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ESPECIAL OSCAR 2019 - MELHOR ATOR COADJUVANTE

  • Writer: Carol Fung
    Carol Fung
  • Feb 19, 2019
  • 8 min read

Updated: May 21, 2019



Uma das primeiras categorias apresentadas na transmissão do Oscar é a de Melhor Ator Coadjuvante. Muitas pessoas pensam que o que realmente importa em um filme é o protagonista e aguardam ansiosamente pelo fim da cerimonia para poder prestigiar e aplaudir os atores que vencerão por seus papeis principais. O que muitos não sabem é que na verdade, o trabalho do protagonista depende inteiramente de seu coadjuvante. Na comédia, esse é o papel que é chamado de “escada”, que de forma alguma é um termo pejorativo. O escada é responsável por impulsionar o comediante principal e fazer a piada dele ter graça. Posso dar vários exemplos de duplas de sucesso que só funcionam por conta desse recurso, como O Gordo e O Magro, Leandro Hassum e Marcius Melhem. No cinema tivemos Debi e Loide e as Branquelas. Se trouxermos isso para o drama podemos notar que o protagonista sempre tem seu fiel escudeiro, que é quem vai enaltecer a jornada dele, como é o caso de Harry Potter e Ron Wesley, ou até mesmo Batman e Robin.

O trabalho do ator coadjuvante não deve de maneira alguma ser menosprezado. Grandes atores já tiveram seu trabalho reconhecido pela academia e na minha visão esse é um dos prêmios mais importantes da cerimonia.

Os indicados desse ano não me deixam mentir. Seja como um detetive infiltrado, um pianista famoso, um ex-vice-presidente não muito querido, um irmão decepcionado ou até mesmo um vigarista, todos esses atores mostraram que seu trabalho é necessário para que o protagonista possa brilhar e a trama possa ser compreendida. Alguns, em minha opinião, brilharam até mais que o protagonista, mas isso eu vou discutir mais pra frente nesse mesmo texto. Então, por fim, aqui estão os indicados desse ano à melhor ator coadjuvante:

ADAM DRIVER - INFILTRADO NA KLAN


Adam Driver, que ficou conhecido mundialmente pelo seu papel como Kylo Ren na franquia Star Wars, interpreta no filme - indicado também na categoria de melhor filme - o detetive Flip Zimmerman, que entra pra equipe da operação criada pelo protagonista Ron Stallworth. Como Stallworth é negro, Zimmerman se torna uma peça chave pra que a operação de infiltrar alguém da policia na Ku Klux Klan se torne algo real e palpável.

O ator de 35 anos que é formado pela Julliard School of Arts em NY, considerada a melhor escola de artes dos EUA e extremamente concorrida, volta para a sua zona de conforto nesse filme. "Star Wars- O Despertar da Força” foi o primeiro blockbuster do ator que já era um rosto muito conhecido no teatro e no mercado de filmes independentes. Além disso, em 2017 fez parte do filme “Silencio" do renomado diretor Martin Scorsese e, de 2012 a 2017, integrou o elenco da série “Girls" da HBO.

O grande potencial de Driver é muito explorado no filme e sua forte presença cênica é o principal fator que o faz ser destaque no longa, que rendeu a ele diversas indicações como melhor ator coadjuvante. A curva dramática criada por Driver é tocante a ponto de você comprar a luta de Stallworth pela visão de Flip Zimmerman. É como se o próprio protagonista não conseguisse te fazer acreditar em sua cruzada, mas o coadjuvante fizesse esse trabalho por ele.

Esse é um dos casos em que não temos como saber se foi o roteiro, o personagem ou a própria atuação de John David Washington que o fez ser ofuscado por Adam Driver, mas a realidade é que ele foi, tanto que Adam conseguiu uma indicação e Washington ficou na lista dos ignorados pela Academia.

