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A MÚMIA E A CONSTANTE VOLTA DO TERROR CLÁSSICO

  • Writer: Luís Henrique Franco
    Luís Henrique Franco
  • Jun 10, 2017
  • 7 min read


No dia 8 de junho, chega aos cinemas do Brasil o filme A Múmia, estrelando Tom Cruise no papel principal e Sofia Boutella no papel da criatura. Segundo membros do próprio elenco, esse filme será o primeiro de um novo universo no cinema de terror, que visa trazer de volta à vida os monstros clássicos dos primeiros anos da indústria de filmes. Como personagens memoráveis desse universo, as múmias são personagens recorrentes em muitas produções clássicas, e carregam consigo toda uma aura de misticismo, magia negra e medo da morte que as tornaram tão reconhecidas e temidas desde a Antiguidade.

TUTANCÂMON E A MALDIÇÃO

Um dos nomes mais famosos da história do Egito Antigo, Tutancâmon foi um faraó que assumiu o trono aos nove anos, restaurando o culto aos deuses e o privilégio do clero. Por sua morte prematura aos dezenove anos, seu túmulo não foi tão grandioso, mas foi um dos únicos a se manterem extremamente preservados ao longo dos séculos. Ao ser descoberto, peças de ouro, tecido, armas e textos sagrados ainda encontravam-se intactos no interior da tumba.

Ao redor da Tumba de Tutancâmon e de sua descoberta, circula também uma misteriosa e fascinante história, que serve como base para os clássicos contos de terror que existem até hoje. Em 1922, uma expedição comandada por Howard Carter e por George Edward, o 5° Conde de Carnarvon, encontrou o túmulo praticamente inviolado, com exceção da antecâmara, que já havia sido encontrada por ladrões nos tempos antigos. A Câmara funerária foi oficialmente aberta em 16 de fevereiro de 1923, e o sarcófago do faraó tornou-se uma das maiores descobertas e contribuições para o entendimento da História Antiga. Contudo, sua história é muito mais conhecida pelos mistérios que a sondam.


Pouco tempo após a abertura da câmara, em 5 de abril de 1923, o Conde de Carnarvon veio a falecer, vítima de uma pneumonia e septicemia derivada de uma picada de mosquito. Em 1925, quando a múmia foi desembrulhada, um pequeno ferimento foi encontrado na bochecha esquerda, no local onde o conde havia sido picado. Outro fato curioso é que, no momento da morte de Carnarvon, uma falha elétrica sem explicação ocorreu no Cairo, e a cadela do lorde morreu em sua casa na Inglaterra. Nos meses seguintes, um meio-irmão, a enfermeira do conde e o médico que fizera sua radiografia também vieram a falecer, junto com outros visitantes do túmulo. Charriel Manson, uma estudante de história da arte que tocou a tinta nas paredes da tumba, contraindo esporos que penetraram seus pulmões e levaram à sua morte aos 39 anos de idade. O próprio Howard Carter, porém, viveu por mais treze anos e morreu de câncer.


O Lorde de Carnarvon e Howard Carter, descobridores da tumba de Tutancâmon

Apesar de nunca se haver comprovado a real existência de uma maldição da múmia, e muitos dos relatos serem apenas matérias de jornais sensacionalistas da época, a história certamente impulsionou a indústria cinematográfica, e os filmes que se seguiram sobre o tema sempre abordaram a questão da maldição como seu principal enredo.

PRIMEIRA APARIÇÃO

Em 1932, Karl Freund dirigiu o clássico filme de terror A Múmia, o primeiro a explorar a ideia de que os cadáveres enterrados no Egito continham maldições mortais. Na trama, uma exploração de uma tumba descobre a múmia de um príncipe egípcio, Ihmotep (na época interpretado por Boris Karloff), que havia sido condenado por sacrilégio e enterrado vivo. Uma noite, porém, um jovem membro da expedição lê o Pergaminho de Toth, uma escritura poderosa que é capaz de trazer os mortos de volta à vida. Ciente do que acabara de fazer, o jovem enlouquece, enquanto Ihmotep retorna à vida.

