problemas fora da água.
NOVOS DESAFIOS
Com o tempo, o Aquaman se uniu definitivamente ao povo de Atlântida e se tornou seu rei e protetor. Com isso, uma gama maior de adversários e inimigos foi surgindo. O principal deles foi o Mestre dos Oceanos, que agora surgia como um adversário pela coroa de Atlântida. Outros inimigos logo foram tomando maior importância, como O Pescador, O Corsário e o mais famoso e infame entre eles, o Arraia Negra.

Durante seu reinado, Arthur Curry iniciou um processo de lenta reintrodução de Atlântida à superfície. A cidade, outrora secreta, passou a ganhar maior notoriedade, e com isso os trabalhos do protetor dos mares só aumentaram. Visando se tornar um herói mais tradicional e ser mais capaz de influenciar tanto nos mares como na superfície, o Aquaman deixou o trono sob a tutela de seu conselheiro, Dr. Vulko, e partiu para a terra firme (lembrando que ele ainda tinha aquela fraqueza de não poder ficar muito tempo sem contato com a água).
Durante esse período, o herói foi feito líder da Liga da Justiça, em uma época onde um ataque alienígena havia desaparecido com os principais heróis da equipe. Com um time tão enfraquecido, o Aquaman passa a cobrar dedicação total dos heróis aos casos da Liga e conta com a ajuda de outros veteranos para treinar novos heróis. Durante um curto período, essa nova Liga viveu sob o comando do senhor dos mares, até que o Aquaman decidiu deixar a sua equipe e retornar a Atlântida, onde reafirmou seu casamento com Mera.

UM HERÓI INÚTIL?

Essa foi a alcunha dada ao Aquaman durante muitos anos. Boa parte dessa fama pode ser atribuída às suas participações em animações mais infantis da DC, como o clássico desenho Superamigos onde, comparado com os poderes de outros como o Superman e a Mulher-Maravilha, as habilidades de nado e de falar com os seres marinhos do herói pareciam poderes menores, inferiores. Não ajudou muito também o fato de que, durante anos, o Aquaman foi mantido como um coadjuvante ocasional, sem ter muita chance para si para poder brilhar entre os grandes heróis da DC Comics.
O título de “menino-peixe” funcionou por anos como uma ridicularização do personagem, e sua fraqueza especial de não poder ficar muito tempo longe da água contribuiu para que, cada vez mais, as pessoas o enxergassem como um herói muito restrito e, até mesmo, inútil.
Por volta dos anos 90, um relançamento das origens de diversos heróis trouxe o Aquaman de volta ao protagonismo, dando-lhe uma história e origem mais séria e fazendo do até então “Garoto-peixe” um guerreiro habilidoso e forte, com incrível agilidade aquática e grande manuseio de seu perigoso tridente. Da mesma forma que sua atitude nos quadrinhos se alterou, também o foi sua representação em outras mídias. Um bom exemplo disso é a animação do começo dos anos 2000, Liga da Justiça e Liga da Justiça: Sem Limites, que trouxeram um Aquaman mais sério e ranzinza, um governante sombrio e impiedoso que faz de tudo para afastar os humanos de uma vez por todas de seu reino, recorrendo inclusive à violência para isso.
Além das animações, o herói também pode ser visto em episódios da série Smallville, embora também tenha desempenhado um papel secundário nessa série. A partir dessa aparição, uma série própria do herói começou a ser pensada, mas apenas o piloto foi desenvolvido.
O AQUAMAN E O UNIVERSO CINEMATOGRÁFICO DA DC

Desde 2015, Arthur Curry tem sido revelado como um dos heróis a comporem a primeira fase do Universo Cinematográfico da DC Comics. Revelado primeiramente em Batman vs. Superman, em uma cena bem curta que apenas dá ao público um pouco de expectativa, o herói foi novamente mencionado na cena pós-créditos de Esquadrão Suicida, como um dos heróis que Bruce Wayne demonstra interesse em buscar.
A primeira participação série do herói, porém, aconteceu em 2017, com Liga da Justiça. Interpretado pelo ator havaiano Jason Momoa, o Aquaman manteve aquele ar um pouco sombrio e sério que estava sendo criado para o personagem já há algum tempo, mas também foi capaz de adicionar um traço cômico e irreverente que, ao mesmo tempo, trouxe uma certa leveza ao seu personagem. E mesmo com o fracasso do filme Liga da Justiça, o Aquaman foi um herói que saiu com uma reputação interessante para seu filme solo, que estreia essa semana e narra o retorno de Arthur Curry ao reino de Atlântida para ocupar seu lugar como rei, lugar este que está sendo disputado por seu irmão, o Mestre dos Oceanos (Patrick Wilson). Ansiosos para ver esse grande conflito no cinema? Então se preparem para essa nova aventura que chega dia 13 no Brasil!
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