top of page

notícias sobre o mundo do entretenimento

  • Grey Facebook Ícone
  • Cinza ícone do YouTube
  • Grey Instagram Ícone

OPINIÃO SOBRE HERÓIS E SOBRE SHYAMALAN NO ATUAL CENÁRIO DA CULTURA POP

  • Writer: Luís Henrique Franco
    Luís Henrique Franco
  • Jan 16, 2019
  • 7 min read


Já fazem quase vinte anos que Corpo Fechado, o grande sucesso do diretor M. Night Shyamalan sobre super-heróis, foi lançado. Um filme que conta uma grande origem de um herói alternativo, sem ligação com nenhum universo super ou afiliação com nenhum grupo especial. David Dunn (Bruce Willis) é apenas um homem comum que, após um acidente de trem, é visitado pelo senhor Elijah Price, (Samuel L. Jackson), apelidado de Mr. Glass, que está convencido de que ele é um super-herói que possui um corpo invulnerável a qualquer golpe. Através de inúmeras revelações, Dunn descobre o potencial de suas habilidades especiais e, ao mesmo tempo, conhece todo o passado tenebroso de Elijah.

Desde o seu lançamento, Corpo Fechado apresentou um final que, ao mesmo tempo, pareceu dar um ar de finalização à aventura e alimentar a possibilidade de uma continuação. Anos se passaram, e nenhuma produção dentro desse mesmo universo foi feito pelo rei dos plot twists. Então, 2017 apresentou a nova produção de Shyamalan, Fragmentado, um filme que, em seu momento final, apresentou uma sucinta conexão ao mostrar Dunn obtendo conhecimento das ações do vilão do filme, Kevin Crumb (James McAvoy) e se dispondo a persegui-lo e por um fim a suas ações. Nascia assim a ideia para Vidro, filme que uniria Dunn, Crumb e Elijah em uma grande aventura de heróis cheia de ação.


A grande quantidade de anos que separa a primeira aparição de Dunn e Elijah e a atual, porém, gera uma séria questão em relação ao lugar da saga de Shyamalan na atual conjuntura da cultura pop. Afinal, ao contrário de 2001, atualmente os filmes de super -heróis são um dos gêneros mais populares e que mais lança conteúdo nos últimos anos, com empresas como a Marvel e a DC se empenhando para criar seus vastos universos próprios e lançando de um a quatro filmes por ano para preencher sua história. Nesse cenário, será que a aventura heroica de Shyamalan consegue obter seu devido espaço?

HÁ MUITO TEMPO ATRÁS


No ano 2001, a ideia de se fazer um universo de filmes de super-heróis era algo completamente insano. Primeiro que essa ideia de conectar filmes com protagonistas, situações e enredos completamente diferentes entre si era algo que não se passava muito na mente dos diretores e estúdios. Segundo, porque o próprio gênero de filmes de super-heróis não era algo tão popular. A Sony até conseguiu obter algum crédito com suas produções dos X-Men (que lançou Hugh Jackman no papel de Wolverine) e do Homem-Aranha (O primeiro, com Tobey Maguire), mas foi incapaz de construir uma grande franquia de diferentes heróis, principalmente após alguns fracassos evidentes como o primeiro filme do Hulk, com Eric Bana como Bruce Banner, e o Demolidor com Ben Affleck.

Naquela época, Corpo Fechado surgiu como uma grande revelação, primeiro por passar praticamente todo o filme em uma dualidade sobre se os acontecimentos ao redor de Dunn se deviam à sua sorte ou a algum tipo de poder especial. Sendo assim, não há exatamente um grande embate contra um vilão com um desejo de aniquilar o mundo inteiro, uma jornada de aprimoramento dos poderes rumo a se tornar ainda mais poderoso ou uma grande missão de resgate para o futuro da humanidade. O que vemos é um debate sobre as ações de um indivíduo que, mesmo não estando ciente de seus poderes, busca fazer o bem e se recusa a se colocar em uma situação perigosa que coloque sua família em risco. As habilidades especiais de Dunn são, na atual situação do personagem, com uma vida pessoal e familiar problemática, quase como um milagre que o faz se redescobrir e atingir um sentido para tudo o que faz, ao mesmo tempo em que também dá sentido às ações de Elijah que, mesmo acabando por se tornar o vilão, ainda assim alcança um sentido para sua existência como um ser frágil e super inteligente: ser o exato oposto de Dunn e, por conta disso, seu rival.


