NATASHA, PIERRE E A GRANDE ARTE DE COMOVER O PÚBLICO
- Carol Fung
- Oct 6, 2018
- 4 min read
Updated: May 21, 2019

O espetáculo “Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812” chega a São Paulo para emocionar o publico paulistano, que já é adepto de frequentar grandes musicais. Mas “O Grande Cometa” não é qualquer musical, ele é um musical interativo do começo ao fim e isso é um diferencial que te faz ficar vidrado na história que é longa e um pouco complicada de entender.
Inspirado em uma passagem da obra-prima "Guerra e Paz", de Leon Tolstói, o musical, criado pelo compositor norte-americano Dave Malloy, se tornou um grande sucesso logo em seu ano de estreia, com 12 indicações ao Tony Awards (o Oscar do teatro americano) de 2017, justamente por misturar tantos estilos distintos, já que conta uma história de amor, perdão e redenção.
O espetáculo começa no momento em que você entra na sala, que não é convencional. A sala de espetáculos é um bar, isso mesmo, você não vai entrar e ver 600 poltronas e um palco italiano. O palco são os balcões e o público senta no meio de várias “passarelas" que montam um espaço cênico interativo e curioso. Ao sentarmos somos surpreendidos por anfitriãs que vem conversar conosco com um sotaque russo e já chegam nos cumprimentando com palavras no próprio idioma. Essa recepção já nos ambienta e em certo momento você realmente acredita que saiu do país e está na Rússia antiga. Além disso, o cardápio inclui comidas e bebidas típicas do país, que apesar dos preços um pouco elevados, ajudam a completar essa experiência incrível que é entrar em contato com outra cultura.

Os atores entram, nos olham nos olhos, explicam que “isso é um teatro”, a história é confusa e são muitos personagens. Com muito humor, nos explicam sobre cada personagem e apesar de demorar um pouco para que você entenda a história, logo estamos presos à linda narrativa que é contada através da jornada da personagem principal: a jovem e bela Natasha.
Natasha é interpretada com maestria pela atriz Bruna Guerin, que é bastante conhecida por seus trabalhos em musicais. A atriz já fez "Hair", "O Mágico de Oz" e o seu trabalho mais recente foi como Kathy Selden (eternizada por Debbie Reynolds no cinema) em "Cantando Na Chuva", papel que rendeu a atriz uma indicação ao Prêmio Bibi Ferreira, o Tony brasileiro. Bruna traz a leveza necessária para a personagem, tanto na construção corporal quanto em sua voz, que é uma voz delicada e deliciosa de ouvir. Em certos momentos ela chega a parecer flutuar.
Gabriel Leone nos surpreende novamente com um vilão daqueles que dá gosto de assistir, "Anatol é gato” diz a música inicial, e posso garantir que isso não é nem um terço do que o define. O ator, conhecido por seus trabalhos na Globo, mostra todo o seu talento para a música e nos deixa com gostinho de quero mais. “Faça mais musicais, Gabriel!” foi o pedido que me deu vontade de fazer ao fim do musical.

Infelizmente não consegui assistir André Frateschi, que está sendo mega elogiado, como Pierre. Assisti com o seu substituto, o ator Thiago Perticarrari. Ao assisti-lo me lembrei de quando assisti "Wicked" na Broadway e tive a notícia de que o veria com Donna Vivino, a substituta. No início fiquei com aquele sentimento de “poxa, queria tanto ver com o titular”, mas logo em sua primeira cena eu agradeci por ter a chance de conhecer um talento tão gigante quanto o de Thiago, que me surpreendeu e emocionou, assim como Donna.
Há uma grande inteligência também na construção do programa do espetáculo, que tem um resumo de cada ato da peça para que você possa compreender a história que logo de início da um nó em sua cabeça.
Sobre a interatividade, posso dizer que nunca me senti tão em casa. Além da disposição dos assentos, e do olhar dos atores que apenas em poucos momentos nega a presença do público, em certo momento recebemos chocalhos para que possamos acompanhar o ritmo da música e fazermos parte da festa que é proposta na cena.

A peça conta ainda com um ensemble magnífico, composto por atores de alto nível, que ajuda a completar toda a beleza e individualidade de “O Grande Cometa”.
Com um começo confuso e um final que te faz transbordar “Natasha, Pierre e O Grande Cometa de 1812” está em cartaz de sexta às 21h30, Sábado às 16h00 e 21h30 e Domingo às 19h30 no 033 Rooftop no topo do Teatro Santander. Os ingressos custam de R$ 65 a R$ 160 e são vendidos pelo site Ingresso Rápido e na própria bilheteria do teatro. O espetáculo fica em cartaz até o dia 25 de Novembro e eu te garanto que você nunca viu nada igual, não perca a oportunidade.
Sinopse:
Natasha é uma bela e ingênua garota que visita Moscou enquanto aguarda que seu amado noivo Andrey volte da guerra. Em um momento de indiscrição, ela é seduzida pelo galanteador (mas já casado) Anatol e sua posição na sociedade é arruinada. Sua única esperança reside em Pierre, o solitário outsider cujo amor e compaixão por Natasha pode ser a chave para sua redenção... e para o renascimento de sua própria alma.
Confira:
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