VINGADORES: ULTIMATO – ESTE É O FIM... E O COMEÇO

Foi uma jornada muito longa para chegarmos até aqui. Começou em 2008, quando Robert Downey Jr. vestiu pela primeira vez o manto de Homem de Ferro, e eu acredito que ninguém naquela época poderia sequer imaginar o quão longe e o quão grandioso o Universo Marvel se tornaria. Faz sentido. Nunca antes disso os filmes de super-heróis haviam feito tanto sucesso por tanto tempo, e mesmo que o título de melhor filme de heróis (segundo alguns, pelo menos) ainda possa pertencer ao icônico O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, a criação de um universo de enorme sucesso é um pouco diferente.

A Marvel fez o que nenhuma outra franquia conseguiu fazer até agora: entrelaçou vinte e dois filmes, produzidos ao longo de onze anos, em uma única história extremamente complexa e cheia de aventuras diferentes, personagens diferentes e locais diferentes. Somados, todos esses filmes compõem uma história que faz sentido, que une todos os possíveis aspectos de um mesmo universo e apresenta personagens em suas próprias lutas para no fim convergir em uma luta maior do que todas, a batalha final, preparada desde 2012, quando os primeiros heróis se uniram pela primeira vez.

O FIM DE UMA ERA

Steve Rogers. O rapaz fraco e doente que se tornou um herói, um soldado símbolo de sua nação, que foi congelado por mais de 70 anos e perdeu todos que conhecia, que viu o sistema pelo qual ele sempre lutara revelar seus podres e destruir o seu conceito de “preto e branco”, “bem e mal”, “bandeiras e nações”, que por fim o levaram a se tornar um justiceiro errante.

Tony Stark. O bilionário egocêntrico e líder de um império armamentista que foi quase morto e preso por terrorista, escapou em uma armadura e passou a usar seu conhecimento para tentar proteger o mundo, missão que o fez confrontar um mal gigantesco que o cercou de medo, dúvida e culpa, para por fim fazê-lo renascer como herói.

Thor. O deus asgardiano que, por sua arrogância, foi mandado para a Terra e aprendeu a conviver com os mortais e descobriu seu lugar no universo e junto de seu povo, para depois perder tudo o que mais amava e ser quase consumido pela vingança contra Thanos.

Bruce Banner. O cientista que convive com um monstro dentro de si, que aprendeu a controla-lo mas ainda se sente inseguro quanto a seu poder sobre ele, que nem sempre consegue suprimir sua raiva, o que o levou a fugir e se afastar dos demais, se tornar um campeão em outro planeta e depois ser humilhado pelo Titã Louco e não poder mais contar com seu alter-ego mais agressivo.

Viúva Negra. A espiã russa reformada com enormes problemas de confiança que passou de espionar os membros da equipe para atuar ao lado deles e se abrir, mesmo que vagarosamente, para eles, revelando seus segredos sem medo do que o mundo lhe diria, mas que nunca abandonou por completo seu lado de vigilante e renegada.

Clint Barton. O agente com o tiro certeiro, que já foi possuído e ferido, lutou ao lado de heróis muito mais poderosos que ele e prevaleceu em todas as lutas ao lado da equipe, unindo-os e incentivando-os quando era mais necessário.

Não dá para saber ainda quais deles vão sobreviver e quais irão morrer. É possível que todos partam em Endgame, é muito pouco provável que todos sobrevivam. Todos os que acompanharam a saga desses heróis se preparam para se despedir deles. E é uma despedida difícil, pois esses são os personagens que iniciaram essa longa caminhada, essa saga cheia de capítulos distintos. Eles que deram a cara desse Universo Cinematográfico e, mesmo que hoje em dia a presença de novos personagens tenha mostrado novas caras para o mesmo, ainda há muito nessa aventura que caminha por causa desses heróis. Ao mesmo tempo, porém, os arcos desses heróis tão queridos começam a se fechar, e a hora do adeus se aproxima.

O nosso sofrimento pela possibilidade da morte deles vem da evolução que presenciamos, do quanto eles mudaram desde seus primeiros filmes, de como cada aparição revelava um personagem mudado em algum sentido, com um ideologia diferente que reflete tudo pelo qual eles passaram, tudo o que enfrentaram, tanto sozinhos quanto em equipe. Se tem uma coisa que o Universo Marvel conseguiu fazer foi nos apresentar protagonistas que evoluíram demais ao longo desses onze anos, que conseguiram mudar de maneiras inimagináveis, mas que, ao mesmo tempo, seguiram arcos e tramas extremamente compreensíveis e bem arquitetados. Por tudo isso, a possibilidade de nunca mais vermos esses personagens que já nos marcaram tão intensamente é algo que nos preocupa tão profundamente.