MAHERSHALA ALI - GREEN BOOK


Mahershala Ali já fez história no Oscar. Em 2017, por Moonlight, ele se tornou o primeiro ator mulçumano a ser premiado pela academia. Conhecido por diversos trabalhos extremamente notáveis, como Estrelas Além do Tempo, Jogos Vorazes: A Esperança, House Of Cards, True Detective e mais recentemente Alita, o ator emplacou mais uma indicação esse ano por sua atuação no filme Green Book.

No longa, Ali vive o pianista Don Shirley que fez muito sucesso nas décadas de 1950 e 1960. Durante os anos 60 Shirley decidiu sair em turnê pelo sul dos Estados Unidos, conhecido pelo racismo exacerbado, e para ser seu motorista e guarda-costas contratou Tony Lip. A história real da turnê foi transformada no roteiro do filme Green Book, onde Tony Lip é interpretado pelo também indicado, Viggo Mortensen.

O problema de Mahershala é que sua atuação nesse filme realmente não é a atuação mais notável de sua carreira e com certeza não se destaca perante os outros indicados. Esse é um tópico que na verdade vem dividindo opiniões, mas isso acontece muito por conta do roteiro do filme, que se torna um pouco superficial ao percebermos que ele não está de verdade defendendo uma luta racial, está tentando ficar em cima do muro, comprando a briga tanto dos brancos, quanto dos negros. O problema disso é que o nome do filme já deixa claro que seria um filme sobre a luta racial de Shirley.

Como isso implica na atuação de Mahershala? Temos um personagem completamente blasé e que mesmo em momentos mais tocantes do filme não conquista. Sim, a empatia está ali, sentimos uma completa empatia por ele, mas ele não te conquista. Você não compra a luta dele, pois ele não compra a própria briga. E como eu disse, isso é um erro de roteiro que acabou acarretando na atuação completamente sem cor de Ali. Uma pena, pois Mortensen e Ali teriam formado uma dupla incrível se todo o potencial do coadjuvante tivesse sido explorado.

SAM ROCKWELL - VICE


Mais um ator indicado por uma interpretação biográfica. Sam Rockwell vive com excelência o presidente George W. Bush em Vice, filme que conta a trajetória de Dick Cheney, seu vicepresidente. Bush é uma figura que muitos de nós temos na memória por vê-lo muitas vezes nas telas de nossas televisões e por ter sido um presidente não muito querido.

Sam Rockwell trabalha aqui como o perfeito exemplo da escada, que citei no inicio do texto. Comecei minhas análises falando sobre dois casos em que na minha visão a dupla de ator e coadjuvante estavam desequilibrados, e agora vou falar de um exemplo de perfeito equilíbrio. Vice não é um filme que me atrai muito, pelo seu estilo mesmo, mas é preciso notar o incrível trabalho feito no filme como um todo.

A caracterização do longa é sensacional e em certos momentos você chega a acreditar que está vendo videos reais dos personagens. Sam Rockwell fez um notável trabalho de estudo de personagem e conseguiu, assim como Christian Bale (Cheney), criar uma figura totalmente verdadeira e crível. A semelhança entre ele e Bush é absurda e a verdade que ele passa, mais ainda.

Em cena ele joga tão bem com seu protagonista que, uma figura que para nós não era tão conhecida, que é o caso de Dick Cheney, se torna em poucos minutos de cena entre os dois o verdadeiro presidente dos estados unidos. Pode parecer confuso, mas vou usar um exemplo mais transparente do que eu quero dizer. Eva Perón, a Evita, foi a grande governante da Argentina populista, mas isso foi ser exposto apenas quando seu marido Juan Perón foi afastado do cargo. Até então, a primeira-dama fazia tudo por trás da imagem do populista, e por culpa dela Juan Perón se tornou uma imagem um pouco mais tolerável e ela, bom… foi santificada pela nação.

No caso de Cheney e Bush temos a situação reversa. Não, Bush não é santo e nunca foi, mas a partir da visão passada pelo longa podemos ver um Bush muito mais manipulável e um vice-presidente completamente sem coração e sanguinário. Se o jogo de cena entre os dois atores não tivesse equilíbrio, essa relação de uma suposta “manipulação" por parte do personagem de Bale não seria vista. Com Rockwell assumindo uma postura um tanto quanto imatura, mostrando um Bush que o mundo não via, que era somente o “Bush Filho” dentro da casa branca, a imagem de Cheney, que é mais velho e era amigo de seu pai, cresce e se torna um mestre, nos fazendo seguir perfeitamente a linha que nos é proposta no filme. Faz sentido?

