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OSCAR 2020 - A MONTANHA RUSSA DE EMOÇÕES EM HISTÓRIA DE UM CASAMENTO

  • Writer: Lígia Franco
    Lígia Franco
  • Feb 5, 2020
  • 5 min read

Updated: Feb 6, 2020



História de um Casamento é um longa metragem do diretor e roteirista Noah Baumbach, produzido pela Netflix, que em Janeiro liderou as indicações ao Globo de Ouro, tendo sido indicado em seis categorias nessa premiação e levado o prêmio de melhor atriz coadjuvante para Laura Dern, que no filme interpreta a advogada Nora Fanshaw. Para a premiação do Oscar, o filme concorre nas categorias de Melhor Atriz, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Filme, Melhor Roteiro Original e Melhor Trilha Sonora Original.


“História de um Casamento” é um drama extremamente comovente. Temos ali a história de Nicole, interpretada por Scarlett Johansson; e Charlie, interpretado por Adam Driver; um casal que está em vias de se divorciar. Assistimos então a todo o longo desenrolar de um divórcio, que inclui as brigas e desentendimentos que levaram o casal a tomar tal decisão, suas subjetividades nesse processo, as pessoas envolvidas, seja o filho do casal, seja a família ou até mesmo a companhia de teatro na qual os dois trabalham, a disputa judicial pela guarda do filho e separação de bens, a mudança de cidade, a nova dinâmica que é aos poucos estabelecida, a compreensão do que significa essa separação que acontece de forma diferente para os dois.


O filme foi escrito por Noah Baumbach que teve como inspiração a sua própria separação com a atriz Jennifer Jason Leigh em 2013, e se inicia construindo para o espectador, através da leitura das cartas que Nicole e Charlie escrevem um para o outro, toda uma aura do que era o relacionamento desse casal, apresentando a intimidade e toda a subjetividade envolvida em pequenos gestos, como o corte de cabelo, as manias e personalidades que acabam por moldar o dinamismo daquele casal. Neste momento, nós enquanto espectadores nos apegamos àquela relação que se apresenta com tanta naturalidade e intimidade, para logo depois sermos jogados em meio ao processo de divórcio que está apenas no começo, criando aí já um impacto profundo, pois logo em seguida percebemos que toda aquela aura construída pertence ao passado.


O longa apresenta as perspectivas dos dois personagens de maneira muito equilibrada, cabendo à nós espectadores tomarmos um lado, o que também se torna complexo na medida em que compreendemos cada vez mais, conforme o filme avança, as motivações destes personagens. É um filme que nos pega profundamente porque o tema “separação de casais” é de alguma forma bastante universal, apresentando etapas que nós seres humanos já vivenciamos em algum grau: tendo estado num relacionamento que não deu certo ou estando próximo à um relacionamento que não deu certo. Como é dito por um dos personagens no filme, parece que estamos assistindo ao divórcio de nossos pais.



Na atuação, Scarlett e Adam são nada menos que incríveis. Há uma entrega muito grande ao papel, que é trabalhada ao longo da trama conforme o processo judicial da separação se torna também mais envolvente, complicado, gerando grandes reflexões e trazendo aos personagens emoções muito fortes. De início vemos a personagem de Scarlett já mais imersa no processo da separação, ela aparenta já ter passado pelos momentos iniciais de quando cai a ficha da separação iminente, já tem todos seus argumentos e a narrativa formada, culminando numa das cenas mais interessantes que ocorre quando Nicole procura a advogada Nora Fanshaw, brilhantemente interpretada por Laura Dern. É nesse momento que compreendemos toda a subjetividade envolvida para Nicole, como ela tem se visto e lidado com a relação ao longo dos anos.


Já o personagem de Adam Driver demora mais a compreender que ele está diante de uma separação. Uma das cenas que mais demonstra tal desconectividade por parte dele é quando ao chegar na casa de sua ex-sogra, Charlie age como se tudo continuasse a ser a mesma coisa de sempre até receber em mãos a intimação para dar um início oficial ao divórcio. O drama se intensifica, os dois iniciam uma disputa jurídica muito forte, principalmente em relação à guarda do filho, que mexe ainda mais com a frágil possibilidade de uma separação amigável. As questões burocráticas se tornam tão fortes que chegam a ofuscar as verdadeiras intenções do ex-casal. Nessas sequências vemos longos diálogos muito afiados por parte dos advogados, que acabam por condensar toda a raiva e mágoa contida no divórcio de Nicole e Charlie, mas que percebemos não ser um caso isolado nos processos de separação, afinal “clientes não passam de negócios”, como é dito por um dos advogados, uma crítica muito forte e bem construída pelo filme.



Tendo como características longos planos com bastante diálogo muito potentes, que se iniciam de forma mais superficial e vão ganhando uma grande profundidade ao longo da cena, trabalhando de forma primorosa com a encenação dos atores e gerando importantes reflexões. A misencene também se dá de forma extremamente natural, com movimentos ora mais explosivos, ora mais contidos, que guardam toda a potência energética da cena, aparecendo nos momentos chave do diálogo, trazendo uma dramaticidade ainda maior, assim como a mistura de sentimentos que, como numa montanha-russa, passa por raiva, tristeza, ironia, comicidade, saudade, numa única tomada, expressando um excelente trabalho da direção de Noah Baumbach e das atuações maravilhosas, assim como do próprio roteiro escrito pelo diretor. Um roteiro que não perde de vista as personagens, amarrado, que trabalha sempre trazendo a tona detalhes já anteriormente mencionados, com longos diálogos incríveis, extremamente naturais que exaltam mais uma vez a atuação.


A fotografia trabalha através de diferentes tipos de enquadramentos como planos mais abertos ou mais fechados e posicionamentos de câmera identificando uma aproximação ou distanciamento dos personagens, colocando-os no canto do quadro, com algo que os divida como uma parede, uma barra de ferro, lhes dando uma perspectiva de imponência ou diminuindo-lhes através de plongés e contra-plongés, foco e desfoco em momentos específicos que direcionam o olhar, assim como os movimentos de câmera, que trabalham totalmente a favor da atuação, apenas reenquadrando personagens e ações, não ofuscando o drama realista. Na montagem temos momentos de cortes rápidos que nos apresentam as reações dos personagens a determinadas situações que trazem a sensação de que estas são recorrentes na vida do antigo casal, ou que são atitudes já esperadas por ambas as partes. Apesar disso, a montagem é bem generosa quando permite um aprofundamento no discurso das personagens, lhes dando tempo o bastante para viajar entre as diferentes emoções suscitadas na cena e gerar grandes reflexões e críticas.


Enfim, o drama é intenso, realista, muito bem construído através de todos os seus elementos, seja fotografia, direção de arte, trilha sonora (que concorre também ao Oscar)... Mas ganha principalmente pela atuação dos personagens, pela entrega dos atores aos seus papeis, pela direção fortíssima de Noah e pelo roteiro muito bem escrito. Acredito eu que seja possível nessa edição Oscar 2020 que o filme leve o premio de melhor atriz coadjuvante e daria uma chance pra melhor roteiro também.


E você, o que achou de História de um Casamento? Deixe seus comentários sobre o filme e suas apostas para o Oscar! Confira o trailer do filme abaixo.




 

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