Não apenas foi uma grande produção, Corpo Fechado apresentou uma visão inovadora sobre o enredo de um filme de heróis, um que não necessariamente abusava de efeitos especiais para mostrar o maior potencial possível dos poderes de seus personagens, mas que se preocupou mais em mostrar a relação entre eles, seus problemas pessoais e como tais poderes afetavam ou afetariam a eles e a suas famílias.

FRAGMENTADO: A LIGAÇÃO COM CORPO FECHADO PODERIA TER SIDO MELHOR


Essa é apenas a humilde opinião do autor, obviamente. Fragmentado, lançado em 2016, tinha uma boa premissa, uma ideia excelente sobre a qual se poderia apoiar um roteiro para uma história fenomenal. A atuação de James McAvoy também foi um dos grandes triunfos do filme e, certamente, essa foi uma produção de Shyamalan como já não víamos há algum tempo. O problema foi a revelação final, quando Kevin Crumb assume a personalidade da Fera e, por conta disso, ganha poderes sobrenaturais que o fazem inclusive sobreviver a um tiro no peito. Pela própria explicação do filme, a Fera seria uma amálgama de diversos animais e, por isso, havia dado a Kevin a capacidade de obter suas características físicas, como a habilidade de escalar paredes ou a pele rígida de elefantes e rinocerontes, por exemplo.


Fragmentado é um bom filme, que se constrói de uma maneira interessante, mas a revelação dos poderes de uma das identidades de Kevin acaba por ser uma surpresa um pouco decepcionante e abaixo do que o filme poderia oferecer. De certa forma, um filme que segue durante um longo tempo uma linha racional, enigmática e de suspense acaba, no seu final, se apoiando em uma solução que apela ao sobrenatural e ao fantástico, mesmo que o próprio personagem já anunciasse desde o começo do filme sobre a força da Fera.

Acima de tudo, o segundo filme da trilogia de Shyamalan acaba seguindo um caminho oposto ao do primeiro, não dando evidências de sua real natureza para, no fim, tentar provocar um choque maior em seu público, mas ao fazer isso, acaba se desvirtuando de um caminho muito bom pelo qual ele parecia seguir até então. O surpreendente de Corpo Fechado é justamente a dualidade entre a vida normal e os super-poderes, a negação de algo que existe e que é revelado logo de cara. Fragmentado simplesmente não teve isso, e preferiu jogar com uma revelação surpresa que não conseguiu causar o mesmo impacto

OS ANOS QUE SE PASSARAM: A EVOLUÇÃO DOS FILMES DE HERÓIS

Como já foi dito, filmes de heróis não eram uma novidade quando Shyamalan lançou seu universo. Além de alguns filmes antigos, os quais a maioria as pessoas já esqueceram ou gostariam de esquecer, no começo dos anos 2000 a Sony iniciou um projeto de lançamento de filmes de alguns dos personagens da Marvel. Entre as produções do período, as que mais obtiveram destaque foram as trilogias dos X-Men e do Homem-Aranha, enquanto outras, como os filmes do Demolidor e do Quarteto Fantástico também merecem seu lugar no esquecimento. A trilogia do Batman dirigida por Christopher Nolan foi, de longe, a melhor saga de super-heróis do começo do novo milênio e, até hoje, uma das maiores franquias do cinema moderno.

