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ALLADIN E AS READAPTAÇÕES DESNECESSÁRIAS

  • Writer: Luís Henrique Franco
    Luís Henrique Franco
  • May 22, 2019
  • 6 min read


Nessa semana, chega aos cinemas uma versão em live-action do clássico desenho Aladdin, lançado em 1992 e que se tornou um dos maiores sucessos da empresa na época, acompanhando um astuto ladrão que, na busca por fazer uma princesa se apaixonar por ele, aceita um trabalho para o misterioso Jafar para recuperar uma lâmpada mágica, mas acaba ele próprio a usando e despertando um poderoso gênio que lhe concede três desejos.



A nova adaptação dessa história é a primeira de uma série de remakes em live-action de alguns dos principais títulos da Disney, entre os quais se incluem também Mulan e Rei Leão, ambos também animações extremamente famosas e queridas da Disney. Mas podem essas novas adaptações realmente bater os clássicos? Dificilmente, não porque as novas versões não sejam dotadas de nenhuma qualidade, mas porque o material no qual elas se baseiam é um dos maiores triunfos da Disney e uma sequência de animações que mais definiu uma geração inteira e ficou marcada na infância de um incontável número de pessoas.



NÃO MEXA NO QUE ESTÁ BOM


O maior problema dessas adaptações certamente está na readaptação de algo que não precisava ser readaptado. As animações da Disney sempre foram marcantes em qualquer época da história do cinema, mas as produzidas durante a década de 90 foram especialmente memoráveis e marcaram uma era de ouro para a companhia, além de servirem de inspiração para toda uma geração que agora, em torno de seus 20/30 anos, ainda se lembra desses filmes com muito amor e afeto.


Apenas isso já coloca um grande risco para as produções: como (e por que), fazer um novo filme inspirado em um enorme sucesso que consiga ser igual ao seu antecessor? Como você pega O Rei Leão, uma das animações de maior estima de todos os tempos, e recria essa mesma produção com o mesmo sucesso de antes? Como você cria algo a partir do já existente, acrescentando toques de novidade mas mantendo toda a trama em um nível que seja semelhante ao do material original para atrair o público?


Esse é o grande ponto dessas readaptações: elas veem de algo que já é aclamado pelo público, que já estabeleceu conexões profundas com toda uma geração e que já se tornou parte daquilo que chamamos de "clássicos". Pegar essas mesmas histórias e lançá-las novamente em um novo formato é confiar demais no lucro trazido pela nostalgia.


O maior exemplo disso em Aladdin talvez seja a substituição do Gênio. Por mais que Will Smith seja um ator talentoso e capaz de nos dar uma atuação firme, centrada e divertida, como ele pode substituir o grandioso Robin Williams? Como essa nova versão pode entrar no lugar de uma dublagem espetacular que basicamente definiu o Gênio de Aladdin por mais de vinte anos? É impossível para alguém que tenha acompanhado o trabalho de Williams ir assistir ao filme com Will e não comparar as duas atuações, ainda mais com um ar de saudosismo do falecido ator.




TANTAS OUTRAS OPÇÕES...


A realização de um live-action não é um problema em si. É até uma jogada interessante,trazer personagens animados à vida real e dar um ar de realidade a um filme que antes era pura magia sem, contudo, tirar a magia de dentro dele. Com um currículo de filmes como o da Disney, adaptar algumas de suas histórias, talvez algumas das mais antigas, parece um caminho natural a se percorrer para fazer renascer o interesse e o amor do público por esses clássicos.


Dito isso, voltamos àquela questão da nostalgia. Filmes como Aladdin, Rei Leão e Mulan se tornaram tão consagrados no catálogo da Disney, que realmente soa desnecessário produzir uma nova adaptação deles quando ainda existe um amor muito grande e muito vivo pelas versões animadas. Todos esses filmes são lembrados naturalmente ainda nos dias de hoje justamente pela magia de suas animações e por suas histórias sem igual. Em compensação, a própria Disney possui em sua história diversas outras opções de filmes menos celebrados, mas que poderiam dar ótimos live-actions.


Entre os mais famosos desses, O Corcunda de Notre-Dame poderia facilmente ser readaptado, trazendo toda a beleza e a seriedade de sua história para que um novo público possa entrar em contato com ela, alguns dos quais pela primeira vez na vida. E parte de porque isso poderia dar certo é o fato de que O Corcunda de Notre-Dame já é uma história um pouco mais série e centrada no real (tem uns gárgulas vivos ali, mas é um detalhe), o que torna uma adaptação live-action muito mais fácil.



