OSCAR 2020 - JOJO RABBIT: TAIKA WAITITI EM UM FILME
- Barbara Carmo
- Feb 8, 2020
- 2 min read

O diretor e roteirista Taika Waititi ficou conhecido pelo grande público por sua contribuição ao Universo Cinematográfico Marvel com Thor: Ragnarok (2017), o terceiro e quase que consensualmente considerado melhor filme solo do deus do trovão vivido por Chris Hemsworth. Os cinéfilos cuja a gama se expande além de Hollywood podem conhecê-lo por seus trabalhos anteriores e autorais tais como Incrível Aventura de Rick Baker (2016), O Que Fazemos Nas Sombras (2014) ou seu curta-metragem indicado ao Oscar de Melhor Curta de 2004 Two Cars, One Nigth (“Dois Carros, Uma Noite” em tradução livre) que seis anos mais tarde foi amadurecido no longa Boy (2010). Com um estilo de humor característico e roteiros que frequentemente abordam assuntos como infância - três de seis de seus filmes são protagonizados por crianças ou adolescentes -, relação (ou falta de) entre pais e filhos e minorias como protagonistas e heróis de sua própria história. Jojo Rabbit é exatamente o que podemos esperar de um filme de Taika Waititi e é completamente diferente de qualquer outra coisa que já se falou ou foi mostrada sobre o tema.

Logo nos primeiros segundos somos apresentados ao carismático Jojo (Roman Griffin Davis), um garoto responsável, ansioso para seu primeiro dia no acampamento onde ele espera fazer amigos e não tornar-se o alvo de piadas de seus colegas, algo completamente normal se o acampamento não pertencesse à Juventude Hitlerista e Jojo e seus colegas não fossem jovens crescidos sob a cega educação fascista do Terceiro Reich. É assim que Waititi nos coloca no seio da Berlim nazista durante o fim da Segunda Guerra Mundial. Jojo saltita pelas ruas, saudando todos com Sieg Hiels ao som de Beatles numa versão alemã de I Want To Hold Your Hand enquanto vemos uma montagem que mostra imagens de arquivo que compara os verdadeiros nazistas às groupies que perseguiam John Lennon e Paul McCartney pelas suas turnês. Caso a intenção de paródia não tenha ficado clara, Taika Waititi ajuda aos mais lerdos, vestindo-se ele mesmo como Führer na versão imaginária, amigável e definitivamente não-ariana criada por Jojo.

As atuações merecem grande destaque. Além de Scarlett Johansson, merecidamente indicada a Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel como Rosie Betzler, mãe de Jojo e a alma e coração deste filme, é preciso citar Sam Rockwell como Capitão Klenzendorf, um homem quebrado pela guerra e que parece saber o que o aguarda no final do túnel. Entre as crianças, ver o Yorki de Archie Yates é como receber um abraço do filme todas as vezes que o mesmo aparece em cena. Thomasin McKenzie também entrega um consistente trabalho de atuação, nos entregando uma complexa Elsa muitas vezes sem dizer nada.

No páreo em seis categorias sendo elas Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino, Melhor Direção de Arte e Melhor Montagem, além da já supracitada indicação a atuação de Scarlett Johansson, Jojo Rabbit tem chances de sair da noite com as mãos abanando. Se for agraciado durante a premiação, provavelmente seria por sua Direção de Arte “Wes Andersoniana”, que agrada a Academia e ao público igualmente. Porém, sendo Taika Waititi o homem que infamemente dormiu durante a cerimônia na qual previamente foi indicado, eu não acredito que ele irá se importar nem um pouco.
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