Foi só em 2008 que a Marvel tomou as rédeas das produções dos seus super-heróis ao lançar Homem de Ferro, o primeiro de muitos filmes que comporiam seu universo. Logo ali, já se dava a ideia de um ambicioso projeto, onde todos os filmes lançados fariam parte de um mesmo universo compartilhado, cada um afetando os demais e moldando as futuras histórias não apenas para si mesmos, mas para todos os heróis ao seu redor. Homem, de Ferro, Hulk, Capitão América e Thor foram os pilares para a construção desse mundo, um grupo que se uniu oficialmente em Vingadores e que remodelou a maneira como as franquias foram feitas.


Ao todo, foram 20 filmes lançados dentro do universo da Marvel, que hoje contém heróis que vão do Homem de Ferro ao Doutor Estranho, dos Guardiões da Galáxia ao Homem-Formiga. E não demorou muito para que outros começassem a seguir os mesmos passos, sendo mais notório o esforço da DC Comics de criar seu próprio universo cinematográfico, iniciado em 2013 com O Homem de Aço. Nesses dez anos de Marvel e cinco de DC, foram inúmeros acertos e erros dos dois lados, filmes que conquistaram bilheterias enormes e filmes que fracassaram em agradar o público. Cada um deles ajudou a solidificar os dois universos, que hoje parecem ter acertado o ritmo de seus filmes e buscam projetos ainda mais ambiciosos, levando à criação de um dos gêneros do cinema mais populares e com a maior produção de filmes da última década.


Como se pode notar, muita coisa mudou desde que Shyamalan lançou Corpo Fechado, não só na questão de filmes de heróis, mas também nas questões de produção de franquias e de universos conectados. Não é mais nenhuma surpresa que produtores e diretores queiram unir seus filmes em diferentes universos temáticos, conectando todos eles, às vezes de maneira clara, às vezes com extrema sutileza. Por tanto, a revelação de que Fragmentado faz parte do mesmo universo de Corpo Fechado não é tão grande como surpresa quanto se poderia imaginar, e surpreendeu mais pelo tempo que levou para que tal continuação fosse produzida. Vidro também não veio como uma surpresa, visto que é extremamente comum hoje em dia que, em universos compartilhados, cedo ou tarde os filmes acabam se encontrando.

Assim sendo, resta uma grande apreensão: o que Shyamalan pode fazer para que sua saga de personagens superpoderosos tenha a mesma influência e o mesmo choque que teve em seu lançamento em 2001? Ainda existem maneiras de abordar a temática dos superpoderes de forma que Vidro possa surpreender em um mundo onde filmes de pessoas com poderes se tornou algo extremamente comum? Marvel e DC estão no ramo cinematográfico há algum tempo, o que lhes permitiu aperfeiçoar o gênero de super-heróis à sua maneira, através de seus erros e de maneira a criar fórmulas que permitiam uma identificação do público que os atraía a cada novo lançamento. Poderia Shyamalan fazer o mesmo ou então fazer melhor, escapando da fórmula da mesma forma que em Corpo Fechado e apresentando algo interessante e que se destaque na atual situação? Ou seria Vidro apenas mais um filme de super-humanos que desapareceria no mar de produções desse gênero que existe hoje em dia?


De qualquer forma, é notável o desafio que o filme tem a enfrentar para escapar da mesmice e dos clichês de filmes de heróis. Na atual situação, mesmo as fórmulas de Marvel e DC precisam desesperadamente de uma renovação e de apresentar situações e mundos novos para serem devidamente explorados. Shyamalan é capaz de surpreender, como sua carreira já demonstrou em outros filmes, mas Vidro requer algo grande em um universo que já não apresenta tantas opções de abordagem.


E você? Acha que o novo filme do diretor mestre dos plot twists irá surpreender? Ou será uma decepção? Deixe nos comentários o que você espera ver no filme!

 

Para mais conteúdo como esse, inscreva-se na Flit Studios: www.youtube.com.br/flitstudios

Confira também o nosso Instagram: @Flittv

bottom of page