Rockwell então, mostra que é um ótimo parceiro de cena e que sabe jogar muito bem com a relação que foi proposta.

SAM ELLIOT - NASCE UMA ESTRELA


Sam Elliot? Por que você está aqui? Essa é a pergunta que tenho me feito desde que a lista de indicados foi divulgada. Não me entendam mal, vou explicar meu ponto de vista.

O ator foi indicado por seu papel como Bobby Maine, em Nasce Uma Estrela, que é o irmão e empresário do protagonista Jackson Maine. Seu personagem tem sim grande importância no enredo e é quem mostra diretamente a relação conturbada do cantor com a família. O problema é que nesse longa, temos a relação de ator coadjuvante e ator feitos pelos próprios protagonistas. Lady Gaga e Bradley Cooper formam uma dupla e são tanto protagonistas quanto coadjuvantes um do outro, se é que isso faz algum sentido.

Elliot pode ser considerado mais como uma participação especial no filme, pois tem pouquíssimo tempo de tela e na verdade, só fui entender seu personagem depois de um bom tempo de filme, exatamente pelas poucas aparições. Eu não tenho nem como analisar sua atuação.

Por isso, me desculpe, mas acho que esse lugar poderia ser ocupado pelo ator Timotheé Chalamet por sua belíssima atuação em “Querido Menino”. #notsorry

RICHARD E. GRANT - PODERIA ME PERDOAR?


Richard E. Grant interpreta Jack Hock, um velho vigarista gay que conhece a escritora Lee Israel e se torna um de seus poucos amigos, ajudando-a em seus esquemas de falsificação. Com esse papel, Grant se une a Rami Malek nas interpretações que se voltaram para a representatividade LGBT esse ano, em um papel que só é coadjuvante porque a história é centrada na escritora Lee Israel. Jack é um personagem bastante presente na trama, e a atuação de Grant não se deixa apagar em momento algum, construindo seu espaço e se assentando como um personagem de extrema importância para a história narrada.

Ao mesmo tempo, é uma atuação com algumas falhas. A principal delas é que parece que o ator caiu em alguns estereótipos de seu personagem, com gestos e trejeitos que aparentam ser extremamente caricatos e remetem a uma imagem errônea, mas infelizmente solidificada em nossa sociedade, de como são os homens gays. Se compararmos com a atuação de Rami, por exemplo, ou mesmo com a de sua companheira de filme, Melissa Mccarthy, que também interpreta uma personagem LGBT, veremos que em ambas esses gestos não aparecem, fazendo com que a performance de Grant acabe se sobressaindo de uma maneira talvez não muito positiva.

Além disso, embora tenha um papel de importância e de muita força, Richard E. Grant não o ator coadjuvante de maior impacto esse ano. Sua contribuição para a trama é estupenda e inegável, mas não chega aos pés de outros competidores e indicados, fazendo com que o próprio ator se mostre um pouco apagado nessa competição, e nos faz perguntar se não haveria outros que poderiam ter recebido essa indicação em seu lugar.

PALPITES:

Bom, eu acho que esse ano a academia vai premiar um ator que na verdade não me agradou muito, que é o Mahershala Ali. Digo isso pois temos uma forte presença do movimento negro nessa premiação e além disso, o ator está sendo bastante aclamado pela crítica. Mas se eu, em minha humilde opinião, pudesse premiar alguém, eu premiaria Adam Driver. Fiquei muito feliz quando vi que o ator tinha sido notado pela academia e como acompanho seu trabalho há um tempo, sei de sua trajetória e torço por ele, por ser uma figura inspiradora e ter me emocionado muito com sua atuação em Infiltrado Na Klan. Mas também não ficaria triste se Sam Rockwell levasse a estatueta pra casa.

 

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