A Múmia, então, passa a perseguir Helen Grosvenor (Zita Johann), que ele acredita ser a reencarnação de seu amor perdido, enquanto caça também os membros da expedição para mata-los e recuperar sua forma humana. Seu retorno ao mundo dos vivos também traz as maiores maldições do Egito Antigo de volta para destruir o mundo.


Boris Karloff como Ihmotep em A Múmia

O filme de 1932 faz parte da primeira leva de filmes de terror que lançaram os icônicos personagens do gênero, como Drácula (1931), Frankenstein (1931) e O Lobisomen (1941), introduzindo um novo universo sombrio que deu origem a todas as franquias do terror.

A ERA DE LON CHANEY JR. E O RETORNO DO TERROR

Os filmes da Múmia tiveram um forte retorno em 1940, com o lançamento de A Mão da Múmia (The Mummy’s Hand), filme que introduziu a história de dois arqueólogos que descobrem a tumba de uma princesa egípcia e passam a ser perseguidos por seus guardiões, um Alto Sacerdote (interpretado por Eduardo Ciannelli) e por uma múmia guardiã, interpretada por Tom Tyler.

A Mão da Múmia foi o primeiro de uma longa saga que rendeu outros três filmes: A Tumba da Múmia (1942), O Fantasma da Múmia e A Maldição da Múmia (ambos em 1944). Esses filmes seguiram a aventura da múmia Kharis, guardião da princesa egípcia, rumo à América como uma relíquia de uma escavação, e o terror que ela espalhou por lá. Substituindo Tom Tyler, Lon Chaney Jr. assumiu o papel de Kharis durante as três sequências e se imortalizou como um dos rostos mais conhecidos no papel da Múmia. Um dos nomes mais conhecidos do cinema de terror americano, Lon Chaney Jr. atuou nas principais franquias de terror do início do século, sendo seu papel mais conhecido o de Larry Talbot, no filme O Lobisomem. Chaney, porém, interpretou também a múmia e o Monstro de Frankenstein.


Lon Chaney Jr. como a Múmia

Em 1959, os clássicos de terror da Universal Pictures começaram a ser refeitos e ganharam nova vida no cinema a cores. Com remakes de Drácula e Frankenstein já realizados, a produtora britânica Hammer Film Productions iniciou os trabalhos no novo filme da Múmia. Estrelando os atores clássicos Peter Cushing (Star Wars) e Christopher Lee (Star Wars, O Senhor dos Anéis, Drácula, O Cão dos Baskervilles, 007 e o Homem da Pistola de Ouro, Tá bom ou quer mais? ), o remake reúne aspectos tanto do clássico de 1932 quanto da produção de 1940. Com seus quase dois metros de altura, uma bela maquiagem e uma atuação excepcional, Lee deu um novo rosto ao horror da Múmia, que perdura até hoje como um de seus grandes papéis.


Os astros Peter Cushing e e Christopher Lee (a múmia) no remake de 1959

A TRILOGIA DE BRENDAN FRASER

A Saga da múmia foi revivida em 1999, com um novo remake da história original. Estrelando Brendan Fraser e Rachel Weisz nos papéis principais do casal Rick O’Connell e Evelyn Carnahan, e introduzindo Arnold Vosloo no papel da múmia Ihmotep, o filme manteve aspectos do terror original, mas afastou-se do conceito clássico do terror e se tornou uma aventura, acrescentando alguns aspectos de comédia à história da múmia que retorna para semear as dez pragas do Egito no mundo e reviver sua amada, que ele acredita ser Evelyn.

