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ESPECIAL OSCAR 2019 - MELHOR ATRIZ PRINCIPAL

  • Writer: Luís Henrique Franco
    Luís Henrique Franco
  • Feb 19, 2019
  • 7 min read

Updated: Feb 3, 2020


Mais um Oscar está chegando para premiar os melhores do ano no cinema. E uma das categorias com a competição mais chamativa é certamente a de Melhor Atriz, que esse ano apresenta uma lista de indicadas que vai desde antigos rostos de Hollywood até novatas que surpreenderam demais com suas atuações.

Todas elas, porém, apresentam algo em comum: a capacidade de nos surpreender através de coisas e gestos simples. Muito mais do que suas palavras e discursos, essas são personagens que nos conquistam por seus gestos, suas expressões, seus olhares, suas minuciosidades. Da vida pobre de uma empregada doméstica ao glamour da corte da Inglaterra, esse ano as atrizes indicadas mostraram imenso poder dentro de uma sutileza que revela muito sobre as mentes das personagens e faz nosso interesse por elas crescer conforme a narrativa avança.

GLENN CLOSE – A ESPOSA

Glenn Close é uma das atrizes mais consagradas de Hollywood na atualidade, com uma carreira cheia de performances marcantes ao longo de muitos anos. Esse ano, ela compete pelo Oscar pela oitava vez, interpretando a mulher de um escritor de romances que acaba de ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. A princípio, ela parece apenas uma esposa dedicada e que se esforça para dar todo o seu apoio ao marido, mas com o passar do tempo, percebemos que existe muito mais por trás disso e que ela é, de fato, muito mais importante para o sucesso do marido como escritor, chegando a ser muito maior e mais importante que ele para isso.

Com anos de experiência, Glenn Close nos presenteia com uma performance magnífica, que a princípio parece ser coadjuvante para a história do marido, mas é essa a intenção do filme: mostrar como a grande mulher muitas vezes é maior e mais importante que o homem que a acompanha. Logo, uma atuação que a princípio parece extremamente comedida e um pouco tímida vai ganhando força conforme a personagem introvertida e reservada vai revelando cada vez mais sua história e assumindo o papel de protagonista da trama. O mais impressionante é como Close consegue transmitir uma infinidade de sentimentos e emoções sem dizer muitas palavras, apenas através de olhares e gestos que apelam para uma minuciosidade e uma atenção gigantesca a detalhes. Existe sempre algo por trás de como ela age no filme, e isso não passa despercebido pela audiência e é inclusive o que cativa nessa personagem.

Depois de tantas vezes competindo, Glenn Close tem grandes chances esse ano por trazer uma personagem diferente para sua atuação, uma mulher que, na maior parte do tempo, é extremamente reservada, introvertida e que não trabalha com gestos chamativos e grandes, mas com uma sutileza inteligente que a faz se tornar maior do que seu marido no filme que, ao contrário, procura sempre ser o centro das atenções.

YALITZA APARICIO – ROMA


Roma é um filme muito bonito de Alfonso Cuarón e que acompanha as vidas comuns de uma família de classe alta do México, tudo contado pelo olhar da empregada da casa, Cleodegaria. Interpretada por Yalitza Aparicio, Cleo é uma personagem bem comum e que vive dramas também muito recorrentes entre mulheres pobres no mundo real.

O mais impressionante dessa atuação é que Yalitza não é uma atriz profissional. Ela nunca havia atuado antes desse filme, e até podemos notar isso ao vermos uma atuação que apresenta alguns problemas decorridos da falta de experiência. Esses problemas, contudo, não são nada diante de uma performance que apela para a simplicidade de sua personagem e é capaz de fornecer emoções e reações muito mais reais e próprias da atriz. O que vemos nesse filme não são ações e sentimentos decorrentes de uma técnica de atuação aprendida ao longo dos anos, mas a reação real de uma mulher. Por isso, a Cleo de Yalitza é uma personagem cujos sentimentos são extremamente críveis para o público.

Outro fator impressionante desse filme é a forma como é retratada a vida comum e os problemas de uma mulher que luta diariamente em seu trabalho para ter uma vida boa. De problemas dentro da família para a qual trabalha até a sua própria gravidez indesejada, Cleo representa uma pessoa do povo, cujos recursos pessoais não são suficientes para arcar com todos os seus problemas e que, mesmo sendo muito querida e aceita pela família para a qual trabalha, ainda assim notamos o grande abismo entre ela e seus patrões. Para isso, a atuação mais simples de Yalitza é uma performance magnífica para um filme que retrata e se aproxima da vida real como ela é.

OLIVIA COLMAN – A FAVORITA


Olivia Colman certamente possui uma das atuações mais fortes do ano ao interpretas a Rainha Anne da Grã-Bretanha em um momento em que enfrenta grandes disputas em sua própria corte e tem de lidar com uma guerra contra a França. Como se isso não bastasse, a rainha é fruto de uma disputa intensa entre Sarah, sua amiga e membro da sua corte, e Abigail, sua serviçal que almeja voltar a ser uma lady.

A atuação de Colman é maravilhosa pela maneira como dá para a sua personagem duas características aparentemente opostas. De um lado mais notório, temos uma mulher frágil e que apresenta reações extremamente histéricas aos problemas de seu reinado e parece ser facilmente controlada pelas duas mulheres que a disputam. Ao mesmo tempo, no entanto, não deixamos de notar uma grande força interna da personagem, que se mantém omissa durante boa parte do filme, mas que nunca deixa de dar seus lampejos em determinados momentos e nos fazem pensar sobre o que a mulher que vemos pode estar escondendo, e isso nos fazer sentir medo dela e uma grande dose de respeito.

