CAFARNAUM - O FILME MAIS BONITO DO ÚLTIMO DECÊNIO
- Artur Nicoceli
- Jan 16, 2019
- 2 min read
Updated: May 21, 2019
Enquanto alguns países definem o controle de natalidade por 1, ou no máximo, 2 filhos(as) por família, existem regiões que a fonte da vitalidade “corre solta” e pessoas possuem 7 ou 8 irmãos(as), o que não é um problema. A dificuldade é que normalmente esses locais não são propícios economicamente para suprir as necessidades de todos.
“Cafarnaum” é considerado por muitos religiosos fervorosos como a cidade que Jesus rejeitou executar seus ensinamentos porque existia pouca fé nos habitantes daquele local. No entanto, Zain, o personagem principal da trama dirigida por Nadine Labaki reconstrói essa fama negativa e enfrenta todas as relações sociais que o mesmo considera pudenda no ambiente em que vive.

O ano especificamente não é importante, as cenas iniciais trazem informações do local que iremos ser imersos durante a reprodução do filme, trazendo cores quentes que sufocam qualquer espectador. Logo conhecemos o menino de cabelos bagunçados que enfrenta o peso da vida de forma infantil, primeiro pela sua idade de aproximadamente doze anos e depois pela maturidade que sua vivência naquele local lhe traz.
Ele divide quarto com vários outros irmãos, mas especificamente ele tem um carinho maior por uma que tem uma idade similar a dele. A garota acorda menstruada e, sem entender ao certo, o garoto tenta lhe ajudar porque na região onde eles vivem, a garota desabrochou e está pronta para casar. Quando ele volta para casa naquela mesma semana planejando uma fuga com a irmã, ele descobre que sua família irá entrega-la para um comerciante muitos anos mais velhos com o objetivo de prolongar a “fonte de vitalidade”.
Zain, revoltado com a forma que a família lidou diante da situação que a irmã estava passando, resolve fugir de casa e enfrentar o mundo. O menino e o mundo. Conhecendo as dificuldades que existem em ser morador de um lugar público, em que qualquer pessoa te considera uma escória da sociedade.

A narrativa é contada de uma forma similar ao filme Quem quer ser um milionário?, pois Cafarnaum entrelaça cenas entre o passado de Zain e um tribunal que esta julgando um processo judicial que o próprio colocou nos pais por um único motivo: “ele acusa os pais de terem lhe dado à vida”.
O longa trabalha de forma minuciosa aquilo que pode se chamar de abandono familiar e traz à tona um assunto que é por muitos considerados tabu: natalidade e adoção. Porque em meio às situações vividas pelo garoto, ele passa por diversas pessoas que ele acredita criar uma relação mesmo que mínima que possam lhe ajudar de alguma forma.
É de importância vital um filme desses primeiro pela temática abordada e segundo pela naturalidade produzida por um longa árabe-libanês que, mesmo sendo em um ambiente hostil diferente do que um público de cinema pode vivenciar traz uma afinidade com o espectador que ao sair do cinema nos dá vontade de tentar mudar as relações humanas diante das crianças.

“Cafarnaum” tem estreia prevista para o dia 17 de janeiro em todas as salas de cinema do Brasil
Extra: É excepcional o trabalho da diretora em todos os aspectos que modéstia parte acredito eu, escritor do blog dizendo: Ela merece um Oscar
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