Brendan Fraser, Rachel Weisz e Arnold Vosloo retornaram para um segundo filme da franquia, O Retorno da Múmia (The Mummy’s Returns, 2001). Anos após sua primeira aventura, Rick e Evelyn, agora casados e com um filho, Alex (Freddie Boath), são forçados a enfrentar a ira de Ihmotep e de sua amada reencarnada, Anck-Su-Namun (Patrícia Velasquez), que estão em busca de uma forma de reviver o temido Escorpião Rei (Interpretado pelo lutador Dwayne “The Rock” Johnson), que, com seu exército de Anúbis, teria o poder de destruir o mundo, de acordo com aquele que o despertasse.


Brendan Fraser e Arnold Vosloo

Mesmo não sendo os melhores filmes da grande franquia, A Múmia e O Retorno da Múmia fizeram sucesso suficiente para o lançamento de um terceiro filme, A Múmia – Tumba do Imperador Dragão (2008). Dessa vez, o filho de Rick e de Evelyn (agora interpretada por Maria Bello), Alex (Luke Ford), descobre uma tumba de um antigo imperador chinês, que detinha um exército invencível e imortal capaz de destruir o mundo. Agora despertado, o imperador (interpretado por Jet Li) planeja atravessar a muralha que detém seu exército de obter seu poder e, com ele, dominar o mundo. Cabe à família O’Connell, então, se aliar à misteriosa Lin e à sua mãe (interpretadas, respectivamente, por Isabella Leong e Michelle Yeoh) para terem uma chance contra esse mal terrível.

O NOVO REMAKE E A PROMESSA DO UNIVERSO SOMBRIO

O novo filme da franquia da múmia, já disponível nos cinemas, conta com a atuação de Tom Cruise e Russell Crowe, narra a história de um homem (Cruise) que, após descobrir uma prisão de uma antiga sacerdotisa (Sofia Boutella) e liberta o mal da múmia, supostamente morrendo em uma queda de avião. A múmia, porém, o mantém vivo para usá-lo em seus próprios projetos diabólicos.

O filme de 2017 é o primeiro em uma nova tentativa da Universal Pictures de reviver seus clássicos de terror em um novo universo sombrio. Tanto que o nome do personagem de Russell Crowe, Henry Jekyll, já remete ao personagem clássico de O Médico e o Monstro. Outros personagens futuros desse universo seriam Frankenstein (possivelmente Javier Bardem) e o Homem Invisível (Johnny Depp). Supostamente, esse novo universo teria se iniciado com Luke Evans e seu Drácula: A História Nunca Contada, mas o filme perdeu seu status de pontapé inicial para A Múmia. Ainda não se sabe se o Drácula de Luke Evans irá retornar em um novo filme dentro desse universo.


O novo elenco dos filmes do Universo Sombrio. Tom Cruise, Sofia Boutella e Russel Crowe são os primeiros a estrear

O SIGNIFICADO DA MÚMIA PARA O GÊNERO DO TERROR

Depois de tantos filmes e remakes, é difícil encontrar alguém que ainda sinta medo da Múmia e de sua história de maldição. Mesmo aquelas pessoas mais supersticiosas dificilmente irão engolir os efeitos especiais sobrenaturais desse novo filme. Tanto já se sabe sobre essa história que podemos prever as histórias e enredos montados nos filmes, e isso dificilmente abre espaço para o susto e o medo.

Nesse ponto, nos perguntamos: se o medo do personagem não existe mais, por que as produtoras continuam a reviver incansavelmente a Múmia? Simples: porque a múmia já apresenta um valor simbólico tão grande para a franquia do terror que é impossível deixar que esse valor morra. As produtoras sabem que, mesmo que o filme não seja bom ou não assuste, a menção da Múmia é algo que atrai o público mais fanático pelo terror. Reviver a Múmia, para a indústria cinematográfica, é como produzir a sétima continuação de A Hora do Pesadelo: não é um filme que ainda se espera que será bom, mas que se sabe que será comercialmente rentável. A discussão “se a história é boa ou não” não importa. Sempre é a mesma história, e é uma história boa. Ela é tão boa que resiste no cinema a quase um século, sempre associada ao mesmo gênero de filme, e que ainda atrai o público para os cinemas.


 

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