Mas do que tudo isso, Colman dá à sua personagem uma sutileza cheia de potencial e que provoca em nós essa reflexão. E é justamente por essa reflexão e por essas minuciosidades que sua personagem é impedida de cair em um possível estereótipo da “personagem feminina histérica e louca”. Porque, se as reações de Anne parecem extremamente insanas e exageradas, os detalhes de sua atuação mostram que essa fragilidade é fruto de uma vida incrivelmente sofrida, mas sobre a qual a personagem foi capaz de triunfar dia após dia e juntar forças através de uma teimosia que a faz se destacar em um enredo que tem direito a três atrizes principais, das quais ela é o centro brilhante e terrível.

LADY GAGA – NASCE UMA ESTRELA


Lady Gaga talvez seja uma das grandes surpresas do Oscar esse ano. Não estranha à competição, ela geralmente é indicada na categoria de Melhor Canção. Contudo, é a sua primeira vez concorrendo como Melhor Atriz, por um filme clássico de Hollywood que retrata a ascensão de uma estrela da música com a ajuda de outro cantor, que acaba caindo no esquecimento enquanto ela atinge um enorme sucesso.

A atuação de Lady Gaga em Nasce uma Estrela é realmente surpreendente quando comparada a outros papéis da cantora como atriz. Nota-se uma grande evolução, principalmente em sua presença no filme e no papel marcante que ela desempenha. Ainda assim, não é uma das melhores atuações do ano e, em diversos pontos, deixa muito a desejar. Mesmo que seja marcante dentro do filme, a personagem parece apática em diversas situações, não demonstrando muitas emoções, mesmo em momentos de grande sentimentalismo, algo de que o filme está recheado.

Nasce uma Estrela é certamente um triunfo para Lady Gaga como atriz, embora ainda não seja uma grande atuação. Nos momentos em que canta, a atriz realmente consegue demonstrar todo o seu potencial e nos emociona demais, mas não conquista o público da mesma forma em outros momentos da trama. As músicas de sua autoria são bem escritas e têm uma performance incrível, mas isso não é o suficiente para levar essa atriz ao Oscar esse ano.

MELISSA MCCARTHY – PODERIA ME PERDOAR?


Melissa McCarthy é uma atriz extremamente conhecida por seus papéis como comediante. Em Poderia me Perdoar?, entretanto, ela vive uma personagem completamente diferente. A escritora Lee Israel, que ganhou fama nos anos 90 como uma grande falsificadora de cartas de autores famosos, é ácida, melancólica, angustiada por sua vida difícil e, se analisarmos a fundo, nem um pouco engraçada.

A mudança de papel é certamente a maior e mais bem-vinda surpresa do filme, uma biografia bem comum e clichê de Hollywood. Melissa, no entanto, fornece uma performance incrível, com alguns erros e falhas, é bem verdade, mas que se sustenta durante todo o filme e consegue se estabelecer bem como o centro principal da trama, sem perder espaço para os outros personagens do filme. Ainda sobram algumas brechas para o humor, mas nada comparado às comédias escrachadas costumeiras da atriz.

Ainda assim, não é uma atuação que se sobressai às demais da competição. Melissa consegue surpreender um público que se interessou após sua indicação e aqueles que não esperavam muito, e esse filme certamente poderia servir como um bom impulso para seus trabalhos futuros fora do ramo da comédia. Ainda falta um pouco na questão de transmitir a emoção certa que sua personagem está sentindo, e a transição pro drama certamente deixou algumas janelas para situações onde a atriz se mostra um pouco apática, mas certamente um trabalho a ser reconhecido e que mostra como uma atriz pode se dar bem fora de sua zona de conforto.

PALPITES:

Todas as atrizes indicadas tiveram seus méritos para essa competição, algumas como veteranas em uma atuação deslumbrante, outras como bem-vindas surpresas. Com todos os demais prêmios já entregues, podemos já tirar algumas conclusões sobre quem potencialmente deve levar o Oscar esse ano. Por esse argumento, o prêmio provavelmente irá para a Glenn Close, que foi vencedora do Globo de Ouro, do Critics Choice Awards e do SAG Awards, tendo perdido apenas o BAFTA esse ano. Não só pelos prêmios, no entanto, é que poderíamos dar o Oscar para ela, visto que Glenn Close possui de fato uma atuação forte e minuciosa, que cresce demais ao longo do enredo e se consagra por sua atenção aos detalhes e suas sutilezas.

Se dependesse de mim, eu diria que o Oscar terminaria em um empate. Para mim, Glenn Close realmente teve uma atuação digna e merecedora, um trabalho que certamente se sustenta diante de todas as outras vezes em que foi indicada e que valeria o prêmio por sua capacidade de nos contar muita coisa sobre a personagem sem dizer muitas palavras, e valendo-se mais de gestos e expressões. Isso tudo dito, é preciso também reconhecer o trabalho glamuroso e o páreo gigantesco que é Olivia Colman, uma atriz que em seu filme chama a atenção muito mais rapidamente e de forma mais intensa do que Close e traz da mesma forma uma sutileza que chama para os detalhes, embora na minha opinião, não tão bem quanto Close. Se eu pudesse, daria o Oscar para as duas, e ficaria feliz de ver qualquer uma delas levantando o prêmio.

 

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