Outros filmes, menos lembrados, que poderiam virar live-actions são Atlantis: O Reino Perdido e Planeta do Tesouro. Eu sei que pegar duas animações que, hoje em dia, são bastante desconhecidas, pode parecer um pouco arriscado, mas esses filmes, embora não tenham feito tanto sucesso como animações, possuem características interessantes que poderiam transformá-los em bons filmes de aventura extremamente apelativos, principalmente com o que os avanços em efeitos especiais dos dias de hoje podem fazer. Planeta do Tesouro pode não ser um filme lembrado de maneira positiva, mas só a sua trama já é suficiente para inspirar boas ideias para uma aventura de ficção científica.



É bem claro o porquê de a Disney ter escolhido alguns de seus desenhos clássicos mais famosos para readaptar, mas às vezes é melhor apostar no menos conhecido. Principalmente porque, considerando que os filmes acima citados não são tão conhecidos ou lembrados quanto os outros, uma readaptação não encontraria um público tão fã do material original e que com certeza fará comparações e críticas com relação às animações, dando mais espaço para a genuína surpresa e apreciação do seu público.



A FAMOSA CRISE DE IDEIAS


Havia uma época em que o cinema parecia se arriscar um pouco mais em relação a histórias e roteiros. Os filmes aparentavam ser mais originais, e mesmo aqueles que seguiam alguma fórmula de gênero já estabelecida pareciam ter algo novo para mostrar. Hoje em dia, a maioria dos filmes parecem repetir ideias já estabelecidas, acrescentando apenas alguns efeitos melhores. A atual grande presença de remakes é uma prova disso.


Ao trazer novas versões de alguns de seus desenhos clássicos, a Disney mostra que não está fora dessa crise e que está passando a se valer muito mais de sucessos do passado. Não à toa, a companhia também investe bastante em franquias como Star Wars e o Universo Marvel, sendo que essas são uma fonte segura de lucro devido ao enorme número de seus fãs. O mesmo se dá com as adaptações live-action.



É uma jogada segura, que serve para a companhia pois evita um risco desnecessário de um fracasso cinematográfico, e com certeza não será tão duramente criticada pelos fãs, que amam essas histórias e irão vê-las em suas novas versões. Mas é com certeza ruim para um cinema que, já há alguns anos, falha em trazer histórias com abordagens completamente originais. É difícil acreditar que essa maré irá passar algum dia, e com certeza não se pode culpar apenas a Disney por isso, mas o fato de que os próximos filmes da companhia serem essas readaptações só prova o quanto é difícil colocar ideias novas e frescas em andamento no cinema atual.



NEM TUDO PRECISA DE UMA NOVA VERSÃO


Existe um ditado bastante popular nos dias de hoje, que ganha força principalmente com todas as novas versões de franquias clássicas, passagens de mantos entre personagens e mudanças em histórias extremamente conhecidas de outros tempos. Ele diz "respeite o passado, abrace o futuro". É na realidade um ótimo ditado, pois prega o respeito mútuo ao que é novo e ao que é clássico e afirma que as pessoas precisam ter consciência do que foi feito no passado e respeitar o trabalho daquele momento, mas também precisam estar abertas ao que essas histórias têm de oferecer de novo.


É de extrema relevância que as novas adaptações também precisam ser respeitadas tanto quanto as originais, mas isso não significa que absolutamente tudo precisa de uma nova versão. Às vezes, apenas a versão clássica já é suficiente, principalmente porque essas novas versões precisam de novas ideias, precisam introduzir conceitos novos ao original, se não se tornam apenas uma repetição do que já foi feito. Isso vale inclusive para remakes. Eles não podem ser versões atualizadas da mesma história, eles precisam acrescentar algo novo que seja relevante, ou serão sempre esquecidas em detrimento da original.


Eu vejo os planos de readaptações da Disney, e a minha sensação é que tudo que será contado nesses novos filmes serão as mesmas histórias que a maioria de nós já viu quando crianças, e a única coisa nova nelas será o fato de que tudo será em live-action, o que não é algo tão bom assim. live-action implica o uso de efeitos especiais, e efeitos especiais nem sempre conseguem cativar o público da melhor maneira possível. Certamente não conseguirão nos fazer adorar o que estamos vendo da mesma maneira que as animações fizeram.



A Disney segue essa ideia desde o sucesso de A Bela e a Fera, e uma nova geração inteira irá entrar em contato com esses clássicos através das live-actions. O que não é uma coisa ruim. Essas são histórias realmente boas e que merecem ser transmitidas de geração em geração. Mas talvez fosse melhor que esse contato fosse feito a partir das animações originais. Talvez elas pudessem levar às crianças a um universo mais mágico, como a geração anterior foi levada, e dar mais sentido ao que elas estão assistindo.


Abraçar o futuro é e sempre será de vital importância, mas existem casos em que o passado é tudo o que precisamos.


 

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