THANOS: A NORMALIDADE SE ALTEROU

Uma coisa extremamente comum em todos os filmes da Marvel é a presença de um vilão, bom ou ruim, adorado ou odiado, que vê o mundo como é e deseja alterá-lo de alguma maneira, seja para seu próprio benefício egoísta ou porque ele está tomado por uma ideologia que considera certa para todos no planeta. Mas essas mudanças propostas geralmente são catastróficas para o mundo e para todas as pessoas.

É por isso que nossos heróis os enfrentam. Eles fazem parte de uma normalidade à qual visam defender, buscam não evitar toda e qualquer mudança, mas garantir que as mudanças propostas sejam realizadas de maneira equilibrada, sem drasticamente alterar toda a forma como vivemos de uma hora para a outra, como desejam os vilões, que são sempre aqueles que buscam alterar as coisas e se colocarem no topo.

Thanos não é muito diferente. Em sua busca pelas Joias do Infinito, ele é movido por uma visão de mudança radical, baseada em uma teoria que, para ele, se mostra mais que necessária: é preciso diminuir o número de seres no universo para que nossos recursos não se esgotem. Contudo, o que o diferencia dos demais vilões é que ele consegue realizar essa alteração. O estalar de dedos marca o momento em que a normalidade defendida pelos Vingadores se altera sob a visão do Titã Louco. Todo o universo é alterado em um piscar de olhos. Thanos foi bem-sucedido e, agora, é o guardião dessa nova “normalidade”.

Endgame já será diferente de todos os outros filmes da Marvel pela maneira como começa. Pela primeira vez, os heróis não iniciarão sua jornada no topo, mas no fundo do poço. Por anos, eles foram conseguiram completar a missão de suas vidas, mas agora, o fracasso paira sobre eles, a mudança drástica desse novo universo partirá deles. Não se trata mais da defesa da Terra, mas sim da sua restauração, ou se preferir...

“SE NÃO CONSEGUIRMOS DEFENDER A TERRA, PODE TER CERTEZA QUE A VINGAREMOS”

Eles devem isso. À metade do universo que se foi. Aos heróis que lutaram com eles e foram apagados. A todos os personagens que não mais se encontram ali. A toda vida existente, não só as da Terra, mas as de todo o universo.

Essa é a missão que foi dita desde a primeira vez que a equipe se reuniu, em 2012. Naquela época, Loki comandou uma invasão que fracassou quando se chocou contra os heróis. Anos depois, Ultron, tentou um mesmo ato de destruição, e fracassou da mesma forma. Thanos foi o único que foi bem-sucedido, o único que levou os Vingadores ao fracasso em sua missão de defender a Terra

Agora, é hora de vinga-la...

E isto faz com que esse filme carregue essa ideia de um final. Essa é a última parte da missão. A redenção de um grupo de heróis. A última luta para restaurar aqueles que caíram, fazê-los retornar, independentemente do custo que isso tenha sobre os personagens que sobraram. Para eles, é algo que eles devem a todos na Terra, e é uma dívida que eles pretendem pagar de qualquer maneira possível.

ONDE UMA ERA TERMINA, OUTRA COMEÇA

O final dessa primeira formação dos Vingadores estava previsto desde Guerra Civil, quando o grupo oficialmente se despedaça. Daquele momento, tornou-se apenas questão de tempo para que os heróis formadores desse universo se preparassem para a sua batalha final, uma reconciliação entre as partes para uni-los e prepara-los para o que estava por vir.

Não é à toa que, a partir desse ponto, na chamada Fase 3, o universo de heróis se expandiu de uma maneira inimaginável, trazendo novos personagens para protagonizarem seus filmes próprios em locais ainda não vistos, em missões que nada diziam respeito aos Vingadores. Já na Fase 2, o Homem-Formiga e os Guardiões da Galáxia entraram para dar o pontapé inicial dessa expansão, mas foi só na Fase 3 que entraram em cena Doutor Estranho, Vespa, Pantera Negra, Homem-Aranha, Capitã Marvel, Valquíria, entre outros. E mesmo que muitos desses heróis tenham desaparecido com o estalar de dedos, todos sabemos que eles vão voltar, porque são eles que irão continuar esse universo.

Nós vimos uma geração inteira de heróis crescerem e se tornarem defensores formidáveis da humanidade. Agora, surge uma nova força, um novo grupo, que assumirá o papel deixado por seus antecessores, de proteger a Terra e manter o universo Marvel em andamento. O que esperar desse novo ciclo que está prestes a se iniciar? Não se pode saber. Cada um deles tem a sua própria jornada para trilhar. Talvez, quem sabe, essas jornadas levem a uma nova legião de personagens, ainda por serem revelados.

Vingadores: Endgame já se encontra nos cinemas, prometendo muita ação, muitas emoções e algumas despedidas que irão ser extremamente tristes para os fãs. Mas em meio a essa tristeza, algo bom se revela: a continuação de um grande universo, e de uma grande franquia.

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